[forum-prof] isso não é ciencia,

[Luiz Eduardo email]

At 22:11 11/1/2010 -0200, you wrote:
>Leandro:
>
>Há uns 30 anos, o Prof. Catedrático Bernardo Mascarenhas da Escola 
>de Química leu num congresso de engenharia química os títulos de 
>algumas teses de mestrado e motivou boas gargalhadas na platéia 
>formada de profissionais atuantes nas empresas...
>
>AZ




Abraham,

Entendo que os temas das teses não são o problema.
Teses são relatórios de experimentos de alunos de posgrad.

Teses deveriam ser vistas apenas como um exercício de treinamento 
para produção de conhecimento
(e não necessariamente produção de conhecimento em si, de imediato).

No caso do mestrado, a tese...
é um exercício para comprovar que o aluno sabe conduzir e RELATAR 
científica uma pesquisa.
Sabe fazer revisão bibliográfica...
sabe conduzir um experimento...
apresentar e discutir resultados
etc.
APENAS ISSO.

Isso eu escrevi na abertura de minha tese de mestrado, na UNICAMP... 
décadas atrás...
e a UNICAMP me obrigou a arrancar essa página.
Ou eu arrancava...
ou eles não me deixariam defender a tese.

Ora, minha tese era mediocre...
mais ou menos mediocre como todas as outras...
e eu não queria que um dia pensassem que, ao escrever aquela mediocridade...
eu estivera imaginando estar produzindo um enorme conhecimento.
Não estava.

Em Nutrição e Food Science... talvez seja mais visivel a mediocridade temática.
Há um confronto imediato e violento entre as melecas que pesquisam na 
academia...
e o que de verdade é colocado no mercado.

Nossas teses são sobre uso de soja, de sorgo, de farinha de peixe, de 
proteína de uréia fermentada por micróbios...
em panificação
(e o Globo Reporter adora essas excentricidades tacanhas)...
De outro lado...
no mercado...
o que transcorre são as multis inventando aditivos miraculosos...
pra fazer pão mediocre...
passar por pão italiano fake... no Talho Capixaba e no Garcia e Rodrigues
(não sei se tem filial em Braz de Pina... sorry).

Macarrão de milho...
Vaca Mecânica para Leite de Soja...
uma infinidade de mediocridades criminosas são objeto das teses nas 
universidades...
e nos sumários das revistas Qualis A.

Nada disso me incomoda, me ofende...
exceto uma coisa.

Por mim...
podem pesquisar essas ridicularidades a vontade.
NÃO ESTOU AQUI PARA OBRIGAR NINGUEM A ANDAR DE BICICLETA NO CAMPUS.

O que não pode é querer (antes calar e agora) punir quem não se verga 
e se adapta a esses arroubos de "cientistas juvenis de arrabalde".


ISSO NÃO É CIENCIA.

PESQUISAR O GENOMA DO AMARELINHO NÃO É CIENCIA.

Detectar o nível de cádmio nos mariscos de Guaratiba... não é ciencia.

Determinar o teor de betacaroteno na cenoura variedade transgênica Rb 
não é ciência.

Pesquisar o nível sérico de vitamina A em desnutridos do Timbau...
isso é crime...
isso é violação de direitos humanos...
isso é crime hediondo...
isso não é ciencia.

Lília...
não se trata de opinião de um mal humorado.
ISSO É UM FATO.

Se você não concorda... pobrema seu.
VOCÊ ESTÁ TOTALMENTE EQUIVOCADA.


Muito disso pode ser tolerado como material de exercício de alunos de 
posgrad...
sendo treinados para um diz produzir ciencia.

MAS ISSO AÍ NÃO É CIENCIA.
ISSO AÍ NÃO PODE SER CONTABILIZADO COMO PRODUÇÃO CIENTÍFICA.


Aliás... quem anda contando coliforme fecais em ostras...
falemos sério...
não tem envergadura para opinar em política científica.


L.E.









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