[forum-prof] E por falar em cotas: Lula na Africa
Prof. Luiz Eduardo
luizeduardo at pharma.ufrj.br
Sat Jul 31 16:35:48 BRT 2004
Diogo Mainardi
VEJA 04 Ag 04
Brasil, cúmplice de um crime
"Lula foi à África. De novo. Assinou acordos
para o plantio de mandioca com o ditador do
Gabão. Deveria ter aproveitado a viagem
para condenar o regime genocida do Sudão.
Preferiu falar sobre maracatu"
Sudão. De um lado, os milicianos árabes ou "janjawid". Do outro, a
população negra da região de Darfur. Os milicianos árabes querem tomar a
terra dos negros. Já assassinaram cerca de 30.000 pessoas. Incendiaram
vilarejos. Praticaram estupros em massa. Raptaram crianças. Envenenaram as
fontes de água. Um milhão de habitantes de Darfur foram obrigados a
abandonar suas casas. Dois milhões estão desnutridos. Cento e cinqüenta mil
se refugiaram no Chade. Trata-se da maior crise humanitária da atualidade.
Que lado o Brasil escolheu nessa tragédia? O dos negros? Claro que não. O
Brasil escolheu ficar com o regime do Sudão e seus esquadrões da morte
árabes. Lula nos tornou cúmplices das atrocidades cometidas em Darfur.
A questão está sendo debatida no Conselho de Segurança da ONU. Os Estados
Unidos, desde o fim de junho, defendem a imposição de sanções contra o
regime ditatorial do Sudão, que arma e protege os milicianos árabes de
Darfur. França, Inglaterra, Alemanha, Espanha e Chile apóiam a iniciativa.
O Brasil, não. Uniu-se à Argélia e ao Paquistão para obstruir a proposta
americana. O representante brasileiro na ONU, Ronaldo Sardenberg, sugeriu
dar mais tempo ao regime do Sudão. A Anistia Internacional calcula que
1.000 pessoas morrem por semana em Darfur. Dar mais tempo aos paramilitares
sudaneses significa permitir o assassinato de ainda mais gente. Como disse
o jornal Washington Post, o Brasil considera mais importante a soberania do
que a vida.
Os parlamentares dos Estados Unidos, na última semana, definiram a situação
em Darfur como um genocídio. Pediram uma intervenção urgente do governo
americano, multilateral ou unilateral. Ou seja, com ou sem a ONU. George W.
Bush ameaçou abertamente os chefes militares sudaneses, incitando-os a
conter os "janjawid". O candidato do Partido Democrata, John Kerry, foi
ainda mais veemente. Discursando na maior associação de negros do país,
demandou a punição imediata dos mandantes do genocídio. O movimento negro
americano pressionou os políticos a se ocupar do genocídio de negros no
Sudão. A ministra de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, que
representa o movimento negro brasileiro, optou por ignorar o imobilismo
criminoso de seus colegas de governo.
Lula foi à África. De novo. Doou cinco ou seis computadores à população de
São Tomé e Príncipe e assinou acordos para o plantio de mandioca com o
ditador do Gabão, Omar Bongo, conhecido por ser o líder estrangeiro com o
maior número de propriedades imobiliárias em Paris. O presidente deveria
ter aproveitado a viagem à África para condenar o regime genocida do Sudão.
Preferiu falar sobre maracatu. A megalomania petista considera o Brasil
importante o bastante para merecer uma cadeira permanente no Conselho de
Segurança da ONU. Neste ano, ocupamos uma cadeira rotativa. A primeira
decisão relevante de nosso mandato foi sobre as sanções ao Sudão.
Escolhemos o lado errado. Decidimos ser coniventes com um crime. Ainda bem
que daqui a um ano e meio tomam de volta nossa cadeira rotativa.
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