[forum-prof] Corte nas 15,3 mil bolsas-Produtiv CNPq
LuizEduardo2
luizeduardo2 at infolink.com.br
Thu Jan 29 01:38:48 BRST 2009
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27 de janeiro de 2009
Editoriais
Ciência paroquial
Merece repúdio ação parlamentar que desviou recursos de programas de
pesquisa, em benefício de suas bases eleitorais
COM UM MÊS de atraso, a comunidade científica levantou-se em protesto
contra cortes realizados pelo Congresso no orçamento de 2009 para o
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). O ministro Sergio Machado
Rezende qualificou como irresponsabilidade a retirada de um quarto
dos R$ 6 bilhões da proposta original do Executivo, pois até
bolsistas seriam prejudicados. Toda essa reação soa um tanto exagerada.
Não se efetivará, ao que consta, a suspensão de bolsas do CNPq
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Em
nota, ontem, o MCT informou que a área econômica do governo federal
já se comprometeu a adicionar ao orçamento do setor os R$ 180 milhões
das bolsas, por meio de reservas de contingência.
Em mais um sinal de que a situação das bolsas não é alarmante, no
final da semana passada a mesma pasta anunciou novas 3.230 bolsas de
produtividade em pesquisa, espécie de bônus pago aos cientistas mais
bem-avaliados. O CNPq conta agora com 12.100 bolsistas do gênero, 18%
mais que em 2008.
O corte anunciado, de resto, não significará nenhum desastre para o
ministério. A subtração de R$ 1,2 bilhão da proposta do Executivo
mantém o orçamento de 2009 no patamar de 2008. Não é espantoso que
seja assim, diante da perspectiva de quebra na arrecadação de
tributos. Por outro lado, frustra-se mais uma vez o cumprimento da
promessa de receitas crescentes para ciência.
O governo Lula assumira o compromisso de zerar até 2010 a prática
tradicional de contingenciar recursos de fundos setoriais, criados
justamente para dar previsibilidade ao fomento da pesquisa. Com a
iniciativa do Congresso, as verbas deixam de crescer como se previa.
Mas não se deve esquecer que o próprio Sergio Rezende dizia, há três
meses, que não faltam recursos na área, e sim agilidade e competência
para fazer uso das verbas.
É compreensível que entidades como a Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC)
lutem para recompor o orçamento previsto. Ao MCT, além disso, cabe a
tarefa de continuar zelando para que os recursos adicionais sejam
alocados em estrita observância das regras de mérito, aferido por
comitês independentes, sem margem para politização.
Há, contudo, um problema sério, embora de outra ordem, com os cortes
feitos pelo Congresso. Um dos setores mais prejudicados foi o
programa espacial, que perdeu 35% da verba prevista. Em contraste,
programas acessórios e de apelo paroquial para deputados e senadores,
como os voltados para inclusão social e digital, saltaram de R$ 41
milhões para R$ 424 milhões.
Os parlamentares cortaram verbas em atividades-fim, como o programa
espacial, e aumentaram as dotações numa área em que se concentram
suas emendas de interesse eleitoral. Eis aí uma distorção grave, que
merece o protesto mais veemente e aberto do Ministério da Ciência e
Tecnologia, da comunidade científica -e de toda a sociedade.
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