[forum-prof] tudo muito bom,

lilia at ov.ufrj.br lilia at ov.ufrj.br
Mon Jan 8 12:27:18 BRST 2007


tudo muito bem ... nada como verdades parciais
para manter acesa a "intelectualidade" ... mas  soh uma questaozinha

ALGUEM SE LEMBRA COMO A UNIVERSIDADE ERA RUIM?

COMO OS CURSOS ERAM FRAQUESIMOS?

AO MENOS EM CIENCIAS EXATAS O SALTO FOI NAO DESPREZIVEL ...

eh bem verdade que eu acho que os educadores precisam ser educados,
que com a retirada da GED voltou a debandagem
dos "publicadores" das salas de graduacao ...
que ateh o LP tem razao em uma serie de criticas ...

porem nao se pode fugir da realidade do passado mediocre...  l


Quoting Luis Paulo Vieira Braga <lpbraga at im.ufrj.br>:

> Meus Colegas Publicadores e Cientistas Maquinas,
>
> O enquadramento definitivo da política científica brasileira ao 
> sistema ocidental se deu precisamente no governo FHC. O colapso do 
> projeto estatista nacionalista com as privatizaçoes não poderia 
> deixar de ser acompanhado pelas respectivas adaptações na vida 
> científica e cultural do país. O célebre documento de refundação da 
> CAPES pelo prof. Baeta não deixa dúvidas - O sistema de pós-graduação 
> não se destina mais a formar professores, mas pesquisadores. A 
> pesquisa não deve ser mais voltada para a produção de tecnologia 
> nacional, mas vincular-se aos temas internacionais de pesquisa. A 
> fechadura é dupla, na primeira volta desqualifica a docência,  na 
> segunda volta tranca sua mente. O estrato formado pelos dirigentes 
> das estatais, seus empregados, técnicos e pessoal de nível superior 
> foi sendo aos poucos diluído. Das estatais que sobraram, como a 
> PETROBRAS,  procede-se sua refundação, transformando-as em 
> multinacionais. Daqueles que viveram a febre da tecnolgia nacional, 
> uns fora
> m cooptados, outros ainda subsistem em nichos, nas IFES, nas Forças 
> Armadas, no setor público. As novas gerações de docentes (ainda uso o 
> termo) não viveram nada disto e, obviamente, almejam o sucesso em 
> suas carreiras, o que só é possível se girarem a chave duas vezes. A 
> falsa polêmica sobre a obsolescência do ANDES passa por aí também. Só 
> faz sentido um sindicato nacional enquanto se falar de um modelo 
> unitario de IFE, como é atualmente. Porém, se vingar o modelo de 
> organização social, que estava embutido na reforma universitária (da 
> Fundação Orion) , e que não foi adiante, aí a proposta de sindicatos 
> independentes vai se tornar inevitável. Ocorre que a bandeira pelo 
> desmonte do ANDES passou a ser um objetivo na estratégia da 
> implantação da reforma universitária, e não uma consequência dela. As 
> mudanças sociais e econômicas se fazem devido aos interesses e à 
> força dos envolvidos.  As dificuldades na implantação da reforma 
> universitária limitaram o seu alcance  ao apoio aos empresários de 
> ensino e à oferta de vagas (de discutível qualidade) para a margem 
> das famílias cujos filhos não conseguiam entrar e se manter em um 
> curso superior.   No sistema produtivo pré-globalização, a criação da 
> pós-graduação e do incentivo à pesquisa visava a formação de quadros 
> para atuar nas indústrias nacionais. No quadro atual de 
> reprimarização da economia nacional, de assimilação e imbricamento do 
> sistema produtivo nacional às corporações internacionais, a demanda 
> colocada pela sociedade para as universidades é por pessoal apenas 
> qualificado para operar e adaptar sistemas que são concebidos em 
> escala mundial. Para as mentes mais exigentes e inquietas a 
> alternativa seriam os grandes centros internacionais de pesquisa e 
> seus satélites(formais ou informais) implantados na periferia.  A 
