Re: [forum-prof] Professores repudiam ataque contra Universidade de Gaza

marccosta marccosta at terra.com.br
Wed Jan 7 12:52:24 BRST 2009


Querido Felipe,
como de hábito, você engrandece as discussões com tua grande curiosidade e conhecimento histórico. Tenho ceteza que Simon ficaria contente em veicular tua resposta através de seu blog. Sugiro que encaminhe a ele, ou, caso me autorize, posso faze-lo.
Grande abraço,
Marcio
De:forum-prof-bounces at if.ufrj.br

Para:"marccosta" marccosta at terra.com.br

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Data:Wed, 7 Jan 2009 01:12:54 -0200 (BRST)

Assunto:Re: [forum-prof] Professores repudiam ataque contra Universidade de Gaza

> Oi Marcio,
> respeito muito o Bernard Sorj e o Simon Schwartzman mas os números deles
> contradizem um pouco os do serviço estatístico de Israel. Este fala em 160
> mil em 1949 que viraram 1,45 milhões em 2007 (aumento de um fator 9,0).
> Com a expulsão de 600 mil não-judeus, os judeus, com 1 milhão em 1949,
> ficaram em clara maioria em Israel. Em 2007 são 5,5 milhões de judeus
> (aumento de um fator 5,5). O site é meio chatinho mas faz anos que o tenho
> "linkado": 
> http://www1.cbs.gov.il/ts/databank/series_func_e_v1.html?level_1=2&level_2=1&level_3=1
> 
> A expulsão desses não-judeus claramente não resolveu o problema de ter um
> estado de maioria judia, pois evidentemente parte do crescimento da
> população judia veio da imigração e outra parte da natalidade enquanto
> todo o não-judeu veio da natalidade, mas mesmo assim o segundo é bem maior
> que o primeiro. Se (e esse é um grande "se") essa tendência continuar em
> cerca de um século Israel terá maioria não-judia. E isto sem considerar a
> população dos territórios ocupados que deveria ter ou nacionalidade
> israelense ou nacionalidade palestina. Na verdade a proposta da OLP era um
> estado laico na antiga Palestina britânica, e Israel vai ter que se tornar
> isso em 100 anos. A natalidade dos não-judeus é maior do que a dos judeus
> pois os primeiros são mais pobres, isto ocorre no mundo todo. E nos judeus
> o crescimento maior é o dos judeus de origem árabe, os judeus orientais,
> que também são mais pobres que os judeus europeus.
> 
> Deve ser doloroso para inúmeros judeus progressistas e democráticos verem
> no que Israel se tornou. Concordo que Israel não fez genocídio em larga
> escala como os nazistas mas aplica de forma controlada o terrorismo de
> estado. Essa foi a estratégia do inglês Crommwel, que se denominava o
> escolhido de Deus, ele conquistou a Irlanda no século XVII com um exército
> pequeno, simplesmente matando todos os habitantes de duas aldéias, 3 mil
> pessoas, e gerando tal terror que todas as aldeias e cidades se renderam a
> ele. Duzentos e cinquenta anos depois os irlandeses recuperaram a
> liberdade de uma colonização brutal, em que perderam todas as terras e os
> direitos civis. Os ingleses tentaram então um estado de ampla maioria
> protestante na Irlanda do Norte. Hoje, 80 anos depois, a população da
> Irlanda do Norte está dividida meio a meio e os protestantes de lá também
> foram obrigados pelo IRA e pela demografia a fazer a paz com os católicos.
> 
> Se Israel quer durar precisa aprender das experiências do Crommwell e do
> "estado de maioria protestante", onde essa maioria se evaporou em menos de
> um século. No Líbano, criado pelos franceses para ter maioria cristã essa
> maioria também se evaporou em menos de um século. E quando se evapora,
> precisa haver boa vontade entre as partes, como acabou acontecendo na
> Irlanda do Norte, ou então se resolve na guerra civil, como no Líbano.
> 
> Torço para que Israel queira durar, pois muito da cultura mundial vem do
> judaísmo, mas tudo indica o contrário. Não só a decisão de matar 100
> árabes para cada judeu (a idéia nazista usual) como pelas declarações de
> humor negro dos políticos israelenses de que estão matando os palestinos
> porque gostam deles mostra que eles não consideram os palestinos como
> humanos. A última invasão do Líbano foi considerada em Israel um grande
> fiasco pois esta relação ficou em 10 para 1. Claro que um nacionalismo
> fascista desse, inclusive elegendo Begin e Sharon, gera nacionalismos
> fascistas de contrapartida, a história européia tem vários exemplos.
> Israel está gerando diversos nacionalismos tão radicais quanto o dela,
> perdeu 15 anos em que se recusou a implementar o acordo de Oslo, e agora
> ela tem pouco tempo para fazer a paz e a autocrítica. E terá que fazer
> isso com a presença cada vez mais intensa desses nacionalismos
> intolerantes que gerou.
> 
> Só uma grande discordância com o Symon: o ultra-direitista Sharon não foi
> eleito devido ao terrorismo palestino mas devido a um massacre de
> palestinos em Jerusalem, em protesto contra a presença desse genocida na
> parte árabe da cidade. Esse massacre levou a um protesto armado pois o
> massacre não foi punido pelo governo. E não foi punido pois parte da
> sociedade israelense aplaude matar árabes. Essa mesma sociedade depois
> elegeu o Sharon, o que é bem condizente, mas muito preocupante.
> 
> Abraços
> 
> 
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