[forum-prof] REPROVAÇÃO AUTOMATICA - 11/09/2008

Ex-Blog do Cesar Maia blogdocesarmaia at gmail.com
Thu Sep 11 09:53:19 BRT 2008


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Ex-Blog do Cesar Maia  11/09/2008
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REPROVAÇÃO AUTOMÁTICA?  EXCLUSÃO OFICIAL? ESSA NÃO! NO RIO-CAPITAL, NÃO!

1. A aplicação dos mesmos critérios seletivos de 
ensino das escolas de classe média alta, as 
escolas públicas em países com alta taxa de 
desigualdade levaram educadores como Anisio 
Teixeira, Paulo Freire e Darcy Ribeiro a adaptar 
no Brasil um sistema de uso em países 
desenvolvidos: a progressão continuada, que visa 
a dar flexibilidade à dinâmica das crianças que 
vivem num quadro de habitação precária, família 
desintegrada, violência no entorno, pais sem 
instrução, famílias maternas e uma alta taxa de anomia legal onde vivem.

2. Dessa forma abandonaram o sistema de 
Reprovação Automática e adotaram o Sistema de 
Progressão Continuada, hoje adotado em várias 
cidades brasileiras com sucesso, como Belo 
Horizonte, por exemplo, tão elogiado.

3. O Rio-Capital adotou, há oito anos, um sistema 
de 9 anos de ensino -hoje aconselhado pelo 
ministério da educação que prepara lei a 
respeito- incluindo a antiga classe de 
alfabetização como primeira série. Em 2000 
introduziu o sistema de Ciclos, com o Primeiro 
Ciclo das 3 primeiras séries. Só quando este 
primeiro ciclo foi amadurecido é que os outros 
dois ciclos foram implementados. São estes ciclos 
de 3 anos que servem de período de trabalho e 
reforço para que as crianças e adolescentes em 
situação de exclusão tenham chance de desenvolver 
o potencial de suas inteligências nas escolas e 
não nas ruas. E não sendo possível, aí sim 
permaneceriam no mesmo ciclo e não progrediriam.

4. No censo de 2000 no Rio-Capital,  40% das 
crianças de 5 a 6 anos estavam fora das escolas. 
No último PNAD são 6%. Levando em conta as mães 
que só levam as crianças para a escola com 6 
anos, aquelas crianças que tem problemas de 
saúde, deficiência, outras que migraram na metade 
do ano, e casos assim, que chamaremos de 
residuais, são 3%, que devem ser zerados. Em 
números absolutos passamos de 160 mil crianças de 
5 e 6 anos fora da escola para 9 mil, incluindo 
os casos que chamamos residuais.

5. Em 1992 chegaram à oitava série -último ano na 
época- e concluíram seu primeiro grau nas escolas 
em turnos normais - 20 mil adolescentes. Em 2008 
serão 50 mil adolescentes, ou 30 mil a mais em 
escola diurnas. Trinta mil adolescentes a menos 
que ficariam nas ruas que não são vistas pelas 
câmeras, pois estão dentro das favelas na grande maioria.

6. Além disso, o supletivo de primeiro grau, que 
era uma oferta estática, foi transformado em PEJA 
-programa de educação de jovens e adultos- 
noturno, onde se procura levar os alunos que 
estão completamente fora da relação idade/série 
acoplando a programas de capacitação, inclusive 
dentro do Favela-Bairro. Claro, integrando os 
adultos que querem seu supletivo de primeiro 
grau. De 9 mil jovens e adultos, agora no PEJA, a 
Prefeitura do Rio tem 50 mil alunos, sendo que 
40% de jovens, integrados e em situação de capacitação.

7. No IDEB relativo a 2007 as escolas da 
Prefeitura do Rio obtiveram entre as capitais o 
segundo e terceiro lugares em notas médias, na 
quarta e oitava séries respectivamente, mostrando 
que a introdução do método Paulo Freire/Darcy 
Ribeiro produziu um amplo efeito social sem 
qualquer perda educacional quando comparada com 
grandes capitais do sudeste e sul, como SP, Belo 
Horizonte, Porto Alegre, Curitiba...

8. As afirmações de candidatos elitistas querendo 
votos e iludir os mais pobres são deploráveis. E 
mais: é triste que um voto a mais valha uma 
criança a mais nas ruas, agregando água ao lago 
da exclusão social e educacional.  E mais triste 
que sirva para a venda de jornais ao público que 
mais se sacrifica para comprar os jornais em 
busca de informação e não de desinformação. 
Triste de um lado. Mais triste ainda de outro! Um 
voto a mais. Uma circulação a mais! Uma criança a menos! Triste aritmética!
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