[forum-prof] Universidades vs terciarização do ensino superior : a lógica da expansão do acesso com manutenção da desigualdade: o caso brasileiro
Luiz Felipe Coelho
coelho at if.ufrj.br
Tue Sep 16 15:45:17 BRT 2008
Prezados colegas
Aproveitando a oportunidade de discutirmos os
rumos para o nosso concurso de acesso e para a
política de expansão de vagas da UFRJ, feita na
base de decisões isoladas de universidades ou de
pequenos grupos de docentes, aqui vai um artigo
interessante sobre a expansão de vagas no sistema
de ensino superior brasileiro nas últimas quatro
décadas. Foi publicado em 2007.(Sociologias,
Porto Alegre, ano 9, nº 17, jan./jun. 2007, p.
102-123).http://www.scielo.br/pdf/soc/n17/a05n17.pdf
O artigo aponta que no Brasil somos mais
desiguais até quando estamos aparentemente
diminuindo a desigualdade, nossa desigualdade é
sutil. Isso ocorre até na UFRJ, onde não há
mecanismos administrativos eficientes para apoiar
que cursos de alta demanda aumentem suas vagas. A
recente renúncia coletiva da Coordenação de
Desenvolvimento e Acompanhamento Docente do
CEG-CEPG (CDAD) é um exemplo da dificuldade até
em diagnosticar a existência ou não de dados básicos acadêmicos.
O problema vai muito além do Vestibular mas este
é a ponta do iceberg. Ele é pago, é detalhista na
escolha precoce de curso e não usa o resultado do
ENEM para seleção, nem ao menos nas provas
não-específicas. Adicionalmente ele não é
coordenado com o de nenhuma outra universidade
pública (o que leva a vagas não preenchidas desde
o primeiro semestre). É interessante que
dificuldades práticas ou acadêmicas de coordenar
os processos de acesso das diversas universidades
públicas (que são reais) não são tão grandes
assim pois não impediram que estas universidades
coordenassem o acesso a seus cursos EAD do
convênio CEDERJ. Falta decisão política das
universidades para acabar com o massacre de
provas, de mais de maia dúzia de vestibulares,
que se estende por um semestre para jovens que
desejam entrar numa universidade pública.
Um grande abraço, Felipe
---
"Universidades vs terciarização do ensino
superior: a lógica da expansão do acesso com
manutenção da desigualdade: o caso brasileiro
Antônio Augusto Pereira Prates (Mestre em
Sociologia pela State University of New York at
Stony brook e Doutor em Sociologia pela
UFMG. Professor Adjunto IV do Departamento de
Sociologia e Antropologia da FAFICH-UFMG. Este
artigo foi extraído da Tese de doutoramento do
autor denominada Os Sistemas de Ensino Superior
na Sociedade Contemporânea: Diversificação,
democratização e Gestão organizacional O caso
brasileiro apresentada na UFMG, 2005.)
(...)
Conclusão
Nosso artigo sugere que a expansão do canal de
acesso ao ensino superior , em todo o mundo,
embora tenha apresentado efeitos significativos
no plano da democratização do acesso, não foi
suficiente para derrubar a muralha de classe
social, resguardando o privilégio de entrada nas
grandes e tradicionais universidades em quase
todos os países do planeta. O caso brasileiro
corrobora esta tendência mundial, embora com
feições diferentes.Em primeiro lugar, o sistema
privado de ensino constitui o equivalente
funcional do sistema terciário não universitário
da Europa e dos EUA, na medida em que foi sua
expansão que aumentou o acesso aos setores menos
privilegiados da sociedade brasileira, e não o
sistema público, que continuou fortemente
elitista. Em segundo lugar, distintamente do que
ocorre no contexto mundial, o título
universitário, aqui, aumenta o efeito
particularista da origem de classe sobre o
destino ocupacional das pessoas, anulando, assim,
o efeito do mérito na mobilidade ocupacional."
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