[forum-prof] Re: [Uniaberta] Vestibular

[Felipe Coelho]

Colegas

Concordo com a Lilia que já esquecemos muito do que nós aprendemos e/ou 
decoramos no passado. Claro que um físico esquece parte da análise 
sintática assim como um literato esquece as regras da nomenclatura de 
compostos orgânicos, mas o bom senso de ambos diz que aqueles assuntos tem 
que ser cobrados. Assim não é razoável esperar que bancas de Vestibular, 
necessariamente formadas por especialistas de áreas diferentes, tirem 10 
nas suas próprias provas (nem ridicularizá-los por isso!). A aplicação das 
provas nesse grupo culto e heterogêneo no entanto fornece um termômetro de 
uso muito fácil. Se uma questão fosse acertada por muito poucos (ou nenhum) 
dos outros membros ou se fosse considerada conter equívocos (penso em 
especial questões na área social e de linguagem, onde uma interpretação 
pode estar sendo "empurrada" como a única resposta aceita) ela seria 
reescrita ou eliminada.

Usando o exemplo da Lilia, isso é o que já acontece nas seleções de 
ingresso em programas de pós, onde as bancas são feitas por especialistas 
em subáreas do programa.  Por exemplo, na prova de seleção da pós no IF há 
4 membros, cada um propondo 2 questões sobre um assunto, uma  introdutória 
e uma avançada. As questões não pode ser muito difíceis, pois a prova  é 
normalmente aplicada durante o semestre letivo, então os candidatos não tem 
tempo para fazer uma revisão em profundidade de seu curso. Elas também não 
podem ser triviais, pois a prova é fundamental na seleção, nem serem de 
resolução muito longa, afinal a prova tem uma duração limitada... 
Adicione-se a isto que cada membro da banca trabalha numa área diferente da 
Física, em geral dois sendo teóricos e dois experimentais, então é claro 
que o que é trivial para um pode não ser para outros! Feitas as propostas 
algumas questões são consensuais como boas e outras são vetadas por serem 
consideradas muito fáceis, muito difíceis ou  muito especializadas. Às 
vezes acontece de alguém fazer uma proposta boa mas mal redigida, e a 
banca  fica discutindo a questão até esta ficar aceitável ou surgir uma 
proposta melhor. Claro que, depois de preparada, a prova é aplicada para um 
número de candidatos mil vezes menor que o do Vestibular, mas a etapa de 
preparação colegiada das provas deveria ser parecida, com discussão e 
crítica!

A maneira mais simples de fazer isso no Vestibular seria a auto-aplicação 
das provas na banca (ou então em outro grupo de especialistas de composição 
igual). Como a universidade se auto-designou o papel de checar a qualidade 
do Segundo Grau, com as provas não-específicas, onde se cobra o que 
qualquer adolescente deve saber sobre assuntos fora da sua área de 
interesse profissional, seria estranho que a banca fosse muito pior que 
esses adolescentes numa prova bem estruturada. Isto só ocorrerá se a banca 
contiver hiper-especialistas e não pessoas cultas, ou se a prova tiver 
questões problemáticas. Acredito que a banca conseguirá ir razoavelmente 
bem na prova, mesmo que não tão bem como os primeiros classificados do 
Vestibular, e que poderá usar essa informação como termômetro da qualidade 
das questões.

Abraços, Felipe




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