<html>
<body>
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<div align="center"><font size=4 color="#000080"><b><u>DESINTERESSE
AFASTA MAIS ESTUDANTE <br>
QUE PRESSÃO DE TRABALHAR<br><br>
</u></b></font></div>
A falta de atratividade da escola foi o fator que mais levou estudantes
de 15 a 17 anos a não ir às aulas em 2005, diz pesquisa do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. A falta de vontade de
estudar leva à evasão em 40,4% dos casos, à frente da necessidade de
trabalhar (17,1%). De acordo com a pesquisa do Inep, 75% dos estudantes
não completaram o ensino fundamental.<br><br>
<br>
------------------<br><br>
<br><br>
<div align="right"><font size=1>07 de janeiro de 2007</font> <br>
<img src="cid:7.0.1.0.0.20070110060832.01c95e98@pharma.ufrj.br.3" width=217 height=36 alt="[]">
<br>
</div>
<img src="cid:7.0.1.0.0.20070110060832.01c95e98@pharma.ufrj.br.4" width=500 height=1 alt="[]">
<br><br>
<br>
<div align="center"><font size=5><b><u>Escola não motiva e perde
alunos</b> <br><br>
</u></font><b>40% dos adolescentes que deixaram de estudar apontaram a
falta de vontade para assistir às aulas<br><br>
Na faixa de 15 a 17 anos, gestação também aumenta percentual de abandono
do colégio, diz estudo baseado na Pnad, pesquisa do IBGE <br><br>
</div>
<div align="right"><font size=1>ANTÔNIO GOIS<br>
</b>DA SUCURSAL DO RIO <br><br>
<b>LUCIANA CONSTANTINO<br>
</b>DA SUCURSAL DE BRASÍLIA <br><br>
</font></div>
"Deu preguiça de andar até a escola." Essa é a primeira razão
citada por Aline (nome fictício) para explicar por que parou de estudar
aos 15 anos. Aparentemente, a resposta indica que foi a larga distância
ou a falta de transporte público entre sua casa, no complexo da Maré
(zona norte do Rio), e o antigo colégio que a fez desistir.<br>
Com um pouco mais de conversa, porém, ela explica que a preguiça não era
causada pelos 20 minutos de caminhada. O problema era outro: "Os
professores eram muito chatos. Não sabiam explicar nada e repetiam todo
mundo. É por isso que só tinha marmanjo na 6ª série [do ensino
fundamental]". Com tanto desestímulo para aprender, ela parou e,
logo depois, engravidou. Hoje, com 16 anos, é mãe de uma menina de cinco
meses.<br>
Esse breve relato da história de Aline ajuda a sintetizar em um único
exemplo as principais razões que levaram 1,7 milhão de jovens entre 15 e
17 anos (16% do total) a não estudar em 2005. Para saber quem são eles, o
Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) elaborou um
estudo com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE em
que três conclusões se sobressaem:<br>
1) três em cada quatro desses jovens (75%) não completaram o ensino
fundamental, mas a maioria (68%) ao menos chegou até a 5ª série;<br>
2) ter tido filho diminui a probabilidade de a jovem estudar. Entre as
que freqüentam a escola, apenas 1,6% é mãe, percentual que sobe para
28,8% entre as que estão fora;<br>
3) mais do que a falta de vagas, de transporte ou mesmo a necessidade de
trabalhar, é a falta de vontade de estudar que os empurra para fora do
sistema de ensino. Essa razão foi identificada em 40,4% dos casos entre
os que não estão em sala de aula. A necessidade de trabalhar vem depois
(17,1%).<br>
A primeira observação indica que o problema da evasão está concentrado
entre a 5ª e a 8ª série do ensino fundamental. A segunda mostra que a
fecundidade precoce tem impacto significativo na desistência de muitas
meninas. Já a terceira sugere que, se a escola não for atraente e fizer
algum sentido ao jovem, ele vai abandoná-la mesmo que suas chances no
mercado de trabalho sejam nulas ou pouco convidativas.<br>
Prova disso é que, desse 1,7 milhão de jovens fora da escola, 43,4%, ou
740 mil, não trabalham nem sequer estão procurando emprego. Mesmo quando
conseguem achar um trabalho (caso de 44% dos que não estudam mais), no
entanto, trata-se de emprego precário, já que apenas 8% do total de
jovens fora da escola trabalhando tem carteira assinada.<br>
O presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, aponta a repetência como fator
de desinteresse dos jovens pela escola. Com baixo desempenho, o aluno
deixa de ir à aula, e os pais já não têm tanta influência para mantê-los
estudando como tinham nas séries iniciais.<br>
Para a professora de pós-graduação em educação da UnB (Universidade de
Brasília) Benigna Villas Boas, as escolas precisam encontrar uma forma de
avaliar o aprendizado e oferecer mecanismos de recuperação ao longo do
ano.<br>
Já Rubem Alves, educador e colunista da Folha, diz que o próprio sistema
em que as escolas funcionam é pouco atrativo. Usa como exemplo o fato de
as disciplinas serem ministradas separadamente. "Quem foi que disse
que a cabeça da criança funciona como aparelho de TV em que você pode
tocar uma campainha e mudar de português para matemática?"<br>
Na avaliação de Eliane Andrade, professora do departamento de educação da
Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e da UniRio, não há motivo
único que leve o jovem a abandonar. Para ela, a necessidade de trabalhar
não pode ser desprezada, mas o problema principal está na escola.<br>
"A escola não está pensando nesse menino que quer trabalhar. Dar
recursos a ele é um passo importante, mas não é a solução. Não dá para
ficar botando mil penduricalhos sem meter a mão na escola. Se formos
acompanhar esse jovem, veremos que ele até tenta voltar várias vezes. Ele
está sendo generoso com a escola, mas a escola não está sendo generosa
com ele", diz Andrade.<br>
Esse caminho de ida e volta foi feito três vezes por Mara Mônica da
Silva, 18, aluna do programa ProJovem no município do Rio. "Eu até
era boa aluna, mas quando chegava outubro desistia de estudar porque
precisava trabalhar", diz.<br>
Seu colega no programa, João Batista Cavalcante, 24, também está tentando
voltar a estudar após abandonar a escola aos 15 anos, ainda na 6ª série:
"Eu ficava sem ânimo. Acho que era rebeldia. Hoje me arrependo de
ter parado".<br>
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