[forum-prof] Re: [forum-prof] "A Prática como critério da Verdade" (citação de Hegel, dita na última Assembléia)

Mauricio Lissovsky lissovsk at visualnet.com.br
Sat Jul 3 13:06:24 BRT 2004


Caríssimo Felipe,
No seu tempo de estudante, a frase em epígrafe era atribuída a Mao Tsé Tung.
Parafraseando Camões, igualmente citada na douta assembléia:

"Mudam-se os autores, mas não se mudam as frases"

abraço,

mauricio lissovsky



----- Original Message -----
From: "Luiz Felipe de Souza Coelho" <coelho at if.ufrj.br>
To: <forum-prof at listas.if.ufrj.br>
Sent: Saturday, July 03, 2004 12:12 AM
Subject: [forum-prof] "A Prática como critério da Verdade" (citação de
Hegel, dita na última Assembléia)


> Prezados colegas
> e em particular os colegas Lilia, Bluma e Luiz Eduardo
>
> Para entender a veemência de algumas manifestações críticas a esta
diretoria da
> ADUFRJ (e a diretorias passadas) há alguns pontos. Não posso falar sobre a
> situação de outras unidades, mas só da Física.
>
> 1) Faz mais de dez anos está evidente para a maioria dos docentes do IF
que
> nossas greves prejudicam o que pretendemos defender, que é a universidade
> pública (a de qualidade, não um escolão). Em particular elas prejudicam os
> alunos de graduação.
>
> 2) O movimento docente não conseguiu achar novas formas de defender
> reivindicações salariais e meteu os pés pelas mãos no combate às
distorções
> salariais. Isto também não é de hoje e a culpa não é só das direções mas
de
> todos nós.
> A maior destas distorções é que não há isonomia entre um professor de
tempo
> integral que trabalha 40 ou mais horas por semana e um outro de 40 horas
que
> apenas trabalha algumas horas por semana dando aula. Não há mecanismos
para
> premiar ou punir... Isto levou à GAE e à GED.
> Outra é a lentidão da Justiça que levou a tribunais de instâncias
inferiores
> darem a uns mais 26%, a outros mais 28% e dizem que Alagoas ganha mais
80%. No
> caso da UFRJ isto leva a que os professores novos ganhem menos 26% que os
> antigos.
> Uma terceira distorção é que, numa carreira de 30 ou 40 anos, um professor
hoje
> atinge o topo da carreira seis anos após a nomeação.
> Uma quarta é que há diferenças entre os docentes que se aposentaram antes
e
> depois da criação da GED. (Os que se aposentam hoje ganham a GED integral,
mas
> os que se aposentaram no passado ganham só 60%.)
> Uma quinta é que durante algum tempo após a nossa passagem para o RJU as
> pessoas que se aposentavam ganhavam um aumento de 20%.
> Como se já não bastassem esses problemas (falta de isonomia entre ativos,
entre
> inativos e entre ativos e inativos), alguns enfrentados e outros
esquecidos
> pela ANDES, o movimento resolveu colocar como bandeira a isonomia entre
> profissionais de duas carreiras diversas: a dos professores do primeiro e
> segundo graus e a do terceiro grau. A meu ver faz muito mais sentido dar
> isonomia aos técnicos de nível superior (alguns com mestrado e doutorado)
que
> apoiam as atividades do ensino de terceiro grau do que aumentar
professores que
> já ganham muito mais que seus colegas das redes públicas estadual e
municipal.
> Um bibliotecário, um analista de sistemas, um secretário formado em Letras
ou
> um engenheiro, que participam ativamente no apoio ao ensino e à pesquisa,
devem
> ganhar salários parecidos aos dos docentes de terceiro grau.
>
> 3) Os mecanismos de discussão e decisão podem ser muito aperfeiçoados. As
> greves tem sido decididas em assembléias com algumas dezenas de pessoas.
> Poderíamos ter voto através da Internet (temos uma excelente rede de
Internet
> nos conectando), poderíamos ter voto por Correio, poderíamos ter
assembléias de
> unidade com poder decisório (seria preciso a maioria delas apontar numa
> direção), poderíamos ter uma revista eletrônica na ADUFRJ onde
colocaríamos
> análises, poderíamos ter listas de discussões específicas organizadas pela
> ADUFRJ, etc. Há diversas possibilidades exploradas por diversas direções
> de "seções sindicais" (as antigas ADs) mas a maioria das ADs se aferrou
aos
> procedimentos tradicionais, das "trade unions" do sec. XIX em Londres:
decisão
> em Assembléia com voto em aberto, discussão em jornais e em falações na
> Assembléia. Nada contra mas há outras formas suplementares.
>
> 4) Nas últimas greves minha unidade, o IF, por amplíssima maioria não fez
> greve. Muitos de nós fomos a assembléias discutir questões de carreira, de
> campanha salarial e de universidade em geral. Lá ouvíamos ofensas aos
"doutores
> elitistas". "Pesquisa", "Produtividade" e "Avaliação" eram palavras
faladas com
> horror, associadas ao "Mal". Ouvíamos colegas nossos usarem seu tempo para
> falar de coisas fora da pauta, como suas vidas pessoais ou reflexões sobre
a
> vida em geral, concluindo com defesas da greve que, na minha opinião ao
menos,
> servia para destruir a universidade pública que tanto os ajudara! Esse
> enchimento de linguiça, as eventuais ofensas e os discursos inconsistentes
eram
> bastante eficientes para esvaziar assembléias, mas não sofriam
advertências da
> mesa, que pecava por omissão.
>
> Enfim houve greves anuais, pautas com reivindicações errôneas, assembléias
com
> 1% dos membros da ADUFRJ e assembléias onde não havia a preocupação em
ajustar
> as "falações" à pauta.
>
> A última assembléia na Letras nâo foi das piores, mas mesmo assim os que
eram a
> favor da proposta do governo (que é baixa, mas que é neutra em relação às
> distorções e dá aumentos acima da inflação de 2003) foram chamados de
> ruminantes ou de pesquisadores insensíveis à exclusão social. Tivemos que
ouvir
> que pessoas ganhando 5 mil reais de aposentadoria eram miseráveis, que
amanhã
> iriam implorar trocados em cruzamentos de rua. Houve boas citações de
Hegel,
> Camões e Brecht. A do Hegel foi bem legal "A prática como critério da
Verdade".
> Quando fui estudante participei de uma chapa que usou essa frase como
slogan
> mas não sabia a origem dela. Acho que todos neste Forum concordam com ela.
>
> Um abraço, Felipe
>
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