[forum-prof] Recadinho do INEP, olha...

Prof. Luiz Eduardo luizeduardo at pharma.ufrj.br
Wed Jan 10 07:09:34 BRST 2007


DESINTERESSE AFASTA MAIS ESTUDANTE
QUE PRESSÃO DE TRABALHAR

A falta de atratividade da escola foi o fator que 
mais levou estudantes de 15 a 17 anos a não ir às 
aulas em 2005, diz pesquisa do Instituto Nacional 
de Estudos e Pesquisas Educacionais. A falta de 
vontade de estudar leva à evasão em 40,4% dos 
casos, à frente da necessidade de trabalhar 
(17,1%). De acordo com a pesquisa do Inep, 75% 
dos estudantes não completaram o ensino fundamental.


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07 de janeiro de 2007
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Escola não motiva e perde alunos

40% dos adolescentes que deixaram de estudar 
apontaram a falta de vontade para assistir às aulas

Na faixa de 15 a 17 anos, gestação também aumenta 
percentual de abandono do colégio, diz estudo 
baseado na Pnad, pesquisa do IBGE

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Deu preguiça de andar até a escola." Essa é a 
primeira razão citada por Aline (nome fictício) 
para explicar por que parou de estudar aos 15 
anos. Aparentemente, a resposta indica que foi a 
larga distância ou a falta de transporte público 
entre sua casa, no complexo da Maré (zona norte 
do Rio), e o antigo colégio que a fez desistir.
Com um pouco mais de conversa, porém, ela explica 
que a preguiça não era causada pelos 20 minutos 
de caminhada. O problema era outro: "Os 
professores eram muito chatos. Não sabiam 
explicar nada e repetiam todo mundo. É por isso 
que só tinha marmanjo na 6ª série [do ensino 
fundamental]". Com tanto desestímulo para 
aprender, ela parou e, logo depois, engravidou. 
Hoje, com 16 anos, é mãe de uma menina de cinco meses.
Esse breve relato da história de Aline ajuda a 
sintetizar em um único exemplo as principais 
razões que levaram 1,7 milhão de jovens entre 15 
e 17 anos (16% do total) a não estudar em 2005. 
Para saber quem são eles, o Inep (Instituto 
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) 
elaborou um estudo com base na Pesquisa Nacional 
por Amostra de Domicílios do IBGE em que três conclusões se sobressaem:
1) três em cada quatro desses jovens (75%) não 
completaram o ensino fundamental, mas a maioria 
(68%) ao menos chegou até a 5ª série;
2) ter tido filho diminui a probabilidade de a 
jovem estudar. Entre as que freqüentam a escola, 
apenas 1,6% é mãe, percentual que sobe para 28,8% entre as que estão fora;
3) mais do que a falta de vagas, de transporte ou 
mesmo a necessidade de trabalhar, é a falta de 
vontade de estudar que os empurra para fora do 
sistema de ensino. Essa razão foi identificada em 
40,4% dos casos entre os que não estão em sala de 
aula. A necessidade de trabalhar vem depois (17,1%).
A primeira observação indica que o problema da 
evasão está concentrado entre a 5ª e a 8ª série 
do ensino fundamental. A segunda mostra que a 
fecundidade precoce tem impacto significativo na 
desistência de muitas meninas. Já a terceira 
sugere que, se a escola não for atraente e fizer 
algum sentido ao jovem, ele vai abandoná-la mesmo 
que suas chances no mercado de trabalho sejam nulas ou pouco convidativas.
Prova disso é que, desse 1,7 milhão de jovens 
fora da escola, 43,4%, ou 740 mil, não trabalham 
nem sequer estão procurando emprego. Mesmo quando 
conseguem achar um trabalho (caso de 44% dos que 
não estudam mais), no entanto, trata-se de 
emprego precário, já que apenas 8% do total de 
jovens fora da escola trabalhando tem carteira assinada.
O presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, aponta 
a repetência como fator de desinteresse dos 
jovens pela escola. Com baixo desempenho, o aluno 
deixa de ir à aula, e os pais já não têm tanta 
influência para mantê-los estudando como tinham nas séries iniciais.
Para a professora de pós-graduação em educação da 
UnB (Universidade de Brasília) Benigna Villas 
Boas, as escolas precisam encontrar uma forma de 
avaliar o aprendizado e oferecer mecanismos de recuperação ao longo do ano.
Já Rubem Alves, educador e colunista da Folha, 
diz que o próprio sistema em que as escolas 
funcionam é pouco atrativo. Usa como exemplo o 
fato de as disciplinas serem ministradas 
separadamente. "Quem foi que disse que a cabeça 
da criança funciona como aparelho de TV em que 
você pode tocar uma campainha e mudar de português para matemática?"
Na avaliação de Eliane Andrade, professora do 
departamento de educação da Uerj (Universidade 
Estadual do Rio de Janeiro) e da UniRio, não há 
motivo único que leve o jovem a abandonar. Para 
ela, a necessidade de trabalhar não pode ser 
desprezada, mas o problema principal está na escola.
"A escola não está pensando nesse menino que quer 
trabalhar. Dar recursos a ele é um passo 
importante, mas não é a solução. Não dá para 
ficar botando mil penduricalhos sem meter a mão 
na escola. Se formos acompanhar esse jovem, 
veremos que ele até tenta voltar várias vezes. 
Ele está sendo generoso com a escola, mas a 
escola não está sendo generosa com ele", diz Andrade.
Esse caminho de ida e volta foi feito três vezes 
por Mara Mônica da Silva, 18, aluna do programa 
ProJovem no município do Rio. "Eu até era boa 
aluna, mas quando chegava outubro desistia de 
estudar porque precisava trabalhar", diz.
Seu colega no programa, João Batista Cavalcante, 
24, também está tentando voltar a estudar após 
abandonar a escola aos 15 anos, ainda na 6ª 
série: "Eu ficava sem ânimo. Acho que era 
rebeldia. Hoje me arrependo de ter parado".
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