RES: [forum-prof] (no subject): letra da "introdução do hino"

Eduardo Monteiro emonteirobr at hotmail.com
Sun Jan 31 14:35:15 BRST 2010




Prezada Lilia, Prezado Felipe e demais Colegas:

Vou discorrer sobre assunto no qual não sou especialista, mas vamos lá:
A letra da introdução ao Hino não é original. Aliás, se não me engano, a Senhora lá do vídeo do Youtube não diz que era original. Ela só disse que a aprendeu.
Consultei até mesmo o oráculo (rsss) por conta dessa questão e o que se colocou é o seguinte: o original da letra do HNB está na Biblioteca Nacional e não contém esse texto da introdução. Aliás, que estilisticamente o que eu vou me permitir chamar de "penduricalho" da introdução nada tem a ver com o estilo do Osório Duque Estrada, não é preciso ser nenhum literato pra perceber.

Ainda bem que, dentre as muitas versões do texto do nosso Hino essa da introdução não sobreviveu, pois a meu ver é de péssimo gosto:

Espera o Brasil que todos cumprais o vosso dever, etc.

Faça-me o favor ... parece aula de Moral e Cívica dos maus tempos.

Até mesmo os versos abaixo, ainda que, esses sim, oficiais, não devem ser do ODE, pois entram apenas em um ponto onde, aqui pra nós, nosso Hino exibe uma certa fraqueza composicional. Trata-se de um elemento de ligação, constituído pela simples repetição, três vezes ao todo, de um mesmo acorde de sétima. Pra que não se ficasse simplesmente com uma pausa no canto, introduziu-se, não sei se com a concordância ou não do Poeta, muito provavelmente sim, os famosos versos:

Ó Pátria amada,

Idolatrada,

Salve! Salve!

No acompanhamento então, criou-se neste ponto, provavelmente por Assis Republicano, o autor do que eu chamaria de "arranjo" do Hino, uma ornamentação, na minha opinião de muito bom efeito, com rápidas escalas até o agudo, enriquecendo o antes pobre elemento de ligação.
Isso tudo acontece, pois sabemos que o Hino era para ter sido o de Leopoldo Miguez. Nosso povo não o aceitou, pois seu coração balançava mesmo é pelo tradicional. Assim, várias adaptações tiveram de ser feitas, com novo texto, cheio de anacolutos, é verdade, mas criado por um dos grandes poetas brasileiros daquele tempo. Esses anacolutos tiram a gente do chão, o que contrasta fortemente com a inclemente rítmica marcial da melodia. O efeito é sensacional, a meu ver.
Pra finalizar, quero deixar claro que amo nosso Hino, afinal amar é amar até mesmo os defeitos, não é mesmo? Vez por outra, dou uma passada com meus alunos, fazendo com que atentem para a correta execução de seu ritmo, não muito fácil, repassado a série de trinados da introdução, menos fácil ainda, e cuidando para que cumpram com as demandas de seu fraseado, com o que, tinha razão o Povo, sua melodia realmente entusiasma.