> adesão ou a rejeição a um projeto nem sempre é um ato de vontade, 
> muitas vezes é luta pela sobrevivência. Outros aderem de corpo e 
> alma, e há os que resistem, por anacronismo, ou até por convicção de 
> que a nova ordem não será tão benéfica assim. Já se foram oito anos 
> de governo FHC, e quatro anos de governo LULA. Os porcentuais do 
> orçamento destinados ao MEC se mantem os mesmos, aqueles destinados 
> ao MCT, apesar do crescimento, são irrisórios. A ciência brasileira, 
> a despeito de sucessos aqui e acolá, patina atrás de países asiáticos 
> como Coréia, China e até Índia (que há vinte anos estavam atrás do 
> Brasil). O número de patentes registradas é ridículo, o pagamento de 
> royalties por licenças cresceu exponencialmente e se tornou tão 
> importante quanto a remessa de lucros. E, apesar do Bolsa Escola, 
> depois tornado Bolsa Família, apesar de todas as ONG´s, de todos os 
> planos financeiros continuamos com quase 50% de pobres, com problemas 
> serios na área da segurança, do crescimento
> e devendo mais de um trilhão de reais... Portanto, parece que jogamos 
> a água, a criança e a bacia fora.
>
> Há sociedades que nunca despertam, têm uma existência medíocre, ou 
> subordinada, até que desaparecerem na história. O futuro do Brasil 
> não está marcado por nenhuma profecia que lhe assegure um destino 
> auspicioso. Pelo contrário, as oportunidades perdidas foram tantas 
> que pode-se temer pelo inverso.  Suas duas grandes forças no século 
> passado - a burguesia nacional e o proletariado, deixaram-se, 
> respectivamente, cooptar por um projeto exógeno, e por uma burocracia 
> sindical conformista. O Brasil do século XXI, por outro lado, é muito 
> mais entrópico, fragmentado, e anárquico. A situação da universidade 
> é um reflexo disto, nem se sabe direito a qual senhor estamos 
> servindo e porquê.  Nos próximos anos a necessária reordenação dos 
> projetos político-partidários poderá trazer um direcionamento 
> alternativo às opções existentes, ou não...
>
> On Sat, 06 Jan 2007 17:06:47 -0300, Prof. Luiz Eduardo wrote
>> Meus Colegas Cientistas e suas Maquinas Publicadoras
>>
>> Em 1974, a UNICAMP contratava recem-graduados, sem concurso, e de 
>> imediato já os enviava para fazer mestrado e doutorado em Davies, na 
>> Califórnia.
>>
>> Em 1975, recem-graduado na engenharia de alimentos da UNICAMP, fui o 
>> primeiro colocado na seleção do Mestrado.
>>
>> Isso não tem mérito nenhum.
>>
>> Eu sabia muito bem que tipo de decoreba aqueles "cientistas" iriam 
>> perguntar na prova escrita.
>> Com certeza iriam mandar colocar no papel o Ciclo de Krebs, ou da 
>> Pentose-Fosfato, e seus compostos intermediários, todos, pela ordem.
>> Ok, eles não pediram isso.
>> Mas pediram todas as enzimas envolvidas no processo (pela ordem).
>> Eu tinha decorado tudo isso e muito mais.
>> Sei muito bem respeitar as regras do jogo.
>> Enquanto estiver jogando.
>> Enquanto estiver em idade de jogar.
>> Até me tornar um adulto professor.
>> Agora... sinto muito, mas agora o jogo acabou.
>> Eu tenho apenas esta vida.
>> Não posso jogá-la no lixo, submetê-la às ordens dos mortos-vivos.
>>
>> Eu vejo o que meus colegas-cientistas publicam.
>> Aquilo não pode ser jogado no lixo.
>> Aquilo é pior que lixo hospitalar.
>> Aquilo é pior que pilhas e baterias usadas.
>> Aquilo não pode ser despejado em qualquer lata de lixo.
>> Falemos sério.
>>
>> Minha tese de mestrado era pra ser no que se publicava na época: 
>> mistura de farinhas para recombinar os aminoácidos essenciais, 
>> otimizando o valor biológico, compensando a falta de lisina do milho 
