[forum-prof] Produtividade Acadêmica
Luiz Felipe Coelho
coelho at if.ufrj.br
Fri Jan 15 15:54:58 BRST 2010
Pessoal
Qualquer indicador se presta a distorções:
números de horas de aula semanais (CDSM), número
de artigos cientícos, número de orientados,
número de citações, número de patentes, número de
cargos administrativos, etc, etc, etc. Isso
acontece na pós, na produção científica, na
graduação, na administração e na extensão. Mas
indicadores são males necessários!
Para mim a resposta a tudo isso é que temos a
necessidade de indicadores, para que as
atividades acadêmicas funcionem e em respeito ao
apoio que a sociedade nos dá, e temos a
necessidade de nos relacionarmos de forma
civilizada e prazeirosa, não estamos numa linha
de montagem do Henry Ford. As duas necessidades
tem um equilíbrio instável. A meu ver adjetivos
como "neofacista" são equivocados inteiramente,
cobrar produtividade dentro da universidade nunca
pode ser chamado de neofascista. O fascismo é um
movimento autoritário baseado num partido
político de massas e que visa a governar um país
em benefício de suas elites. O Qualis, a CAPES, o
CNPq, o Lattes e outros nomes e siglas, por
piores que sejam seus defeitos eventuais, não
visam a isso, os cientistas (nem mesmo o ministro
e físico Sérgio Rezende) não querem tomar o poder em Brasília!
Abraços, Felipe
PS: Exemplos da necessidade e da dificuldade de indicadores:
No caso da pós a qualificação dada pela CAPES
depende de uma batelada desses indicadores
dividida pelo número de docentes do programa. Aí
é natural que os programas tentem separar os
docentes inativos. Como não há regra para isso
alguns programas são extremamente restritivos,
com docentes supostos, certa ou erradamente,
serem "pouco produtivos" sendo afastados para
"melhorar os indicadores", o que leva a um ganho
coletivo de ter mais bolsas. A meu ver é natural
a CAPES ter indicadores mas ela tem que impedir
que os programas "trambiquem" esses indicadores
com um corte artificial de seu quadro docente.
No caso da produção científica, esta desde sempre
envolveu divulgação dos resultados para submissão
aos colegas ou oralmente (em congressos ou em
reuniões científicas) ou por escrito (em artigos
e livros). A medição disto é complicadíssima
mesmo nas ciências da natureza e suas aplicações
pois há diferenças dramáticas de área para área
(em física de partículas experimental por exemplo
é frequente artigos com mais de 100 autores, pois
as experiências são extremamente complexas e
demoradas, já nas outras áreas da física o normal
é ter 2 ou 3 autores) e há intercessão de áreas.
A medição é muito mais difícil para ciências humanas e sociais e para artes.
No caso da atividade didática de graduação,
medí-la pelo número de horas de aula, pelo número
de alunos matriculados, pela diversidade de
disciplinas ministradas, pelo número de
orientados acadêmicos, ou pela preparação de
livros? Mas quem garante que os livros escritos e
as aulas ministradas foram bons, que as provas
foram corrigidas cuidadosamente, que os alunos
foram bem orientados ou que alunos com dúvidas
extra-classe foram bem atendidos? Além disso o
que é uma aula, um profissional de saúde que fica
20 horas num hospital, algumas das quais na
presença de alunos, será que deu 20 horas de
aula? E uma turma, se uma turma de 20 alunos for
subdividida em 2 turmas de 10 o trabalho docente dobra?
O mesmo vale para a administração, alguns
professores tiveram muitos cargos administrativos
mas quem garante o seu desempenho?
O caso da extensão é para mim o mais difícil de
medir, como comparar uma apresentação de
orquestra com um curso de qualificação de professores?
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