<html>
<body>
<b>Luiz Paulo,<br><br>
Como sempre, brilhante.<br><br>
Apenas um reparo: "Controlar a abertura de novas universidades"
não é assim tão exatamente danoso para o setor privado, hein ?<br><br>
Isso é uma reserva de mercado para quem já está instalado e
aprovado.<br>
Isso é apenas um favorecimento a uns grupos privados, em detrimento de
outros grupos (e certamente em prejuízo da educação e da
sociedade).<br><br>
O futuro é óbvio: professores não precisarão ter doutorado, pois serão
meros monitores, de aulas que virão em "pacotes", maravilhosas,
animadas, criativas, nada a ver com transparência borrada e resuminho de
livro, nada a ver com essas aulas que mais parecem seminário de aluno que
copia do livro, mas então produzidas em DVDs, em inglês, por ilustres
mestres de Yale, Stanford, Oxford.<br><br>
Voltemos porém ao passado:<br>
Não são os famintos que vão fazer lobby pro Governo criar o Fome
Zero.<br>
Quem faz lobby, para novas políticas sociais, em geral, são os vão vender
serviços ou produtos.<br>
Até a UNE faz lobby por meia entrada para, depois, vender
carteirinha.<br><br>
Essa Reforma Universitária é, como qualquer outra política social, fruto
de lobby.<br>
Quem faz lobby bota grana, no mínimo, nas campanhas eleitorais.<br>
E quem bota grana exige cargos no segundo escalão, pra implementar o que
foi negociado.<br>
Essa Reforma Universitária não está aí por acaso.<br><br>
Ninguem percebe nenhum corpo estranho no segundo escalão ?<br><br>
Luiz Eduardo<br><br>
</b>At 08:44 28/1/2005, you wrote:<br>
<blockquote type=cite class=cite cite="">VEJA a reforma <br><br>
“Dans les facultés 6% de fils d’ouvriers, dans les internats de
rééducation <br>
90%.”<br><br>
Grafite durante a revolta estudantil de 68 em Paris<br><br>
<br><br>
<x-tab>        </x-tab>Aparentemente
a cúpula petista e a sindical que a acompanha ainda não <br>
perceberam a natureza do pacto que firmaram com as elites do país para
chegar <br>
ao poder formal. Acreditaram, que mantendo a política econômica do
governo <br>
anterior, poderiam conduzir diferentemente a área social, implementando
assim <br>
um programa mais ousado do que a rede de proteção social do presidente
<br>
Fernando Henrique. Da mesma forma a educação, o meio ambiente, a cultura,
a <br>
reforma agrária, constituir-se-iam em marcos do novo governo. Honrando
sua <br>
parte do pacto, os novos governantes livraram-se dos “dissidentes”, que
até <br>
então se acreditavam leais ao programa do partido,  e deram início a
um <br>
conjunto de pseudo reformas, dentre as quais destacou-se a da previdência
que <br>
jogou sobre os ombros do funcionalismo público  a responsabilidade
pelo rombo <br>
da previdência. Neste particular a guinada foi tão forte que 
inventou-se a <br>
famosa PEC paralela da previdência, hoje esquecida, para atenuar a
oposição à <br>
abrupta quebra de direitos.<br><br>
 Em seqüência às pretensas reformas tributária e da justiça,
anunciou-se a <br>
reforma universitária ao final de 2004,  dando-se um prazo até 15 de
<br>
fevereiro de 2005, portanto durante o recesso universitário , para
sugestões <br>
ao projeto antes de seu envio ao congresso. O movimento docente oficial,
<br>
agastado pelas campanhas da previdência e salarial, crítico do PROUNI ,
<br>
humilhado pelo PROIFES, obviamente se colocou criticamente ao projeto. No
<br>
entanto, foi do campo liberal que vieram as críticas mais contundentes. A
<br>
revista VEJA, que usualmente reflete as tendências do empresariado, 
<br>
principalmente o cosmopolita,  recomendou, em reportagem de
capa  desta <br>
semana,  a lata de lixo como o destino ideal para a reforma
pretendida.<br><br>
Adjetivando o projeto, pejorativamente, como de inspiração soviética, o
que é <br>
no mínimo curioso, pois os professores e cientistas egressos deste
sistema <br>
foram disputados pelas melhores universidades do mundo, inclusive do
Brasil, <br>
o artigo elenca cinco conseqüências desastrosas para o país se a reforma
<br>
petista fôr adotada. Três delas para o setor privado ­ introdução da
gestão <br>
colegiada em detrimento do poder do proprietário da universidade,
controle da <br>
abertura de novas universidades e limitação da participação do capital
<br>
estrangeiro. Duas para o setor público ­ cotas para excluídos e o fim das
<br>
fundações.  Em apoio às críticas colhem-se depoimentos de Claudio
Moura <br>
Castro e Paulo Renato Souza, ex-homens públicos, atuais empreendedores do
<br>
setor educacional. Não faz muito tempo que ouvimos o dono da maior <br>
universidade particular do Brasil declarar que não via nenhuma
necessidade de <br>
ser fazer um curso superior para se vencer na vida e, que para ele o
ensino é <br>
um negócio como outro qualquer. O próprio ex-ministro da educação do
governo <br>
anterior recomendou o setor como de alto retorno de investimento...Por
outro <br>
lado sabe-se da pressão internacional para a abertura do mercado
educacional <br>
brasileiro. Não é preciso muito mais para compreender as intenções da
<br>
revista, o que aliás não constitui novidade para ninguém. A defesa das
<br>
fundações, tornadas desnecessárias pela autonomia concedida às <br>
universidades,  é a defesa do braço privado dentro de um órgão
público, <br>
funcionando à margem da administração central da universidade, e, muitas
<br>
vezes com mais poder que esta . A questão das cotas, por outro lado, é
<br>
rejeitada unanimimente  tanto à esquerda como à direita do governo,
embora <br>
por motivos diferentes. <br><br>
Tudo indica que o presidente e sua equipe terão enormes dificuldades para
<br>
aprovar sua reforma, compreendendo melhor que ao trocar o exercício do
poder <br>
em nome do povo, pelo exercício do poder em nome do conchavo, 
cabem-lhe no <br>
pacto sinistro tão somente as benesses do poder, aliás usufruídas <br>
prodigamente, mais nada além disso... <br><br>
<x-tab>        </x-tab><br><br>
<br>
Prof. Luis Paulo<br>
DME<br>
C.P. 68530<br>
21945-970 Rio de Janeiro, RJ</blockquote></body>
</html>