RESAZ: [forum-prof] Departamento Universitário

Abraham Zakon azakon2 at globo.com
Tue Jan 26 09:38:55 BRST 2010


 
Excelente contribuição para nossas reflexões.

1 - Na Escola de Química, houve maior homogeneidade e regularidade
departamental enquanto os catedráticos convertidos em titulares eram os
chefes reeleitos. 

2 - Alguém já questionou se deveriam existir as decanias, onde os decanos
são eleitos por algum tempo. 

3 - Sabemos que as ciências são convertidas, por exemplo, pelas engenharias
em tecnologias. 

4 - Entendo que as especialidades médicas e odontológicas e afins
representam segmentos tecnológicos específicos.

5 - Algo semelhante pode ser considerado para as especialidades do Direito e
outras profissões de nível superior.

6 - Quando se percebe que vários Institutos e as Escolas de Engenharia e
Química estão fisicamente reunidas no mesmo conjunto de edificações que é o
CT, além ds ocupadas pelo CCMN, pode-se indagar: porque duas decanias?

7 - Diante desse cenário, surgem algumas questões: 

1a -  O que é mais importante numa decania: decidir questões curriculares ou
os aspectos condominiais (físicos)?  

2a - Será que as decanias deveriam ser convertidas em sub-prefeituras, para
diminuir o número de instâncias burocráticas entre as unidades e a Reitoria?
É importante notar que foram criados os "cepguinhos" e é possível que alguém
invente criar os "ceguinhos".

3a - Será que o Conselho Universitário deveria ser novamente composto pelos
Diretores das Unidades com alguns representantes das classes discente e
docente?

4a - Será que os professores titulares deveriam recuperar as atribuições de
formação e agregação de equipes para aumentar a homogeneidade departamental
ou da "cátedra"? Se extinguirem os departamentos, o que virá? 


Abraham Zakon
Escola de Química

-----Mensagem original-----
De: forum-prof-bounces at if.ufrj.br [mailto:forum-prof-bounces at if.ufrj.br] Em
nome de JOSE RIBAS VIEIRA
Enviada em: terça-feira, 26 de janeiro de 2010 08:23
Para: forum-prof at listas.if.ufrj.br
Assunto: [forum-prof] Departamento Universitário



São Paulo, terça-feira, 26 de janeiro de 2010


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TENDÊNCIAS/DEBATES


Departamento universitário
PAULO GABRIEL SOLEDADE NACIF


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O departamento trouxe avanços à organização da universidade, mas ele começa
a ser conceitualmente superado
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A ESTRUTURA departamental substituiu a organização acadêmica em cátedras e
conquistou uma hegemonia tão significativa que, num certo período, a
sensação era a de que havíamos atingido "o fim da história" no que diz
respeito aos aspectos mais importantes da organização da universidade. Não
obstante tenha sido implantada na universidade por medidas ditatoriais, a
ideia da estrutura departamental já vinha sendo discutida na academia
brasileira. O decreto-lei 252/67 instituiu o departamento como a menor
fração da estrutura universitária para efeitos de organização administrativa
e didático-científica e de distribuição de pessoal.
Buscava-se a nucleação dos campos do saber, organizados em diferentes áreas
de conhecimento.
O departamento representou efetivos avanços na organização da universidade,
mas começa a ser conceitualmente superado.
Assim, buscam-se formas de garantir tais conquistas, adaptando-as a novas
estruturas, mais flexíveis e com maior capacidade de interagir dentro e fora
da universidade.
Uma das principais críticas ao departamento o define como um nível de poder
refratário a interações, altamente resistente a mudanças decorrentes de
necessidades institucionais ou da própria ciência que ele representa na
universidade.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, publicada em 1996,
possibilitou diferentes experiências de estruturação das universidades:
novos modelos de organização das unidades acadêmicas têm surgido. No
entanto, na maior parte das instituições, o departamento mantém-se
aparentemente incólume, mas tem tido uma diminuição da importância na
efetividade das atividades fins da universidade. Isso leva alguns críticos a
afirmar, com exagero, que o departamento já não existe para além de
instância cartorial.
Algumas mudanças circunscrevem-se às nomenclaturas, mantendo a estrutura
departamental quase intacta. A maior parte das experiências tem como foco a
ação interdisciplinar. Infelizmente, mesmo nesses casos, a realidade revela
uma distância ainda considerável da interação entre disciplinas, na busca,
por exemplo, da integração mútua dos conceitos, da epistemologia, da
terminologia e da organização do ensino e da pesquisa.
Não é raro perceber que, mesmo extinto, muitas vezes, o departamento
permanece lá, como um "membro fantasma", e muitos sonham com a sua volta
para que haja consonância entre a concepção de ciência que ainda molda o
fazer acadêmico e a ação administrativa.
As mudanças ocorrem com maior efetividade onde a proximidade das áreas de
conhecimento permite interações imediatas e, evidentemente, também não há
querelas acadêmicas e administrativas. O professor Alex Fiúza, ex-reitor da
UFPA, destaca que, "certamente, a nova estrutura, per se, não garante os
objetivos perseguidos, que sempre dependerão das motivações coletivas, do
jogo das mentalidades, da ética profissional e da atitude cidadã dos
atores".
A transformação dos departamentos em estruturas mais adequadas à
universidade contemporânea vem ocorrendo num acentuado processo
assistemático.
Nas universidades públicas, isso ocorre, inclusive, porque a comunidade
acadêmica se compõe, em sua maioria, por uma geração de professores tão
especializados e, felizmente, com tanto trabalho, que ainda não foi seduzida
a debates dessa natureza.
Como consequência da ausência da reflexão sistemática sobre o assunto é
comum a temerária alternativa de criação de estruturas paralelas, com
sombreamentos evidentes com as funções departamentais.
Instâncias governamentais, associação de dirigentes e sindicatos não se
interessaram ainda em produzir discussões sobre o assunto.
A extinção/mudança dos departamentos necessita ser acompanhada de uma ampla
reflexão que delineie estruturas sucessoras efetivas. Nesse aspecto, a
diferenciação entre as dimensões acadêmica e administrativa e a explicitação
dos espaços de interação e individualização dessas dimensões na universidade
ainda carecem de respostas mais refinadas.
Assim, mesmo com certo consenso de que as estruturas departamentais estão
obsoletas, elas ainda persistem, inclusive porque representam a forma de
resistência à superação das antigas linhas de demarcação, que significam não
apenas interesses menores, como muitos destacam, mas também, ressalte-se,
porque representam um porto seguro num período de tantas indefinições
paradigmáticas em todos os domínios do saber.



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PAULO GABRIEL SOLEDADE NACIF, 45, engenheiro agrônomo e doutor em solos, é
reitor da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia).


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