[forum-prof] tudo muito bom,
lilia at ov.ufrj.br
lilia at ov.ufrj.br
Tue Jan 9 16:35:39 BRST 2007
Caro Ismael,
minhas msgs telegraficas sao fruto do atual estado de espirito
sem a minima paciencia ... peco desculpas por isso.
Quanto aa critica, parece claro q eh datada ... de fato
refere-se principalmente ao trem da alegria da virada dos 70 para os 80
qdo, p.ex., muitos sem concurso e todos os "colaboradores"
foram absorvidos com a bencao da "politica sindical"
(q por falar nisso, nao mudou nada o discurso).
Muitos suaram a camisa para se adaptar, qualificar-se, etc.,
mas ha alguns (sem doutorado) que se aposentaram jovens com salario
de titular (q agora "nosso sindicato" defende que nao merecem
apenas a aposentadoria da "categoria imediatamente superior a de adjunto"
- a nova -
e devem continuar a receber como titular).
Naquela epoca lembro bem dos prognosticos dramaticos sobre
"o futuro da universidade e da carreira" ... dito e feito ...
muitos professores aprendendo para ensinar ...
eh evidente que ha casos de excelencia mas em geral
o resultado disso, foi mediocre durante um periodo nao desprezivel.
Dispenso aqui de julgar individuos, suas opcoes, sua prioridades.
Ateh entendo q aas vezes eh dificil lutar por "uma causa"
quando tudo se resume a duelos ou polielos de egos e de acoes "I myself",
regados aa pobreza de recursos (lembro-me sempre da experiencia de ratos
famintos em um jaula pequena devorando-se uns aos outros).
O fato eh que esse passado medeiocre no qual me incluo,
nao pode ser retirado da analise das causas de nossa atualidade critica,
e resumir tudo a era FHC ou a era seja la qual for (simplesmente
eh um dicurso enganacao).
abraco Lilia
PS - evidente que tivemos nas nossas universidades no passado
profs totalmente brilhantes (inclusive alguns nao se
preocupavam em publicar, mesmo sendo originais)
Quoting Ismael da Silva Soares <ismael at ind.ufrj.br>:
> Prezada Lilia
> Sou formado em Eng. Metalúrgica, turma de 1965. Naquela época a maioria dos
> professores eram horistas, e ministravam aula tanto na UFRJ (Escola Nacional
> de Engenharia), como na PUC e na UFF (UFF-Volta Redonda). A UERJ (UEG)
> formou a 1a. turma em 1965, não tinha Metalurgia.
> Desculpe-me mas os cursos eram muito bons e os professores excelentes.
> Existia Engenharia no Brasil, a vontade de substituir produtos e peças
> importadas. A nacionalização atingiu um alto índice nos anos 70.
> Sei disso porque até 1990 trabalhei em empresas, embora durante 12 anos
> tenha sido professor horista na PUC.
> Ismael Soares - POLI/Depto.Eng.Industrial
>
> On Mon, 8 Jan 2007 12:27:18 -0200, lilia wrote
>> tudo muito bem ... nada como verdades parciais
>> para manter acesa a "intelectualidade" ... mas soh uma questaozinha
>>
>> ALGUEM SE LEMBRA COMO A UNIVERSIDADE ERA RUIM?
>>
>> COMO OS CURSOS ERAM FRAQUESIMOS?
>>
>> AO MENOS EM CIENCIAS EXATAS O SALTO FOI NAO DESPREZIVEL ...
>>
>> eh bem verdade que eu acho que os educadores precisam ser educados,
>> que com a retirada da GED voltou a debandagem
>> dos "publicadores" das salas de graduacao ...
>> que ateh o LP tem razao em uma serie de criticas ...
