[forum-prof] Lobby e Reformas (era VEJA a reforma)
Prof. Luiz Eduardo
luizeduardo at pharma.ufrj.br
Fri Jan 28 13:03:19 BRST 2005
Luiz Paulo,
Como sempre, brilhante.
Apenas um reparo: "Controlar a abertura de novas universidades" não é assim
tão exatamente danoso para o setor privado, hein ?
Isso é uma reserva de mercado para quem já está instalado e aprovado.
Isso é apenas um favorecimento a uns grupos privados, em detrimento de
outros grupos (e certamente em prejuízo da educação e da sociedade).
O futuro é óbvio: professores não precisarão ter doutorado, pois serão
meros monitores, de aulas que virão em "pacotes", maravilhosas, animadas,
criativas, nada a ver com transparência borrada e resuminho de livro, nada
a ver com essas aulas que mais parecem seminário de aluno que copia do
livro, mas então produzidas em DVDs, em inglês, por ilustres mestres de
Yale, Stanford, Oxford.
Voltemos porém ao passado:
Não são os famintos que vão fazer lobby pro Governo criar o Fome Zero.
Quem faz lobby, para novas políticas sociais, em geral, são os vão vender
serviços ou produtos.
Até a UNE faz lobby por meia entrada para, depois, vender carteirinha.
Essa Reforma Universitária é, como qualquer outra política social, fruto de
lobby.
Quem faz lobby bota grana, no mínimo, nas campanhas eleitorais.
E quem bota grana exige cargos no segundo escalão, pra implementar o que
foi negociado.
Essa Reforma Universitária não está aí por acaso.
Ninguem percebe nenhum corpo estranho no segundo escalão ?
Luiz Eduardo
At 08:44 28/1/2005, you wrote:
>VEJA a reforma
>
>Dans les facultés 6% de fils douvriers, dans les internats de rééducation
>90%.
>
>Grafite durante a revolta estudantil de 68 em Paris
>
>
>
> Aparentemente a cúpula petista e a sindical que a acompanha ainda
> não
>perceberam a natureza do pacto que firmaram com as elites do país para chegar
>ao poder formal. Acreditaram, que mantendo a política econômica do governo
>anterior, poderiam conduzir diferentemente a área social, implementando assim
>um programa mais ousado do que a rede de proteção social do presidente
>Fernando Henrique. Da mesma forma a educação, o meio ambiente, a cultura, a
>reforma agrária, constituir-se-iam em marcos do novo governo. Honrando sua
>parte do pacto, os novos governantes livraram-se dos dissidentes, que até
>então se acreditavam leais ao programa do partido, e deram início a um
>conjunto de pseudo reformas, dentre as quais destacou-se a da previdência que
>jogou sobre os ombros do funcionalismo público a responsabilidade pelo rombo
>da previdência. Neste particular a guinada foi tão forte que inventou-se a
>famosa PEC paralela da previdência, hoje esquecida, para atenuar a oposição à
>abrupta quebra de direitos.
>
> Em seqüência às pretensas reformas tributária e da justiça, anunciou-se a
>reforma universitária ao final de 2004, dando-se um prazo até 15 de
>fevereiro de 2005, portanto durante o recesso universitário , para sugestões
>ao projeto antes de seu envio ao congresso. O movimento docente oficial,
>agastado pelas campanhas da previdência e salarial, crítico do PROUNI ,
>humilhado pelo PROIFES, obviamente se colocou criticamente ao projeto. No
>entanto, foi do campo liberal que vieram as críticas mais contundentes. A
>revista VEJA, que usualmente reflete as tendências do empresariado,
>principalmente o cosmopolita, recomendou, em reportagem de capa desta
>semana, a lata de lixo como o destino ideal para a reforma pretendida.
>
>Adjetivando o projeto, pejorativamente, como de inspiração soviética, o que é
>no mínimo curioso, pois os professores e cientistas egressos deste sistema
>foram disputados pelas melhores universidades do mundo, inclusive do Brasil,
>o artigo elenca cinco conseqüências desastrosas para o país se a reforma
>petista fôr adotada. Três delas para o setor privado introdução da gestão
>colegiada em detrimento do poder do proprietário da universidade, controle da
>abertura de novas universidades e limitação da participação do capital
>estrangeiro. Duas para o setor público cotas para excluídos e o fim das
>fundações. Em apoio às críticas colhem-se depoimentos de Claudio Moura
>Castro e Paulo Renato Souza, ex-homens públicos, atuais empreendedores do
>setor educacional. Não faz muito tempo que ouvimos o dono da maior
>universidade particular do Brasil declarar que não via nenhuma necessidade de
>ser fazer um curso superior para se vencer na vida e, que para ele o ensino é
>um negócio como outro qualquer. O próprio ex-ministro da educação do governo
>anterior recomendou o setor como de alto retorno de investimento...Por outro
>lado sabe-se da pressão internacional para a abertura do mercado educacional
>brasileiro. Não é preciso muito mais para compreender as intenções da
>revista, o que aliás não constitui novidade para ninguém. A defesa das
>fundações, tornadas desnecessárias pela autonomia concedida às
>universidades, é a defesa do braço privado dentro de um órgão público,
>funcionando à margem da administração central da universidade, e, muitas
>vezes com mais poder que esta . A questão das cotas, por outro lado, é
>rejeitada unanimimente tanto à esquerda como à direita do governo, embora
>por motivos diferentes.
>
>Tudo indica que o presidente e sua equipe terão enormes dificuldades para
>aprovar sua reforma, compreendendo melhor que ao trocar o exercício do poder
>em nome do povo, pelo exercício do poder em nome do conchavo, cabem-lhe no
>pacto sinistro tão somente as benesses do poder, aliás usufruídas
>prodigamente, mais nada além disso...
>
>
>
>
>Prof. Luis Paulo
>DME
>C.P. 68530
>21945-970 Rio de Janeiro, RJ
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