<html>
<body>
Prezados colegas<br><br>
Aproveitando a oportunidade de discutirmos os rumos para o nosso concurso
de acesso e para a política de expansão de vagas da UFRJ, feita na base
de decisões isoladas de universidades ou de pequenos grupos de docentes,
aqui vai um artigo interessante sobre a expansão de vagas no sistema de
ensino superior brasileiro nas últimas quatro décadas. Foi publicado em
2007.(Sociologias, Porto Alegre, ano 9, nº 17, jan./jun. 2007, p.
102-123).<a href="http://www.scielo.br/pdf/soc/n17/a05n17.pdf" eudora="autourl">
http://www.scielo.br/pdf/soc/n17/a05n17.pdf<br><br>
</a>O artigo aponta que no Brasil somos mais desiguais até quando estamos
aparentemente diminuindo a desigualdade, nossa desigualdade é sutil. Isso
ocorre até na UFRJ, onde não há mecanismos administrativos eficientes
para apoiar que cursos de alta demanda aumentem suas vagas. A recente
renúncia coletiva da Coordenação de Desenvolvimento e Acompanhamento
Docente do CEG-CEPG (CDAD) é um exemplo da dificuldade até em
diagnosticar a existência ou não de dados básicos acadêmicos.<br><br>
O problema vai muito além do Vestibular mas este é a ponta do iceberg.
Ele é pago, é detalhista na escolha precoce de curso e não usa o
resultado do ENEM para seleção, nem ao menos nas provas não-específicas.
Adicionalmente ele não é coordenado com o de nenhuma outra universidade
pública (o que leva a vagas não preenchidas desde o primeiro semestre). É
interessante que dificuldades práticas ou acadêmicas de coordenar os
processos de acesso das diversas universidades públicas (que são reais)
não são tão grandes assim pois não impediram que estas universidades
coordenassem o acesso a seus cursos EAD do convênio CEDERJ. Falta decisão
política das universidades para acabar com o massacre de provas, de mais
de maia dúzia de vestibulares, que se estende por um semestre para jovens
que desejam entrar numa universidade pública. <br><br>
Um grande abraço, Felipe<br>
---<br>
"Universidades vs terciarização do ensino superior: a lógica da
expansão do acesso com manutenção da desigualdade: o caso brasileiro<br>
Antônio Augusto Pereira Prates (Mestre em Sociologia pela State
University of New York at Stony brook e Doutor em Sociologia pela<br>
UFMG. Professor Adjunto IV do Departamento de Sociologia e Antropologia
da FAFICH-UFMG. Este artigo foi extraído da Tese de doutoramento do autor
denominada “Os Sistemas de Ensino Superior na Sociedade Contemporânea:
Diversificação, democratização e Gestão organizacional – O caso
brasileiro” apresentada na UFMG, 2005.)<br><br>
(...)<br><br>
<font color="#292526">Conclusão<br><br>
Nosso artigo sugere que a expansão do canal de acesso ao ensino superior
, em todo o mundo, embora tenha apresentado efeitos significativos no
plano da democratização do acesso, não foi suficiente para derrubar a
muralha de classe social, resguardando o privilégio de entrada nas
grandes e tradicionais universidades em quase todos os países do planeta.
O caso brasileiro corrobora esta tendência mundial, embora com feições
diferentes.Em primeiro lugar, o sistema privado de ensino constitui o
“equivalente funcional” do sistema terciário não universitário da Europa
e dos EUA, na medida em que foi sua expansão que aumentou o acesso aos
setores menos privilegiados da sociedade brasileira, e não o sistema
público, que continuou fortemente elitista. Em segundo lugar,
distintamente do que ocorre no contexto mundial, o título universitário,
aqui, aumenta o efeito particularista da origem de classe sobre o destino
ocupacional das pessoas, anulando, assim, o efeito do mérito na
mobilidade ocupacional."</font> </body>
</html>