[forum-prof] tudo muito bom,
Ismael da Silva Soares
ismael at ind.ufrj.br
Tue Jan 9 15:34:09 BRST 2007
Prezada Lilia
Sou formado em Eng. Metalúrgica, turma de 1965. Naquela época a maioria dos
professores eram horistas, e ministravam aula tanto na UFRJ (Escola Nacional
de Engenharia), como na PUC e na UFF (UFF-Volta Redonda). A UERJ (UEG)
formou a 1a. turma em 1965, não tinha Metalurgia.
Desculpe-me mas os cursos eram muito bons e os professores excelentes.
Existia Engenharia no Brasil, a vontade de substituir produtos e peças
importadas. A nacionalização atingiu um alto índice nos anos 70.
Sei disso porque até 1990 trabalhei em empresas, embora durante 12 anos
tenha sido professor horista na PUC.
Ismael Soares - POLI/Depto.Eng.Industrial
On Mon, 8 Jan 2007 12:27:18 -0200, lilia wrote
> tudo muito bem ... nada como verdades parciais
> para manter acesa a "intelectualidade" ... mas soh uma questaozinha
>
> ALGUEM SE LEMBRA COMO A UNIVERSIDADE ERA RUIM?
>
> COMO OS CURSOS ERAM FRAQUESIMOS?
>
> AO MENOS EM CIENCIAS EXATAS O SALTO FOI NAO DESPREZIVEL ...
>
> eh bem verdade que eu acho que os educadores precisam ser educados,
> que com a retirada da GED voltou a debandagem
> dos "publicadores" das salas de graduacao ...
> que ateh o LP tem razao em uma serie de criticas ...
>
> porem nao se pode fugir da realidade do passado mediocre... l
>
> Quoting Luis Paulo Vieira Braga <lpbraga at im.ufrj.br>:
>
> > Meus Colegas Publicadores e Cientistas Maquinas,
> >
> > O enquadramento definitivo da política científica brasileira ao
> > sistema ocidental se deu precisamente no governo FHC. O colapso do
> > projeto estatista nacionalista com as privatizaçoes não poderia
> > deixar de ser acompanhado pelas respectivas adaptações na vida
> > científica e cultural do país. O célebre documento de refundação da
> > CAPES pelo prof. Baeta não deixa dúvidas - O sistema de pós-graduação
> > não se destina mais a formar professores, mas pesquisadores. A
> > pesquisa não deve ser mais voltada para a produção de tecnologia
> > nacional, mas vincular-se aos temas internacionais de pesquisa. A
> > fechadura é dupla, na primeira volta desqualifica a docência, na
> > segunda volta tranca sua mente. O estrato formado pelos dirigentes
> > das estatais, seus empregados, técnicos e pessoal de nível superior
> > foi sendo aos poucos diluído. Das estatais que sobraram, como a
> > PETROBRAS, procede-se sua refundação, transformando-as em
> > multinacionais. Daqueles que viveram a febre da tecnolgia nacional,
> > uns fora
> > m cooptados, outros ainda subsistem em nichos, nas IFES, nas Forças
> > Armadas, no setor público. As novas gerações de docentes (ainda uso o
> > termo) não viveram nada disto e, obviamente, almejam o sucesso em
> > suas carreiras, o que só é possível se girarem a chave duas vezes. A
> > falsa polêmica sobre a obsolescência do ANDES passa por aí também. Só
> > faz sentido um sindicato nacional enquanto se falar de um modelo
> > unitario de IFE, como é atualmente. Porém, se vingar o modelo de
> > organização social, que estava embutido na reforma universitária (da
> > Fundação Orion) , e que não foi adiante, aí a proposta de sindicatos
> > independentes vai se tornar inevitável. Ocorre que a bandeira pelo
> > desmonte do ANDES passou a ser um objetivo na estratégia da
> > implantação da reforma universitária, e não uma consequência dela. As
> > mudanças sociais e econômicas se fazem devido aos interesses e à
> > força dos envolvidos. As dificuldades na implantação da reforma
> > universitária limitaram o seu alcance ao apoio aos empresários de
> > ensino e à oferta de vagas (de discutível qualidade) para a margem
> > das famílias cujos filhos não conseguiam entrar e se manter em um
> > curso superior. No sistema produtivo pré-globalização, a criação da
> > pós-graduação e do incentivo à pesquisa visava a formação de quadros
> > para atuar nas indústrias nacionais. No quadro atual de