>>
>> porem nao se pode fugir da realidade do passado mediocre... l
>>
>> Quoting Luis Paulo Vieira Braga <lpbraga at im.ufrj.br>:
>>
>> > Meus Colegas Publicadores e Cientistas Maquinas,
>> >
>> > O enquadramento definitivo da política científica brasileira ao
>> > sistema ocidental se deu precisamente no governo FHC. O colapso do
>> > projeto estatista nacionalista com as privatizaçoes não poderia
>> > deixar de ser acompanhado pelas respectivas adaptações na vida
>> > científica e cultural do país. O célebre documento de refundação da
>> > CAPES pelo prof. Baeta não deixa dúvidas - O sistema de pós-graduação
>> > não se destina mais a formar professores, mas pesquisadores. A
>> > pesquisa não deve ser mais voltada para a produção de tecnologia
>> > nacional, mas vincular-se aos temas internacionais de pesquisa. A
>> > fechadura é dupla, na primeira volta desqualifica a docência, na
>> > segunda volta tranca sua mente. O estrato formado pelos dirigentes
>> > das estatais, seus empregados, técnicos e pessoal de nível superior
>> > foi sendo aos poucos diluído. Das estatais que sobraram, como a
>> > PETROBRAS, procede-se sua refundação, transformando-as em
>> > multinacionais. Daqueles que viveram a febre da tecnolgia nacional,
>> > uns fora
>> > m cooptados, outros ainda subsistem em nichos, nas IFES, nas Forças
>> > Armadas, no setor público. As novas gerações de docentes (ainda uso o
>> > termo) não viveram nada disto e, obviamente, almejam o sucesso em
>> > suas carreiras, o que só é possível se girarem a chave duas vezes. A
>> > falsa polêmica sobre a obsolescência do ANDES passa por aí também. Só
>> > faz sentido um sindicato nacional enquanto se falar de um modelo
>> > unitario de IFE, como é atualmente. Porém, se vingar o modelo de
>> > organização social, que estava embutido na reforma universitária (da
>> > Fundação Orion) , e que não foi adiante, aí a proposta de sindicatos
>> > independentes vai se tornar inevitável. Ocorre que a bandeira pelo
>> > desmonte do ANDES passou a ser um objetivo na estratégia da
>> > implantação da reforma universitária, e não uma consequência dela. As
>> > mudanças sociais e econômicas se fazem devido aos interesses e à
>> > força dos envolvidos. As dificuldades na implantação da reforma
>> > universitária limitaram o seu alcance ao apoio aos empresários de
>> > ensino e à oferta de vagas (de discutível qualidade) para a margem
>> > das famílias cujos filhos não conseguiam entrar e se manter em um
>> > curso superior. No sistema produtivo pré-globalização, a criação da
>> > pós-graduação e do incentivo à pesquisa visava a formação de quadros
>> > para atuar nas indústrias nacionais. No quadro atual de
>> > reprimarização da economia nacional, de assimilação e imbricamento do
>> > sistema produtivo nacional às corporações internacionais, a demanda
>> > colocada pela sociedade para as universidades é por pessoal apenas
>> > qualificado para operar e adaptar sistemas que são concebidos em
>> > escala mundial. Para as mentes mais exigentes e inquietas a
>> > alternativa seriam os grandes centros internacionais de pesquisa e
>> > seus satélites(formais ou informais) implantados na periferia. A
>> > adesão ou a rejeição a um projeto nem sempre é um ato de vontade,
>> > muitas vezes é luta pela sobrevivência. Outros aderem de corpo e
>> > alma, e há os que resistem, por anacronismo, ou até por convicção de
>> > que a nova ordem não será tão benéfica assim. Já se foram oito anos
>> > de governo FHC, e quatro anos de governo LULA. Os porcentuais do
>> > orçamento destinados ao MEC se mantem os mesmos, aqueles destinados
>> > ao MCT, apesar do crescimento, são irrisórios. A ciência brasileira,
>> > a despeito de sucessos aqui e acolá, patina atrás de países asiáticos
>> > como Coréia, China e até Índia (que há vinte anos estavam atrás do
>> > Brasil). O número de patentes registradas é ridículo, o pagamento de
>> > royalties por licenças cresceu exponencialmente e se tornou tão
>> > importante quanto a remessa de lucros. E, apesar do Bolsa Escola,
>> > depois tornado Bolsa Família, apesar de todas as ONG´s, de todos os
>> > planos financeiros continuamos com quase 50% de pobres, com problemas
>> > serios na área da segurança, do crescimento
>> > e devendo mais de um trilhão de reais... Portanto, parece que jogamos
>> > a água, a criança e a bacia fora.
