[forum-prof] O ENEM visto de baixo (II)
Luis Paulo Vieira Braga
lpbraga at im.ufrj.br
Sun Jan 31 21:06:54 BRST 2010
RIO - O ano de 2009 acabou e levou consigo a primeira aplicação de um novo
modelo do Enem. Ainda viu nascer um movimento estudantil, formado por causa
do adiamento do exame: a Nova Organização Voluntária Estudantil. Em 2010, a
Nove tenta provar que veio para ficar. Amanhã a entidade promove mais uma
reunião aberta ao público, às 14h30, no IAB (Rua do Pinheiro 10, Flamengo).
A pauta do encontro e outras informações estão na página da comunidade da
Nove no Orkut (é só procurar por "Nove-RJ"). A Megazine convidou alguns de
seus membros - de escolas particulares - para um debate com alunos do grêmio
do Pedro II (Humaitá). A discussão incluiu uma avaliação do Enem, das
grandes entidades estudantis e dos objetivos da Nove. E rendeu.
O GLOBO: Qual a opinião de vocês sobre o novo Enem, agora que o exame já
passou?
BERNARDO AINBINDER (NOVE): Já esperava que coisa boa não podia ser. A maior
surpresa foi o nível de dificuldade da prova. Foi mais difícil do que nos
últimos dez anos e também do que o exame que vazou. Não foi só conteudista,
mas cansativa, um teste de resistência.
ANA ELISA BEKENN (NOVE): Incrível é que, num país em que tudo demora muito
para acontecer, para sair do papel, eles quiseram implementar essa mudança
tão rapidamente...
MARIANA BUSCH (PEDRO II): O Enem está dentro de uma proposta de um ensino
médio inovador. Mas, sem mudar o ensino básico, não há reforma real. Ainda
estão longe disso.
ANTONIO MENDONÇA (PEDRO II): Foi também uma tentativa de mudar os cursinhos,
acabar com eles, mas que certamente não teve efeito.
O GLOBO: Quais são as bandeiras do grêmio do Pedro II para 2010? Vocês
continuarão com o Enem em pauta? par MARIANA (PEDRO II): Acho que a questão
do Enem ainda vai ser muito discutida. O novo modelo foi muito criticado. A
discussão com os alunos, para nós, é o mais importante.
ANTÔNIO (PEDRO II):A prioridade é informar ao estudante sobre o que está
acontecendo, para que, aí, ele decida se quer ou não reivindicar mudanças.
MARIANA (PEDRO II):
O GLOBO: Como fica a Nove agora que vocês, fundadores, já passaram pelo Enem?
BERNARDO (NOVE):PAULO DI CELIO (NOVE):MARIANA (PEDRO II):RAPHAEL DE HARO
(NOVE)BERNARDO (NOVE):
MARIANA (PEDRO II): Mas queria entender qual é o trabalho de vocês com os
estudantes. Não adianta formar regras para um grupo tão pequeno...
PAULO (NOVE): Discutimos muito os próximos passos. Decidimos, primeiro,
construir uma base teórica sólida para mostrar para as pessoas o que
queremos. Não dá para chegar para outros estudantes sem uma base, sem saber
exatamente o que queremos, pelo que lutamos.
MARIANA (PEDRO II):Vocês não acham que a base teórica teria que ser
construída a partir de um grande número de estudantes? A Nove apoia os
estudantes ou são os estudantes que têm que apoiar a Nove?
PAULO (NOVE): Nós temos projetos de fazer mutirões, de ir até as escolas e
conversar com os alunos, mas temos que estar preparados. E claro que nada
impede de mudarmos algumas de nossas ideias depois de ouvirmos outros
estudantes. Mas precisamos apresentar alguma coisa mais concreta, certo?
RAPHAEL (NOVE):Nas últimas semanas, filtramos as pessoas para ver quem
queria mesmo participar. Decidimos que teríamos reuniões semanais para o
comitê, e esse grupo vai aumentar. Nunca quisemos cortar. Gostaríamos de
abranger todos os estudantes do Brasil. Vamos promover palestras, grupos de
estudo. Não queremos alienados na Nove. E teremos reuniões abertas
regularmente.