> > reprimarização da economia nacional, de assimilação e imbricamento do
> > sistema produtivo nacional às corporações internacionais, a demanda
> > colocada pela sociedade para as universidades é por pessoal apenas
> > qualificado para operar e adaptar sistemas que são concebidos em
> > escala mundial. Para as mentes mais exigentes e inquietas a
> > alternativa seriam os grandes centros internacionais de pesquisa e
> > seus satélites(formais ou informais) implantados na periferia. A
> > adesão ou a rejeição a um projeto nem sempre é um ato de vontade,
> > muitas vezes é luta pela sobrevivência. Outros aderem de corpo e
> > alma, e há os que resistem, por anacronismo, ou até por convicção de
> > que a nova ordem não será tão benéfica assim. Já se foram oito anos
> > de governo FHC, e quatro anos de governo LULA. Os porcentuais do
> > orçamento destinados ao MEC se mantem os mesmos, aqueles destinados
> > ao MCT, apesar do crescimento, são irrisórios. A ciência brasileira,
> > a despeito de sucessos aqui e acolá, patina atrás de países asiáticos
> > como Coréia, China e até Índia (que há vinte anos estavam atrás do
> > Brasil). O número de patentes registradas é ridículo, o pagamento de
> > royalties por licenças cresceu exponencialmente e se tornou tão
> > importante quanto a remessa de lucros. E, apesar do Bolsa Escola,
> > depois tornado Bolsa Família, apesar de todas as ONG´s, de todos os
> > planos financeiros continuamos com quase 50% de pobres, com problemas
> > serios na área da segurança, do crescimento
> > e devendo mais de um trilhão de reais... Portanto, parece que jogamos
> > a água, a criança e a bacia fora.
> >
> > Há sociedades que nunca despertam, têm uma existência medíocre, ou
> > subordinada, até que desaparecerem na história. O futuro do Brasil
> > não está marcado por nenhuma profecia que lhe assegure um destino
> > auspicioso. Pelo contrário, as oportunidades perdidas foram tantas
> > que pode-se temer pelo inverso. Suas duas grandes forças no século
> > passado - a burguesia nacional e o proletariado, deixaram-se,
> > respectivamente, cooptar por um projeto exógeno, e por uma burocracia
> > sindical conformista. O Brasil do século XXI, por outro lado, é muito
> > mais entrópico, fragmentado, e anárquico. A situação da universidade
> > é um reflexo disto, nem se sabe direito a qual senhor estamos
> > servindo e porquê. Nos próximos anos a necessária reordenação dos
> > projetos político-partidários poderá trazer um direcionamento
> > alternativo às opções existentes, ou não...
> >
> > On Sat, 06 Jan 2007 17:06:47 -0300, Prof. Luiz Eduardo wrote
> >> Meus Colegas Cientistas e suas Maquinas Publicadoras
> >>
> >> Em 1974, a UNICAMP contratava recem-graduados, sem concurso, e de
> >> imediato já os enviava para fazer mestrado e doutorado em Davies, na
> >> Califórnia.
> >>
> >> Em 1975, recem-graduado na engenharia de alimentos da UNICAMP, fui o
> >> primeiro colocado na seleção do Mestrado.
> >>
> >> Isso não tem mérito nenhum.
> >>
> >> Eu sabia muito bem que tipo de decoreba aqueles "cientistas" iriam
> >> perguntar na prova escrita.
> >> Com certeza iriam mandar colocar no papel o Ciclo de Krebs, ou da
> >> Pentose-Fosfato, e seus compostos intermediários, todos, pela ordem.
> >> Ok, eles não pediram isso.
> >> Mas pediram todas as enzimas envolvidas no processo (pela ordem).
> >> Eu tinha decorado tudo isso e muito mais.
> >> Sei muito bem respeitar as regras do jogo.
> >> Enquanto estiver jogando.
> >> Enquanto estiver em idade de jogar.
> >> Até me tornar um adulto professor.
> >> Agora... sinto muito, mas agora o jogo acabou.
> >> Eu tenho apenas esta vida.
> >> Não posso jogá-la no lixo, submetê-la às ordens dos mortos-vivos.
> >>
> >> Eu vejo o que meus colegas-cientistas publicam.
> >> Aquilo não pode ser jogado no lixo.
> >> Aquilo é pior que lixo hospitalar.
> >> Aquilo é pior que pilhas e baterias usadas.
> >> Aquilo não pode ser despejado em qualquer lata de lixo.
> >> Falemos sério.