>> e a carencia de metionina da soja, fazendo uma farinha mista pros 
>> pobres comerem.
>> A universidade, como vemos, já defendeu porcarias mais sofisticadas 
>> que o Bolsa-Família.
>>
>> Fiz muitos experimentos.
>> E mesmo publiquei muitas dessas porcarias, enquanto humilde e 
>> subalterno APRENDIZ.
>> Desidratei polpa de goiaba, em secadores de tambor aquecido, tudo 
>> misturado com muita soja.
>> Botei rato pra comer.
>> Pesei rato, medi rato, humilhei ratos e poderia ser hoje um campeão 
>> de alpinismo lattesiano.
>>
>> Na boiada já fui boi, mas um dia me montei.
>> Não vou ficar fazendo isso que leio nas revistas: contando, com 
>> barômetros ou não, quantos coliformes fecais, ou quantas microgramas 
>> de mercúrio existem nos mariscos pescados em Saquarema.
>> Não vou ficar colecionando publicações desse tipo.
>> Isso não é ciencia.
>> Isso é vulgar burocracia de laboratório.
>> Isso pode ser feito por qualquer alunos de nível médio.
>> Isso é trabalho de rotina nos miseráveis laboratórios oficiais de 
>> saúde pública.
>> Isso não é ciencia.
>> Nada disso é ciencia.
>>
>> Mas é isso que eu vejo meus colegas cientistas publicando 
>> inutilmente, banalmente, burocraticamente, mariavaicomasoutrasmente.
>>
>> Das farinhas mistas, dos produtos de soja salvadores da fome e da 
>> miséria, passando pela contagem de contaminantes e micróbios, agora 
>> entraram nessa charlatanice de alimentos funcionais.
>>
>> Um desqualificado e imoral cientista da Unicamp aparece no Jornal 
>> Nacional, da TV Globo, anunciando a Tabela de Composição de 
>> Alimentos Brasileiros, a grande contribuição unicampiana para a 
>> nutrição brasileira. E dá o exemplo da feijoada. Diz que a tabela da 
>> USDA não informa quanto tem de proteína no sarapatel, no cururu, no 
>> vatapá, no pão de queijo, no calango, no angu do Gomes e na feijoada.
>>
>> Se eu fosse dono da UNICAMP eu botava o cara na rua no dia seguinte, 
>> por justa causa, porque um imbecil desses só pode prejudicar a 
>> imagem da instituição junto ao público.
>>
>> Falemos sério: cada feijoada tem uma composição diferente.
>> Aliás, cada concha, da mesma feijoada, tem um percentual proteico 
>> totalmente diferente, porque um pega carne seca, outro pega muito 
>> caldo, outro opta pela orelhinha do porco...
>> como é que um publicador daqueles me publica uma porcaria dessas em 
>> público ?
>>
>> Mas tudo isso não é exclusivo das ciências de alimentos.
>> Na Nutrição a gente assiste a mesma coisa, com esse negócio de pesar 
>> e medir gente, de tirar sangue de crianças famintas, em filas de 
>> hospitais públicos, pra saber se no sangue tem vitamina A e ferro 
>> suficientes... pra nem falar nas teses e publicações sugerindo que 
>> os pobres comam bifes de casca de abacaxi e sopa de casca de ovo... 
>> enquanto o cientista come o abacaxi e o ovo.
>>
>> Foi desse ambiente aí que eu vim.
>> Foi nesse ambiente científico aí que me formei.
>> Estava deixando pra publicar sobre isso mais pra frente, quando 
>> estivesse menos ocupado com a agenda de professor.
>>
>> Parece, porém, que vou ter que escrever sobre isso logo-logo.
>>
>> Não vai ser bom pra universidade.
>> Não vai ser bom pra ciencia.
>> Não vai ser bom pra nenhum de nós.
>>
>> A gente podia deixar esse pessoal em paz, publicando essas bobagens, 
>> se eles ficassem na deles.
>> Até aí... ainda dava pra tolerar.
>>
>> Mas quando eles estão tentando e conseguindo impor hegemonicamente 
>> essa vertente obscena da ciência, sinto muito, vamos ter que 
>> iluminar e discutir os fatos.
>>
>> L.E.
>
>
>







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