[forum-prof] Professores repudiam ataque contra Universidade de Gaza
coelho at if.ufrj.br
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Wed Jan 7 01:12:54 BRST 2009
Oi Marcio,
respeito muito o Bernard Sorj e o Simon Schwartzman mas os números deles
contradizem um pouco os do serviço estatístico de Israel. Este fala em 160
mil em 1949 que viraram 1,45 milhões em 2007 (aumento de um fator 9,0).
Com a expulsão de 600 mil não-judeus, os judeus, com 1 milhão em 1949,
ficaram em clara maioria em Israel. Em 2007 são 5,5 milhões de judeus
(aumento de um fator 5,5). O site é meio chatinho mas faz anos que o tenho
"linkado":
http://www1.cbs.gov.il/ts/databank/series_func_e_v1.html?level_1=2&level_2=1&level_3=1
A expulsão desses não-judeus claramente não resolveu o problema de ter um
estado de maioria judia, pois evidentemente parte do crescimento da
população judia veio da imigração e outra parte da natalidade enquanto
todo o não-judeu veio da natalidade, mas mesmo assim o segundo é bem maior
que o primeiro. Se (e esse é um grande "se") essa tendência continuar em
cerca de um século Israel terá maioria não-judia. E isto sem considerar a
população dos territórios ocupados que deveria ter ou nacionalidade
israelense ou nacionalidade palestina. Na verdade a proposta da OLP era um
estado laico na antiga Palestina britânica, e Israel vai ter que se tornar
isso em 100 anos. A natalidade dos não-judeus é maior do que a dos judeus
pois os primeiros são mais pobres, isto ocorre no mundo todo. E nos judeus
o crescimento maior é o dos judeus de origem árabe, os judeus orientais,
que também são mais pobres que os judeus europeus.
Deve ser doloroso para inúmeros judeus progressistas e democráticos verem
no que Israel se tornou. Concordo que Israel não fez genocídio em larga
escala como os nazistas mas aplica de forma controlada o terrorismo de
estado. Essa foi a estratégia do inglês Crommwel, que se denominava o
escolhido de Deus, ele conquistou a Irlanda no século XVII com um exército
pequeno, simplesmente matando todos os habitantes de duas aldéias, 3 mil
pessoas, e gerando tal terror que todas as aldeias e cidades se renderam a
ele. Duzentos e cinquenta anos depois os irlandeses recuperaram a
liberdade de uma colonização brutal, em que perderam todas as terras e os
direitos civis. Os ingleses tentaram então um estado de ampla maioria
protestante na Irlanda do Norte. Hoje, 80 anos depois, a população da
Irlanda do Norte está dividida meio a meio e os protestantes de lá também
foram obrigados pelo IRA e pela demografia a fazer a paz com os católicos.
Se Israel quer durar precisa aprender das experiências do Crommwell e do
"estado de maioria protestante", onde essa maioria se evaporou em menos de
um século. No Líbano, criado pelos franceses para ter maioria cristã essa
maioria também se evaporou em menos de um século. E quando se evapora,
precisa haver boa vontade entre as partes, como acabou acontecendo na
Irlanda do Norte, ou então se resolve na guerra civil, como no Líbano.
Torço para que Israel queira durar, pois muito da cultura mundial vem do
judaísmo, mas tudo indica o contrário. Não só a decisão de matar 100
árabes para cada judeu (a idéia nazista usual) como pelas declarações de
humor negro dos políticos israelenses de que estão matando os palestinos
porque gostam deles mostra que eles não consideram os palestinos como
humanos. A última invasão do Líbano foi considerada em Israel um grande
fiasco pois esta relação ficou em 10 para 1. Claro que um nacionalismo
fascista desse, inclusive elegendo Begin e Sharon, gera nacionalismos
fascistas de contrapartida, a história européia tem vários exemplos.
Israel está gerando diversos nacionalismos tão radicais quanto o dela,
perdeu 15 anos em que se recusou a implementar o acordo de Oslo, e agora
ela tem pouco tempo para fazer a paz e a autocrítica. E terá que fazer
isso com a presença cada vez mais intensa desses nacionalismos
intolerantes que gerou.
Só uma grande discordância com o Symon: o ultra-direitista Sharon não foi
eleito devido ao terrorismo palestino mas devido a um massacre de
palestinos em Jerusalem, em protesto contra a presença desse genocida na
parte árabe da cidade. Esse massacre levou a um protesto armado pois o
massacre não foi punido pelo governo. E não foi punido pois parte da
sociedade israelense aplaude matar árabes. Essa mesma sociedade depois
elegeu o Sharon, o que é bem condizente, mas muito preocupante.
Abraços
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