[forum-prof] reuniões-Brasília-dias 3 e 4/julho
lilia at ov.ufrj.br
lilia at ov.ufrj.br
Fri Jul 9 21:48:43 BRT 2004
Relato avaliativo (de Fernando Amorim - relato que foi resumido)
das reuniões de Brasília realizadas nos dias 3 e 4,
a primeira na sede da ANDES
e a segunda no auditório do Centro de Pesquisas de Medicina Social.
O que está ocorrendo na UFRJ é, em maior ou menor escala,
semelhante ao que ocorre no resto do país. A ANDES e as ADs
representam um conjunto de professores extremamente reduzido
e homogêneo. Este conjunto de dirigentes sindicais não tem
compromisso em ampliar esta base (alguns consideram que a
ampliação da base vai contaminar a "pureza" do movimento).
Um discurso para justificar a baixa representatividade se fundamenta no
fato de considerarem a maioria.
Na prática existe, no entanto, o reconhecimento de que uma base mais
ampla não "acompanharia" uma política avançada com greves como
instrumento de luta para denunciar a política econômica do governo,
subserviente ao FMI; a greve também isolaria o PT nas próximas eleições.
Esta estratégia é apresentada insistentemente, sem inibições. Muitos dos
presentes parecem acreditar que esta estratégia possa dar
resultados. O que parecia um recurso de retórica é a expressão
de uma estratégia política formulada pela direção das organizações.
Muitos se recusam a perceber que estão num isolamento crescente.
A diretoria da ANDES quer tirar uma greve à qualquer custo.
Foi aprovado um indicativo de greve para a segunda quinzena de
julho com apenas três votos contra e algumas poucas abstenções. A
maioria das assembléias foi muito esvaziada. Foram pouco mais de 500
professores reunidos em todo Brasil. Se somarmos os votos a favor e
contra a greve, embora sejam apenas três as AD´s votando contra, a
posição contrária a greve ganhou com folga. Foram cerca de 350 votos
contra e pouco mais de 150 a favor. No entanto, este fato, embora
percebido, não foi sequer discutido. O que importa é o número de Ad´s
que votaram a favor da greve. O indicativo foi aprovado.
A nossa Assembléia foi a maior das convocada para discutir a greve.
Duas outras assembléias tiveram aproximadamente o mesmo número de
presenças, mas tiveram como tema principal o recebimento do saldo do
FGTS, sendo que uma delas a de Goiás votou contra a greve.
Houve Assembléia com oito professores aprovando indicativo de
greve para 15 de julho. Cerca de seis AD nem sequer conseguiram fazer
Assembléia.
A reunião aprovou um novo indicativo para a segunda quinzena de julho, ainda
sem data. Também foi uma votação onde ganhou a abstenção. A única coisa
positiva foi a aprovação de uma proposta do Grupo de Trabalho de Verbas e
Salários que consiste na extensão para os inativos dos valores da proposta do
governo. No entanto, ficou claro que a diretoria da ANDES não aceita discutir a
partir da referência da proposta do governo e se cria desta forma um
impasse.
A saída para este embrulho parece ser uma nova carreira. A Diretoria da
ANDES não se coloca contra esta linha de intervenção, mas também não
aposta nela. Além disto, não aceita discutir alguns elementos da
estrutura de carreira que viraram princípios como a carreira única e
isonômica. Também em relação à reforma colocada na pauta pelo governo,
não aceitam discuti-la com o governo. Até reconhecem que são necessárias
mudanças, mas não aceitam a participação do governo na formulação de
um projeto de reforma.
Em Brasília discutimos com o grupo que formou e apoiou a chapa 2 para a
diretoria da ANDES a criação de um instituto que pudesse articular
nacionalmente uma discussão sobre estas e outras questões importantes
para o desenvolvimento da Universidade Brasileira. A idéia é começarmos
pela carreira e pela reforma criando um portal, publicações e encontros
de caráter acadêmicos que pudessem viabilizar a participação permanente
dos professores.
Parece que a estratégia do governo está dando resultado na disputa
política com este grupo.
Conseguiram evitar a greve geral negociando em separado com cada
categoria. Tomaram a iniciativa de formular as proposições que mais
interessavam. Até ontem diversas categorias fecharam acordos e outras
estavam fechando. A ANDES está ficando isolada e cada vez mais sem
saída. A reunião da CONESF foi a demonstração deste quadro. O
esvaziamento e as reclamações e denúncias evidenciaram que o governo
conseguiu dividir e espremer os sindicatos contra a base. Esta
estratégia será usada também com a ANDES. Sobram duas
questões importantes que aparentemente ficam de fora da pauta de ambos
os lados envolvidos nesta disputa política. Os professores, servidores e
a própria instituição ficam sacrificados como conseqüência de um jogo
político que nem sequer formam convidados para jogar. A outra questão é
que este jogo leva ao esvaziamento das entidades sindicais e
desorganizam e enfraquecem a sociedade, que vai ficando sem instrumentos
de intervenção na política do país. Questões fundamentais como a
reestruturação de instituições viram moeda de troca no jogo de poder.
More information about the Forum-Prof
mailing list