[forum-prof] O Brasil e a Pesquisa Cientifica
JOSE RIBAS VIEIRA
jribas at puc-rio.br
Tue Jan 26 08:49:08 BRST 2010
Valor Econômico > Impresso > Internacional
Pesquisa científica dá salto na China; Brasil avança entre os Bric
Clive Cookson, Financial Times
26/01/2010
Texto:
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A China passou pelo maior crescimento do setor de pesquisas científicas já
visto em qualquer país nos últimos 30 anos, de acordo com dados compilados
pelo "FT". E o ritmo não dá sinais de estar diminuindo.
Apenas 20 anos atrás, às vésperas da desintegração da União Soviética, a
Rússia era uma superpotência científica, realizando mais pesquisas do que
a China, a Índia e o Brasil juntos. A partir de então, os russos foram
deixados para trás, não apenas pela ciência chinesa que se impõe ao mundo,
mas também pela Índia e pelo Brasil.
Grandes mudanças na paisagem do mundo científico são revelados em uma
análise da produção dos quatro países do Bric desde 1981, realizado para o
FT pela Thomson Reuters, que indexa artigos científicos de 10,5 mil
revistas de pesquisa científica no mundo.
Os números mostram não só "imponente expansão" da ciência chinesa, mas
também um desempenho forte do Brasil, crescimento bem mais lento da Índia
e declínio relativo na Rússia.
De acordo com James Wilsdon, diretor de ciências políticas na Royal
Society, em Londres, três fatores principais estão impulsionando a
pesquisa chinesa. Primeiro, o enorme investimento do governo, com aumentos
de financiamento muito acima da taxa de inflação em todos os níveis do
sistema - de faculdades a pesquisas em nivel de pós-graduação.
Em segundo lugar, o fluxo organizado de conhecimentos de ciência básica
para aplicações comerciais. O terceiro é a maneira eficiente e flexível
como a China está aproveitando o conhecimento da sua vasta diáspora
científica na América do Norte e Europa, seduzindo cientistas em meio de
carreira a voltar ao país com propostas que lhes permitam passar parte do
ano trabalhando no Ocidente e outra parte na China.
"Embora as estatísticas computem artigos científicos publicados em
revistas e periódicos submetidas à aprovação de colegas e acima de um
limiar de respeitabilidade, a qualidade [na China] é ainda bastante
desigual", diz Jonathan Adams, diretor de avaliação de pesquisas da
Thomson Reuters. Mas está melhorando: "Eles têm alguns incentivos muito
bons".
Como a China, a Índia tem uma grande diáspora e muitos indianos não
residentes com formação científica estão voltando, mas eles vão
principalmente para trabalhar em empresas, e não para desenvolver
pesquisas. "Na Índia, existe uma ligação muito fraca entre empresas de
alta tecnologia e a base de pesquisa local", diz Wilsdon. "Mesmo o
Instituto Indiano de Tecnologia (IIT), instituição de mais alto nível no
sistema, tem dificuldades para recrutar professores."
Um sintoma disso é o fraco desempenho da Índia nas comparações
internacionais de padrões universitários. O Ranking de Universidades de
Ásia 2009, elaborado pela consultoria QS, revela que a mais importante
instituição superior indiana é a IIT de Mumbai, na 30 posição; dez
universidades da China e de Hong Kong estão em posições mais altas.
Parte do problema acadêmico indiano pode estar na burocracia que amarra
suas universidades, diz Ben Sowter, chefe da unidade de inteligência QS.
Em contraste com a China, Índia e Rússia, cujas pesquisas tendem a ser
fortes nas ciências físicas, química e engenharia, o Brasil se destaca na
área de saúde, ciências da vida, agricultura e investigação ambiental.
A Rússia produziu menos artigos científicos do que o Brasil ou a Índia em
2008. "O problema está na grande redução de financiamentos para pesquisa e
desenvolvimento após o colapso da União Soviética", afirmou Adams.
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