>> >
>> > Há sociedades que nunca despertam, têm uma existência medíocre, ou
>> > subordinada, até que desaparecerem na história. O futuro do Brasil
>> > não está marcado por nenhuma profecia que lhe assegure um destino
>> > auspicioso. Pelo contrário, as oportunidades perdidas foram tantas
>> > que pode-se temer pelo inverso. Suas duas grandes forças no século
>> > passado - a burguesia nacional e o proletariado, deixaram-se,
>> > respectivamente, cooptar por um projeto exógeno, e por uma burocracia
>> > sindical conformista. O Brasil do século XXI, por outro lado, é muito
>> > mais entrópico, fragmentado, e anárquico. A situação da universidade
>> > é um reflexo disto, nem se sabe direito a qual senhor estamos
>> > servindo e porquê. Nos próximos anos a necessária reordenação dos
>> > projetos político-partidários poderá trazer um direcionamento
>> > alternativo às opções existentes, ou não...
>> >
>> > On Sat, 06 Jan 2007 17:06:47 -0300, Prof. Luiz Eduardo wrote
>> >> Meus Colegas Cientistas e suas Maquinas Publicadoras
>> >>
>> >> Em 1974, a UNICAMP contratava recem-graduados, sem concurso, e de
>> >> imediato já os enviava para fazer mestrado e doutorado em Davies, na
>> >> Califórnia.
>> >>
>> >> Em 1975, recem-graduado na engenharia de alimentos da UNICAMP, fui o
>> >> primeiro colocado na seleção do Mestrado.
>> >>
>> >> Isso não tem mérito nenhum.
>> >>
>> >> Eu sabia muito bem que tipo de decoreba aqueles "cientistas" iriam
>> >> perguntar na prova escrita.
>> >> Com certeza iriam mandar colocar no papel o Ciclo de Krebs, ou da
>> >> Pentose-Fosfato, e seus compostos intermediários, todos, pela ordem.
>> >> Ok, eles não pediram isso.
>> >> Mas pediram todas as enzimas envolvidas no processo (pela ordem).
>> >> Eu tinha decorado tudo isso e muito mais.
>> >> Sei muito bem respeitar as regras do jogo.
>> >> Enquanto estiver jogando.
>> >> Enquanto estiver em idade de jogar.
>> >> Até me tornar um adulto professor.
>> >> Agora... sinto muito, mas agora o jogo acabou.
>> >> Eu tenho apenas esta vida.
>> >> Não posso jogá-la no lixo, submetê-la às ordens dos mortos-vivos.
>> >>
>> >> Eu vejo o que meus colegas-cientistas publicam.
>> >> Aquilo não pode ser jogado no lixo.
>> >> Aquilo é pior que lixo hospitalar.
>> >> Aquilo é pior que pilhas e baterias usadas.
>> >> Aquilo não pode ser despejado em qualquer lata de lixo.
>> >> Falemos sério.
>> >>
>> >> Minha tese de mestrado era pra ser no que se publicava na época:
>> >> mistura de farinhas para recombinar os aminoácidos essenciais,
>> >> otimizando o valor biológico, compensando a falta de lisina do milho
>> >> e a carencia de metionina da soja, fazendo uma farinha mista pros
>> >> pobres comerem.
>> >> A universidade, como vemos, já defendeu porcarias mais sofisticadas
>> >> que o Bolsa-Família.
>> >>
>> >> Fiz muitos experimentos.
>> >> E mesmo publiquei muitas dessas porcarias, enquanto humilde e
>> >> subalterno APRENDIZ.
>> >> Desidratei polpa de goiaba, em secadores de tambor aquecido, tudo
>> >> misturado com muita soja.
