[forum-prof] Mocinhos e bandidos após Sanglard e Ribas - 3

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Wed Jan 28 23:18:06 BRST 2009


Reinaldo Azevedo (27/01/2009)


Quando há os que morrem, mas não os que matam

 


Muito bem. Vocês querem ver como são as coisas? Leiam o que vai abaixo:

 

"CIDADE DE GAZA - Um soldado israelense e um civil palestino foram mortos
nesta terça-feira, 27, em confrontos na região da fronteira com a Faixa de
Gaza. Segundo canais árabes de notícias, o militar foi morto quando sua
patrulha foi atingida por uma bomba lançada por militantes. Após o
incidente, um palestino foi atingido por disparos israelenses nas
proximidades do ataque. Este é o primeiro soldado israelense morto desde o
início do cessar-fogo anunciado em 18 de janeiro entre Israel e o Hamas. O
episódio ainda acontece às vésperas da primeira visita ao Oriente Médio de
George Mitchell, enviado para a região do novo presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama. Segundo o novo presidente, Mitchell perseguirá a paz
de forma "vigorosa e consistente".

 

É o primeiro parágrafo de um texto do Estadão On Line, que reproduz notícia
das agências internacionais.

 

Observem que, segundo o que vai acima, a escaramuça matou um de cada lado.
Com empate de mortos, parece, todos se conformam. Mas o que interessa na
notícia acima? Justamente o que não aparece como notícia: O HAMAS VIOLOU A
TRÉGUA. Sim, eis a notícia, eis o lead, eis o título — se o Hamas não
tivesse, de fato, penetrado no coração do jornalismo isento. É violação de
trégua. Como sempre e como de hábito. O título dado pelo Estadão On Line é
muito interessante: "Soldado israelense morre em explosão na fronteira de
Gaza". Como se vê, quando soldado israelense morre, parece que ninguém o
mata. Sujeitos que matam, no fato e na gramática, só aparecem quando são
sujeitos israelenses...

 

Num outro texto, também com base na informação das agências, as coisas
melhoram muito no que diz respeito à verdade. Leiam:

 

"CAIRO - No dia em que milícias palestinas quebraram o cessar-fogo matando
um soldado de Israel, que reagiu com um ataque aéreo, autoridades egípcias
propuseram um acordo de trégua permanente entre a facção Hamas e Israel na
Faixa de Gaza a partir de 5 de fevereiro, informou a agência oficial de
notícias Mena. A proposta foi apresentada durante uma reunião nesta manhã
entre o chefe dos serviços secretos egípcios, Omar Suleiman, e uma delegação
da Frente Popular para a Libertação da Palestina, liderada por Maher al
Taher, membro do escritório político desta facção."

 

As coisas melhoraram bem. Fala-se da quebra do cessar-fogo, e já há, ao
menos o que morre e o que mata. Mas, de novo, observo que o objeto da
notícia não é a provocação palestina, que surge apenas como um dado do
contexto.

 

E não é assim só aqui, não. É uma tendência da imprensa ocidental, que tem
hoje seus mocinhos e seus vilões. Os humanistas do Hamas estão do lado dos
mocinhos...

 

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