RES: [forum-prof] (no subject): letra da "introdução do hino"
Mauricio Lissovsky
lissovsk at visualnet.com.br
Sun Jan 31 23:03:41 BRST 2010
Pessoal,
Há muito tempo que não temos um debate tão interessante como este no nosso
fórum. E, como agora, é de entusiasmo que se trata (o e-mail do Eduardo
Monteiro excelente me abriu o apetite) quero confessar de público que o
hino também me entusiasma. Em particular, a parte da tuba. Há muitos anos
que, em todas as cerimônias que participo formaturas da UFRJ, por exemplo
só canto a parte da tuba (A introdução é assim: Pom... pom... pom...)
Quem duvidar é só ler os meus lábios.
Na formatura da minha filha (ensino médio), meus filhos me viram pela
primeira vez entoando a parte da tuba e ficaram espantadíssimos.
Fiz o fundamental e o médio no tempo da ditadura e era proibidíssmo cantar
na parte instrumental (assim como na tal versão para banda que não tem
repetição). Creio que depois da constituição de 1988, não há nada que impeça
o cidadão patriota e entusiasmado de cantar uma parte da banda em vez da do
coro.
Imagino que haja outros que, como eu, identifiquem-se mais com um dos
instrumentos do que com o que foi destinado à voz humana.
Estou particularmente interessado em alguém que só cante a parte do prato
(splash... splash!). Trabalho pouco, mas é de grande impacto.
Abs a todos,
Mauricio L
De: forum-prof-bounces at if.ufrj.br [mailto:forum-prof-bounces at if.ufrj.br] Em
nome de Eduardo Monteiro
Enviada em: domingo, 31 de janeiro de 2010 14:35
Para: forum-prof at listas.if.ufrj.br
Assunto: RES: [forum-prof] (no subject): letra da "introdução do hino"
Prezada Lilia, Prezado Felipe e demais Colegas:
Vou discorrer sobre assunto no qual não sou especialista, mas vamos lá:
A letra da introdução ao Hino não é original. Aliás, se não me engano, a
Senhora lá do vídeo do Youtube não diz que era original. Ela só disse que a
aprendeu.
Consultei até mesmo o oráculo (rsss) por conta dessa questão e o que se
colocou é o seguinte: o original da letra do HNB está na Biblioteca Nacional
e não contém esse texto da introdução. Aliás, que estilisticamente o que eu
vou me permitir chamar de "penduricalho" da introdução nada tem a ver com o
estilo do Osório Duque Estrada, não é preciso ser nenhum literato pra
perceber.
Ainda bem que, dentre as muitas versões do texto do nosso Hino essa da
introdução não sobreviveu, pois a meu ver é de péssimo gosto:
Espera o Brasil que todos cumprais o vosso dever, etc.
Faça-me o favor ... parece aula de Moral e Cívica dos maus tempos.
Até mesmo os versos abaixo, ainda que, esses sim, oficiais, não devem ser do
ODE, pois entram apenas em um ponto onde, aqui pra nós, nosso Hino exibe uma
certa fraqueza composicional. Trata-se de um elemento de ligação,
constituído pela simples repetição, três vezes ao todo, de um mesmo acorde
de sétima. Pra que não se ficasse simplesmente com uma pausa no canto,
introduziu-se, não sei se com a concordância ou não do Poeta, muito
provavelmente sim, os famosos versos:
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
No acompanhamento então, criou-se neste ponto, provavelmente por Assis
Republicano, o autor do que eu chamaria de "arranjo" do Hino, uma
ornamentação, na minha opinião de muito bom efeito, com rápidas escalas até
o agudo, enriquecendo o antes pobre elemento de ligação.
Isso tudo acontece, pois sabemos que o Hino era para ter sido o de Leopoldo
Miguez. Nosso povo não o aceitou, pois seu coração balançava mesmo é pelo
tradicional. Assim, várias adaptações tiveram de ser feitas, com novo texto,
cheio de anacolutos, é verdade, mas criado por um dos grandes poetas
brasileiros daquele tempo. Esses anacolutos tiram a gente do chão, o que
contrasta fortemente com a inclemente rítmica marcial da melodia. O efeito é
sensacional, a meu ver.
Pra finalizar, quero deixar claro que amo nosso Hino, afinal amar é amar até
mesmo os defeitos, não é mesmo? Vez por outra, dou uma passada com meus
alunos, fazendo com que atentem para a correta execução de seu ritmo, não
muito fácil, repassado a série de trinados da introdução, menos fácil ainda,
e cuidando para que cumpram com as demandas de seu fraseado, com o que,
tinha razão o Povo, sua melodia realmente entusiasma.
Abraços a todos
Eduardo Monteiro
> Date: Sun, 31 Jan 2010 13:25:03 -0200
> From: coelho at if.ufrj.br
> To: lissovsk at visualnet.com.br
> Subject: Re: RES: [forum-prof] (no subject): letra da "introdução do hino"
> CC: forum-prof at listas.if.ufrj.br
>
> Boa lembrança, Maurício.