> >>
> >> Minha tese de mestrado era pra ser no que se publicava na época:
> >> mistura de farinhas para recombinar os aminoácidos essenciais,
> >> otimizando o valor biológico, compensando a falta de lisina do milho
> >> e a carencia de metionina da soja, fazendo uma farinha mista pros
> >> pobres comerem.
> >> A universidade, como vemos, já defendeu porcarias mais sofisticadas
> >> que o Bolsa-Família.
> >>
> >> Fiz muitos experimentos.
> >> E mesmo publiquei muitas dessas porcarias, enquanto humilde e
> >> subalterno APRENDIZ.
> >> Desidratei polpa de goiaba, em secadores de tambor aquecido, tudo
> >> misturado com muita soja.
> >> Botei rato pra comer.
> >> Pesei rato, medi rato, humilhei ratos e poderia ser hoje um campeão
> >> de alpinismo lattesiano.
> >>
> >> Na boiada já fui boi, mas um dia me montei.
> >> Não vou ficar fazendo isso que leio nas revistas: contando, com
> >> barômetros ou não, quantos coliformes fecais, ou quantas microgramas
> >> de mercúrio existem nos mariscos pescados em Saquarema.
> >> Não vou ficar colecionando publicações desse tipo.
> >> Isso não é ciencia.
> >> Isso é vulgar burocracia de laboratório.
> >> Isso pode ser feito por qualquer alunos de nível médio.
> >> Isso é trabalho de rotina nos miseráveis laboratórios oficiais de
> >> saúde pública.
> >> Isso não é ciencia.
> >> Nada disso é ciencia.
> >>
> >> Mas é isso que eu vejo meus colegas cientistas publicando
> >> inutilmente, banalmente, burocraticamente, mariavaicomasoutrasmente.
> >>
> >> Das farinhas mistas, dos produtos de soja salvadores da fome e da
> >> miséria, passando pela contagem de contaminantes e micróbios, agora
> >> entraram nessa charlatanice de alimentos funcionais.
> >>
> >> Um desqualificado e imoral cientista da Unicamp aparece no Jornal
> >> Nacional, da TV Globo, anunciando a Tabela de Composição de
> >> Alimentos Brasileiros, a grande contribuição unicampiana para a
> >> nutrição brasileira. E dá o exemplo da feijoada. Diz que a tabela da
> >> USDA não informa quanto tem de proteína no sarapatel, no cururu, no
> >> vatapá, no pão de queijo, no calango, no angu do Gomes e na feijoada.
> >>
> >> Se eu fosse dono da UNICAMP eu botava o cara na rua no dia seguinte,
> >> por justa causa, porque um imbecil desses só pode prejudicar a
> >> imagem da instituição junto ao público.
> >>
> >> Falemos sério: cada feijoada tem uma composição diferente.
> >> Aliás, cada concha, da mesma feijoada, tem um percentual proteico
> >> totalmente diferente, porque um pega carne seca, outro pega muito
> >> caldo, outro opta pela orelhinha do porco...
> >> como é que um publicador daqueles me publica uma porcaria dessas em
> >> público ?
> >>
> >> Mas tudo isso não é exclusivo das ciências de alimentos.
> >> Na Nutrição a gente assiste a mesma coisa, com esse negócio de pesar
> >> e medir gente, de tirar sangue de crianças famintas, em filas de
> >> hospitais públicos, pra saber se no sangue tem vitamina A e ferro
> >> suficientes... pra nem falar nas teses e publicações sugerindo que
> >> os pobres comam bifes de casca de abacaxi e sopa de casca de ovo...
> >> enquanto o cientista come o abacaxi e o ovo.
> >>
> >> Foi desse ambiente aí que eu vim.
> >> Foi nesse ambiente científico aí que me formei.
> >> Estava deixando pra publicar sobre isso mais pra frente, quando
> >> estivesse menos ocupado com a agenda de professor.
> >>
> >> Parece, porém, que vou ter que escrever sobre isso logo-logo.
> >>
> >> Não vai ser bom pra universidade.
> >> Não vai ser bom pra ciencia.
> >> Não vai ser bom pra nenhum de nós.
> >>
> >> A gente podia deixar esse pessoal em paz, publicando essas bobagens,
> >> se eles ficassem na deles.
> >> Até aí... ainda dava pra tolerar.
> >>
> >> Mas quando eles estão tentando e conseguindo impor hegemonicamente
> >> essa vertente obscena da ciência, sinto muito, vamos ter que
> >> iluminar e discutir os fatos.
> >>
> >> L.E.
> >
> >
> >
>
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