O GLOBO: Vocês se sentem representados pelas entidades estudantis que
existem hoje?
MARIANA (PEDRO II): Não, por nenhuma delas. Elas têm sido construídas de
cima para baixo, não há um trabalho de conscientização. Não fazem um
trabalho de base, não ouvem os estudantes de verdade.
ANTÔNIO (PEDRO II):Nenhuma delas aparece, por exemplo, no Pedro II. A Ubes
só vem de dois em dois anos por causa do congresso. Respeitamos o histórico
de algumas delas, mas não nos representam.
PAULO (NOVE): O pior é que UNE e Ubes se escondem atrás de seus históricos.
A UNE de hoje não tem nada a ver com aquilo que já foi um dia. As entidades
que existem são financiadas pelo governo e, na minha opinião, deixaram um
grande vazio político. Ter a UNE é pior do que não ter nada porque ela é uma
enganação.
BERNARDO (NOVE):A Ubes nunca veio ao meu colégio para mostrar o que era, de
que maneira os alunos poderiam participar. Muita gente nem sabe o que é a
Ubes. Por isso, estamos tentando criar outra representação. Acho que, no
momento em que houve o adiamento do Enem e fizemos a passeata que culminou
na criação da Nove, se as entidades que já existem estivessem lá conosco,
todos teríamos corrido para elas. Mas o fato de não nos sentirmos
representados pela Ubes não significa que não podemos nos aliar por um
objetivo em comum.
MARIANA (PEDRO II): Ainda assim, não dá para pensar que a Ubes é uma coisa
fixa, estática. Há delegados, que escolhem a diretoria da entidade. É um
espaço que pode ser conquistado por nós também.
RAPHAEL (NOVE): Queria deixar claro que em nenhum momento a Nove quis
excluir os estudantes do Pedro II. Nosso foco são os estudantes. Queremos
parceria, mas estamos cientes que nem todos os grêmios podem gostar da Nove.
O GLOBO: Por que os grêmios podem não gostar de vocês?
BERNARDO (NOVE): O estigma de "elite" pesa sobre a gente desde sempre.
PAULO (NOVE): Criticam quando a "elite" é acomodada. E criticam também
quando quer reivindicar. O que querem, afinal?
ANTÔNIO (PEDRO II):Às vezes, parece que vocês estão criando só a Nove e não
a Nove dos estudantes...
RAPHAEL (NOVE): Primeiro precisa existir uma Nove. Para você ter uma ideia,
na última reunião aberta que fizemos, convidamos os 1.500 membros da
comunidade do Orkut. Só dois apareceram. Queremos todos juntos. Desde o
início criou-se uma rixa com o Pedro II, por exemplo, que não faz sentido...
BERNARDO (NOVE): Queremos ir às escolas, conversar com o máximo de pessoas e
explicar o que é a Nove. Depois, abrir a discussão para saber o que esses
alunos esperam.
O GLOBO: Onde vocês, do Pedro II, acham que seus objetivos se aproximam e se
afastam dos da Nove?
MARIANA (PEDRO II): Em comum, temos a vontade de mudar a educação do país. A
diferença está na maneira como nos organizamos.
O GLOBO: Qual é a opinião de vocês sobre a nova prova do Enem, em abril?
MARIANA (PEDRO II): Ter mais de uma prova por ano é válido. Mas, se
continuar como está, sem participação de alunos ou professores, não vale.
PAULO (NOVE): É interessante ter dois exames por ano, mas só se você tiver
um ensino superior estruturado. O cara não pode ir para uma universidade que
não está pronta para ele.
BERNARDO (NOVE):Não apoiamos a forma como o novo Enem foi implementado. Por
isso, quanto mais aplicações da prova dessa maneira, pior. A Nove defende o
vestibular seriado.
ANA ELISA (NOVE):O que não seria um tiro no escuro. O vestibular seriado
existe em Brasília, por exemplo, e dá certo.
Prof. Luis Paulo
C.P. 2386
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