>
> E tem ainda o besteirol politicamente incorreto do Hino da Independência,
que
> aprendi no Pedro II nos anos 60: "Japonês tem quatro filhos/Todos quatro
> aleijados/Um é surdo, o outro é mudo/E os outros dois são barrigudos/Um é
> surdo, o outro é mudo/Um é surdo, o outro é mudo/E os outros dois são
> barrigudos.". Ser barrigudo não é ser aleijado, mas como disse Drummond, é
> uma rima mas não uma solução...
>
> Decorávamos muitos hinos, não sei se por herança estadonovista e
> desfilávamos no dia do soldado, 25 de agosto, cantando o hino do soldado:
"A
> paz queremos com fervor/A guerra só nos causa dor/Porém se a pátria
> amada/for um dia ultrajada/lutaremos sem temor.
> Havia uma versão dele também: Cachaça queremos com limão...
>
> A verdade é que no Brasil se acha que patriotismo é ensinar a crianças um
> monte de hinos, cheios de palavras e imagens incompreensíveis, ou entâo
> torcer pela seleção brasileira na copa do mundo, ou pior ainda, pelo
> Barrichelo na Fórmula 1. Patriotismo é fazer que o país seja livre terra,
de
> livres irmãos, como diz o meu hino favorito.
>
> Mais concretamente, a UFRJ pode até ter hino mas preferia muito mais que a
> Reitoria usasse sua energia para ter bancos de dados públicos que
permitissem
> sua gestão e a prestação de contas à sociedade, para ter um boletim de
> eventos, para ter uma lista telefônica, de endereços e de e-mails, para
ter
> uma estrutura de funcionamento com regras claras e sensatas do
Departamento
> até a Reitoria, e para não termos mais pardieiros como o HESFA na
Presidente
> Vargas ou a metade abandonada do HU. Acho que todos nós preferiríamos!
>
> Abraços, Felipe
>
> Quoting Mauricio Lissovsky <lissovsk at visualnet.com.br>:
>
> > Essa parte sempre teve uma letra e desde anos 1930 cantava-se assim:
> > "laranja-da=china, laranja-da-china, laranja-da-china/abacate. Limão
verde e
> > tangerina".
> >
> > Existe toda boa história aqui de porque uma parte suprimida da letra do
hino
> > é trocada popularmente (por crianças e adolescentes, me particular) por
um
> > pregão de feira.
> >
> > Porém, o mistério atual para mim é: O que foi feito da laranja-da-china?
> >
> > EM Mário de Andrade, podemos ler ("O Domador":
> >
> > "Laranja da China, laranja da China, laranja da China!
> > Abacate, cambucá e tangerina!"
> >
> > Com a presença deste "cambucá", que como meu pai não devia saber o que
era,
> > trocava por "limão verde"
> >
> > Ainda que toda laranja -diz-se - tenha vindo da China (e torna esta
falsa
> > introdução, provavelmente vingança de português), a verdade é que fora
de
> > Portugal, parece só ter havido laranja-da-china em São Paulo.
> >
> > O MISTÉRIO PERMANECE...
> >
> >
> >
> >
> >
> > -----Mensagem original-----
> > De: forum-prof-bounces at if.ufrj.br [mailto:forum-prof-bounces at if.ufrj.br]
Em
> > nome de coelho at if.ufrj.br
> > Enviada em: sábado, 30 de janeiro de 2010 15:47
> > Para: forum-prof at listas.if.ufrj.br
> > Assunto: [forum-prof] (no subject)
> >
> > Não sabia dessa parte do hino, Lilia! Acabei de ver na Wikipídia e esse
> > parte
> > existiu mas foi retirada:
> > http://pt.wikipedia.org/wiki/Hino_Nacional_Brasileiro
> > . Só aqui mesmo...
> >
> > Pensando bem em Portugal houve algo pior. Começa que o lindo hino
"Heróis de
> > mar, nobre povo/nação valente, imortal./Levantai hoje de novo/o
esplendor de
> > Portugal!" tem três partes mas só se canta a primeira, essa era a que eu
> > conhecia quando pequeno pois sou de família portuguesa:
> > http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Portuguesa .
> >
> > A segunda coisa é que, igual ao hino da mocidade acadêmica de São Paulo,
ele
> > queria lutar contra os bretões. Isto acontecia devido a um conflito
sério no
> > que é hoje Zimbabwe e Zâmbia,que os portugueses consideravam parte dio
> > Império, ligando Moçambique a Angola. Enquanto isso os "bretões" queriam
> > essas regiões, eram mais fortes e as conquistaram, com os portugueses
tendo
> > que se dar por satisfeitos por não terem perdido também Angola e
Moçambique.
> >
> > O estribilho, repetido ao fim de cada parte, era:
> >
> > Às armas, às armas!
> > Sobre a terra, sobre o mar,
> > Às armas, às armas!
> > Pela patria lutar!
> > Contra os Bretões marchar!
> >
> > Numa nova versão da letra o estribilho ficou:
> >
> > Às armas, às armas!
> > Sobre a terra, sobre o mar,
> > Às armas, às armas!
> > Pela Pátria lutar
> > Contra os canhões marchar, marchar!
> >
> > Marchar contra os canhões sempre me pareceu idiota, mas só hoje descobri
que
> > isso era uma maquiagem.
> >
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