[forum-prof] Professores repudiam ataque contra Universidade de Gaza
Luiz Felipe Coelho
coelho at if.ufrj.br
Tue Jan 6 19:15:10 BRST 2009
Ribas, Lilia e demais colegas, assinei, embora
duvide da eficiência de abaixo-assinados.
Contrariamente à aparência no entanto a maior
vítima desse ataque não é o povo palestino (este
é um conflito longo mas de baixa intensidade, o
dos tamis no Ceilão a guerra interminável do
Congo são muito piores, até a nossa guerra civil
nas cidades brasileiras mata mais) e sim a
continuada destruição da ordem internacional
causada pelo permanente veto dos Estados Unidos
no Conselho de Segurança da ONU a qualquer
resolução que obrigue Israel a qualquer coisa.
Israel tem carta branca para manter sua limpeza
étnica de 600 mil palestinos desde 1947, para
ocupar militarmente a Palestina desde 1967, para
ocupar um pedaço da Síria, para se recusar a
permitir um estado palestino laico (criado pela
ONU em 1947 junto com o estado israelense), para
ameaçar bombardear o Iran, para fazer banhos de
sangue no Líbano e em Gaza, matando ora 1000, ora 3000, ora 500 e tudo bem.
A minha crítica principal não é contra Israel, um
estado pode querer agir contra a lei, como uma
pessoa pode, é contra a destruição da polícia
internacional, que é a ONU, feita pelos Estados
Unidos nesses 60 anos. Mas não são só eles, os
outros 4 países com poder de veto todos fizeram
coisas muito piores do que o que Israel faz,
assim sendo acham normal ocupar países e fazer matanças de populações civis.
A Rússia acabou de fazer isso na Chechênia,
quando matou 100 000 pessoas, e com a invasão da
Geórgia, sem falar na história de horrores do passado soviético.
Os EUA fizeram isso, nas últimas quatro décadas,
no Vietnã (3 milhões de mortos), na Sérvia e no
Iraque, sem falar no massacre coletivo das
populações civis de Hiroshima e de Nagasaki, 200
000 pessoas, um evidente ato terrorista. Os
bombardeios maciços na Alemanha, no Japão e no
Vietnã também foram crimes de guerra, de fazer o
bombardeio nazista em Guernica parecer brincadeira.
A França fez uma guerra cruel contra os
argelinos, onde morreram 1 milhão de pessoas, e
contra os indochineses, dois povos que tinham
sofrido a perda de suas terras para imigrantes coloniais franceses.
O Reino Unido fez também guerras sujas, entre
1920 e 1960, na Irlanda, na Grécia, na Malásia,
no Quênia, e a última terminou recentemente na
Irlanda do Norte. Particularmente sujas foram as
da Irlanda e do Quênia, pois envolviam a remoção
de imigrantes colonizadores britânicos. Além
disso participaram dos bombardeios maciços na
Alemanha junto com os americanos, onde meio milhão de civis morreu.
A China faz genocídio cultural - com
transferências de dezenas de milhões de chineses
para as regiões ocupadas do Tibete, da Mongólia e
do Sinkiang, que antes eram parte do mesmo
Império Manchu que ela, China. No momento faz uma
política de repressão pesada no Tibete, contra
aquele evidente terrorista Dalai Lama, e contra
os muçulmanos no Sinkiang. Além disso quer anexar
outra parte desse antigo império, que também
nunca antes fora chinesa, Taiwan, e ainda ocupa
um pedaço da antiga província indiana da Cashemira.
São esses 5 países - todos ex-potências
coloniais, só três tendo regimes democráticos -
os membros permanentes da ONU, os que vão dizer o
que viola ou não viola a Lei Internacional, o que
viola ou não viola os Direitos Humanos. Não
espanta que não funcione, exceto em casos onde
nenhum desses 5 esteja diretamente interessado,
como o Zimbabwe. É essencial a reforma da ONU mas
não espanta que nenhum desses países queira
perder o poder de veto e a garantia de que não
será constrangido caso cometa crimes.
A meu ver essa crise tem o mesmo papel que a
invasão da Etiópia pela Itália fascista nos anos
30, invasão esta que acabou com a Liga das
Nações. Essa crise de Israel/Palestina (como as
da Chechênia, do Tibete, do Iraque, do Kossovo,
da Argélia, da Irlanda do Norte, do Vietnã, da
Geórgia, etc, etc) torna mais e mais a ONU numa
nova Liga das Nações ridícula. O processo é mais
lento, mas o resultado é o mesmo, a "autoridade
física e moral da comunidade internacional" vira galhofa.
Precisa haver no mínimo mais quinze países no
Conselho de Segurança (acabando a farsa dos
membros não permanente que nada podem) e eliminar
o poder de veto, passando a ter as decisões por
maioria acima de uma percentagem a determinar. A
minha lista: Brasil, Índia, Japão, Alemanha,
Canadá, México, Espanha, Itália, Nigéria,
Indonésia, Paquistão, África do Sul, Egito,
Ucrânia, Suécia, Argentina. Seriam 2 países da
América do Sul (hoje com 0), 2 da América do
Norte (hoje com 1), 3 da África (hoje com 0), 4
da Ásia (hoje com 1) e 4 da Europa (hoje com 3).
Enfim, isso seria o meu sonho de nova ordem
internacional, bom para um período de férias chuvosas...
Abraços para todos
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