[forum-prof] Pesquisa... pra que Pesquisa ?

[Luiz Eduardo email]

Minhas aulas, na graduação, são todas, todas, todas... autorais.

Desafio a encontrarem minhas aulas nos livros e revistas.

Tudo que é trabalhado, em sala de aula, se origina de minhas pesquisas.
E´ tudo autoral.
E´ tudo original.

E´ tudo conhecimento gerado por mim...
por meus orientados...
e no entanto são conhecimentos que não cabem em revistas Qualis A.


Ora...
eu não estou formando cientistas publiqueiros na graduação.
Estou formando Farmacêuticos.

As revistas Qualis A não trazem material para uso corriqueiro e 
direto no cotidiano de um profissional de Farmácia, Nutrição ou 
Engenharia de Alimentos.
São informações distintas.

Nem por isso...
o conhecimento que eu produzo...
deixa de ser Pesquisa...
deixa de ser Original...
deixa de ser Autoral.


Uma grande fração desse conhecimento... foi gerado através de 
provocações oriundas da Extensão.
Extensão não é fazer assistencia porca ao lumpesinato nas filas dos 
hospitais ou no Morro do Boréu.

Nem como defendeu, um dia, o AMDF, que eu muito admiro, mas nisso ele 
esteve terrivelmente equivocado...
Extensão não é coisa pra se fazer de graça...
merecendo complemento salarial apenas o que for pesquisa e serviços
(sendo extensão uma voluntariedade filantrópica).

Está na hora de reconstruirmos conceitos e práticas em Extensão.
E isso depende de bolsas (não só para alunos), de recursos e de 
reconhecimento (inclusive curricular).
A UNIVERSIDADE TEM DE SER PLURAL.
Ponto.


MAS ESTÁ TAMBÉM NA HORA DE RECONSTRUIRMOS CONCEITOS, DEFINIÇÕES E PRÁTICAS...
do que é PESQUISA...
dentro daquele tripé das universidades.


São muitos os tipos de Pesquisa.
Um deles deságua em Qualis A.
Maravilha.
Mas muitos tipos... se direcionam para APLICAÇÕES IMEDIATAS...
dando resolução a problemas do cotidiano.


Voltemos à Pesquisa.

Aulas, numa UFRJ, têm de ser autorais.
Os conhecimentos precisam ser renovados continuadamente.
Os autores devem estar em contato direto com os alunos.

MAS ISSO É TUDO QUE OS QUALIS A NÃO FAZEM.

Eles pesquisam coisas que não modificam em nada as aulas na graduação.
Eles assumem disciplinas, pra botar no GED, no Lattes...
mas não aparecem nas salas de aula...
terceirizando o serviço para seus orientados de pos-grad.

E os orientados de pos-grad dão aulas que são resumos boçais dos livros-texto.

As provas ?
Ora...
as provas, a avaliação do aprendizado, então...
se restringe a ser um evento lotérico...
que mede a sorte de quem recebeu a pergunta que mais sabia...
e mede o rigor de sentar na frente, copiar a matéria toda, decorar as 
pegadinhas (e, quando possivel, colar).


OS PUBLIQUEIROS NÃO ESTÃO APENAS DENEGRINDO A IMAGEM DOS DEMAIS PROFESSORES...
ROTULANDO-NOS COMO IMPRODUTIVOS.

Eles estão corroendo a qualidade do ensino de graduação.


Palmas... para seus artigos em Qualis A.
Esse trabalho merece aplauso.


O que não pode é, com isso, querer parametrizar fascistamente a universidade...
o que não pode é...
por causa da concorrencia por uma maldita bolsa do CNPq...
por causa de pontuações em editais do CNPq...
botar pra baixo, querer botar no lixo...
todos os demais professores.


Porque, aqui, se alguma coisa deveria estar no lixo...
são, inversamente, as aulas dos grandes Qualis A...
que não são dadas por eles, mas por seus orientados...
e que não trazem nenhuma inovação da Pesquisa...
mas apenas uma apostilagem de algum livro texto usado em fragmentos.


NÃO ME OBRIGUEM A FALAR SÉRIO.
Por favor.


Aliás... estou de férias desde o dia 01 de janeiro.
Mas enfrentei o calorão do Fundão... e da Linha Vermelha...
pra fazer reunião com orientados, o dia inteiro...

e estou o dia inteiro trabalhando, todo dia, férias ou não...
agora organizando um congresso de Educação Tutorial, para março, no Quinhentão.


Eu, o improdutivo, Assistente 2.

L.E.


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