>> >> Botei rato pra comer.
>> >> Pesei rato, medi rato, humilhei ratos e poderia ser hoje um campeão
>> >> de alpinismo lattesiano.
>> >>
>> >> Na boiada já fui boi, mas um dia me montei.
>> >> Não vou ficar fazendo isso que leio nas revistas: contando, com
>> >> barômetros ou não, quantos coliformes fecais, ou quantas microgramas
>> >> de mercúrio existem nos mariscos pescados em Saquarema.
>> >> Não vou ficar colecionando publicações desse tipo.
>> >> Isso não é ciencia.
>> >> Isso é vulgar burocracia de laboratório.
>> >> Isso pode ser feito por qualquer alunos de nível médio.
>> >> Isso é trabalho de rotina nos miseráveis laboratórios oficiais de
>> >> saúde pública.
>> >> Isso não é ciencia.
>> >> Nada disso é ciencia.
>> >>
>> >> Mas é isso que eu vejo meus colegas cientistas publicando
>> >> inutilmente, banalmente, burocraticamente, mariavaicomasoutrasmente.
>> >>
>> >> Das farinhas mistas, dos produtos de soja salvadores da fome e da
>> >> miséria, passando pela contagem de contaminantes e micróbios, agora
>> >> entraram nessa charlatanice de alimentos funcionais.
>> >>
>> >> Um desqualificado e imoral cientista da Unicamp aparece no Jornal
>> >> Nacional, da TV Globo, anunciando a Tabela de Composição de
>> >> Alimentos Brasileiros, a grande contribuição unicampiana para a
>> >> nutrição brasileira. E dá o exemplo da feijoada. Diz que a tabela da
>> >> USDA não informa quanto tem de proteína no sarapatel, no cururu, no
>> >> vatapá, no pão de queijo, no calango, no angu do Gomes e na feijoada.
>> >>
>> >> Se eu fosse dono da UNICAMP eu botava o cara na rua no dia seguinte,
>> >> por justa causa, porque um imbecil desses só pode prejudicar a
>> >> imagem da instituição junto ao público.
>> >>
>> >> Falemos sério: cada feijoada tem uma composição diferente.
>> >> Aliás, cada concha, da mesma feijoada, tem um percentual proteico
>> >> totalmente diferente, porque um pega carne seca, outro pega muito
>> >> caldo, outro opta pela orelhinha do porco...
>> >> como é que um publicador daqueles me publica uma porcaria dessas em
>> >> público ?
>> >>
>> >> Mas tudo isso não é exclusivo das ciências de alimentos.
>> >> Na Nutrição a gente assiste a mesma coisa, com esse negócio de pesar
>> >> e medir gente, de tirar sangue de crianças famintas, em filas de
>> >> hospitais públicos, pra saber se no sangue tem vitamina A e ferro
>> >> suficientes... pra nem falar nas teses e publicações sugerindo que
>> >> os pobres comam bifes de casca de abacaxi e sopa de casca de ovo...
>> >> enquanto o cientista come o abacaxi e o ovo.
>> >>
>> >> Foi desse ambiente aí que eu vim.
>> >> Foi nesse ambiente científico aí que me formei.
>> >> Estava deixando pra publicar sobre isso mais pra frente, quando
>> >> estivesse menos ocupado com a agenda de professor.
>> >>
>> >> Parece, porém, que vou ter que escrever sobre isso logo-logo.
>> >>
>> >> Não vai ser bom pra universidade.
>> >> Não vai ser bom pra ciencia.
>> >> Não vai ser bom pra nenhum de nós.
>> >>
>> >> A gente podia deixar esse pessoal em paz, publicando essas bobagens,
>> >> se eles ficassem na deles.
>> >> Até aí... ainda dava pra tolerar.
>> >>
>> >> Mas quando eles estão tentando e conseguindo impor hegemonicamente
>> >> essa vertente obscena da ciência, sinto muito, vamos ter que
>> >> iluminar e discutir os fatos.
>> >>
>> >> L.E.
>> >
>> >
>> >
>>
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