Abraços a todos

Eduardo Monteiro

> Date: Sun, 31 Jan 2010 13:25:03 -0200
> From: coelho at if.ufrj.br
> To: lissovsk at visualnet.com.br
> Subject: Re: RES: [forum-prof] (no subject): letra da	"introdução do hino"
> CC: forum-prof at listas.if.ufrj.br
> 
> Boa lembrança, Maurício.
> 
> E tem ainda o besteirol politicamente incorreto do Hino da Independência, que
> aprendi no Pedro II nos anos 60: "Japonês tem quatro filhos/Todos quatro
> aleijados/Um é surdo, o outro é mudo/E os outros dois são barrigudos/Um é
> surdo, o outro é mudo/Um é surdo, o outro é mudo/E os outros dois são
> barrigudos.". Ser barrigudo não é ser aleijado, mas como disse Drummond, é
> uma rima mas não uma solução...
> 
> Decorávamos muitos hinos, não sei se por herança estadonovista e
> desfilávamos no dia do soldado, 25 de agosto, cantando o hino do soldado: "A
> paz queremos com fervor/A guerra só nos causa dor/Porém se a pátria
> amada/for um dia ultrajada/lutaremos sem temor.
> Havia uma versão dele também: Cachaça queremos com limão...
> 
> A verdade é que no Brasil se acha que patriotismo é ensinar a crianças um
> monte de hinos, cheios de palavras e imagens incompreensíveis, ou entâo
> torcer pela seleção brasileira na copa do mundo, ou pior ainda, pelo
> Barrichelo na Fórmula 1. Patriotismo é fazer que o país seja livre terra, de
> livres irmãos, como diz o meu hino favorito.
> 
> Mais concretamente, a UFRJ pode até ter hino mas preferia muito mais que a
> Reitoria usasse sua energia para ter bancos de dados públicos que permitissem
> sua gestão e a prestação de contas à sociedade, para ter um boletim de
> eventos, para ter uma lista telefônica, de endereços e de e-mails, para ter
> uma estrutura de funcionamento com regras claras e sensatas do Departamento
> até a Reitoria, e para não termos mais pardieiros como o HESFA na Presidente
> Vargas ou a metade abandonada do HU. Acho que todos nós preferiríamos!
> 
> Abraços, Felipe
> 
> Quoting Mauricio Lissovsky <lissovsk at visualnet.com.br>:
> 
> > Essa parte sempre teve uma letra e desde anos 1930 cantava-se assim:
> > "laranja-da=china, laranja-da-china, laranja-da-china/abacate. Limão verde e
> > tangerina".
> >
> > Existe toda boa história aqui de porque uma parte suprimida da letra do hino
> > é trocada popularmente (por crianças e adolescentes, me particular) por um
> > pregão de feira.
> >
> > Porém, o mistério atual para mim é: O que foi feito da laranja-da-china?
> >
> > 		EM Mário de Andrade, podemos ler ("O Domador":
> >
> > "Laranja da China, laranja da China, laranja da China!
> > Abacate, cambucá e tangerina!"
> >
> > Com a presença deste "cambucá", que como meu pai não devia saber o que era,
> > trocava por "limão verde"
> >
> > Ainda que toda laranja -diz-se - tenha vindo da China (e torna esta falsa
> > introdução, provavelmente vingança de português), a verdade é que fora de
> > Portugal, parece só ter havido laranja-da-china em São Paulo.
> >
> > O MISTÉRIO PERMANECE...
> >
> >
> >
> >
> >
> > -----Mensagem original-----
> > De: forum-prof-bounces at if.ufrj.br [mailto:forum-prof-bounces at if.ufrj.br] Em
> > nome de coelho at if.ufrj.br
> > Enviada em: sábado, 30 de janeiro de 2010 15:47
> > Para: forum-prof at listas.if.ufrj.br
> > Assunto: [forum-prof] (no subject)
> >
> > Não sabia dessa parte do hino, Lilia! Acabei de ver na Wikipídia e esse
> > parte
> > existiu mas foi retirada:
> > http://pt.wikipedia.org/wiki/Hino_Nacional_Brasileiro
> > . Só aqui mesmo...
> >
> > Pensando bem em Portugal houve algo pior. Começa que o lindo hino "Heróis de
> > mar, nobre povo/nação valente, imortal./Levantai hoje de novo/o esplendor de
> > Portugal!" tem três partes mas só se canta a primeira, essa era a que eu
> > conhecia quando pequeno pois sou de família portuguesa:
> > http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Portuguesa .
> >
> > A segunda coisa é que, igual ao hino da mocidade acadêmica de São Paulo, ele
> > queria lutar contra os bretões. Isto acontecia devido a um conflito sério no
> > que é hoje Zimbabwe e Zâmbia,que os portugueses consideravam parte dio
> > Império, ligando Moçambique a Angola. Enquanto isso os "bretões" queriam
> > essas regiões, eram mais fortes e as conquistaram, com os portugueses tendo
> > que se dar por satisfeitos por não terem perdido também Angola e Moçambique.
> >
> > O estribilho, repetido ao fim de cada parte, era:
> >
> > Às armas, às armas!
> > Sobre a terra, sobre o mar,
> > Às armas, às armas!
> > Pela patria lutar!
> > Contra os Bretões marchar!
> >
> > Numa nova versão da letra o estribilho ficou:
> >
> > Às armas, às armas!
> > Sobre a terra, sobre o mar,
> > Às armas, às armas!
> > Pela Pátria lutar
> > Contra os canhões marchar, marchar!
> >
> > Marchar contra os canhões sempre me pareceu idiota, mas só hoje descobri que
> > isso era uma maquiagem.
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