NA LAPA Re: [forum-prof] Eduardo Gaelano sobre a guerra

Luis Paulo Vieira Braga lpbraga at im.ufrj.br
Tue Jan 20 17:01:12 BRST 2009


A banalização do mal tem que ser combatida aonde acontecer e fôr noticiada. 
Fiquei particularmente chocado com a notícia da morte do estudante, 
usualmente dou aula para a engenharia e além disso também estudei no mesmo 
colégio que a vítima.

On Tue, 20 Jan 2009 15:39:30 -0300, Antonio Carlos Fernandes wrote
> LUIS PAULO,
> Enquanto isso há massagre de estudantes  da UFRJ no Rio de Janeiro. 
> Ver anexo. Não precisa teorizar até tão longe. Debaixo do nosso 
> nariz sangrando a guerra continua. Abrç ANTONIO CARLOS
> 
> --
> Antonio Carlos Fernandes
> LabOceano & LOC
> Programa de Engenharia Oceanica - UFRJ
> 
> ---------- Original Message -----------
> From: "Luis Paulo Vieira Braga" <lpbraga at im.ufrj.br>
> To: forum-prof at listas.if.ufrj.br
> Sent: Tue, 20 Jan 2009 15:11:55 -0300
> Subject: [forum-prof] Eduardo Gaelano sobre a guerra
> 
> > MASSACRE EM GAZA
> > 
> > Eduardo Galeano
> > 
> > Este artigo é dedicado a meus amigos judeus assassinados pelas 
> > ditaduras latinoamericanas que Israel assessorou.
> > 
> > Para justificar-se, o terrorismo de estado fabrica terroristas: 
> > semeia ódio e colhe pretextos. Tudo indica que esta carnificina de 
> > Gaza, que segundo seus autores quer acabar com os terroristas, 
> > acabará por multiplicá-los.
> > 
> > Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. 
> > Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas 
> > terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Nem sequer têm direito a 
> > eleger seus governantes. Quando votam em quem não devem votar são 
> > castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma armadilha 
> > sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições em 2006. 
> > Algo parecido havia ocorrido em 1932, quando o Partido Comunista 
> > triunfou nas eleições de El Salvador. Banhados em sangue, os 
> > salvadorenhos expiaram sua má conduta e, desde então, viveram 
> > submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem 
> > todos merecem.
> > 
> > São filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do 
> > Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desajeitada pontaria sobre 
> > as terras que foram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. 
> > E o desespero, à margem da loucura suicida, é a mãe das bravatas que 
> > negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, 
> > enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está negando, há muitos 
> > anos, o direito à existência da Palestina.
> > 
> > Já resta pouca Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa.
> > 
> > Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a 
> > fronteira. As balas sacralizam a pilhagem, em legítima defesa.
> > 
> > Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler 
> > invadiu a Polônia para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha. 
> > Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em 
> > cada uma de suas guerras defensivas, Israel devorou outro pedaço da 
> > Palestina, e os almoços seguem. O apetite devorador se justifica 
> > pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil 
> > anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram 
> > os palestinos à espreita.
> > 
> > Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções 
> > das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais 
> > internacionais, que burla as leis internacionais, e é também o único 
> > país que legalizou a tortura de prisioneiros.
> > 
> > Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a 
> > impunidade com que Israel está executando a matança de Gaza? O 
> > governo espanhol não conseguiu bombardear impunemente o País Basco 
> > para acabar com o ETA, nem o governo britânico pôde arrasar a 
> > Irlanda para liquidar o IRA. Por acaso a tragédia do Holocausto 
> > implica uma apólice de eterna impunidade? Ou essa luz verde provém 
> > da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional de 
> > seus vassalos?
> > 
> > O exército israelense, o mais moderno e sofisticado mundo, sabe a 
> > quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis 
> > são chamadas de “danos colaterais”, segundo o dicionário de outras 
> > guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”, três são 
> > crianças. E somam aos milhares os mutilados, vítimas da tecnologia 
> > do esquartejamento humano, que a indústria militar está ensaiando 
> > com êxito nesta operação de limpeza étnica.
> > 
> > E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Para cada cem 
> > palestinos mortos, um israelense.
> > 
> > Gente perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos meios massivos 
> > de manipulação, que nos convidam a crer que uma vida israelense vale 
> > tanto quanto cem vidas palestinas. E esses meios também nos convidam 
> > a acreditar que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de 
> > Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi a que aniquilou 
> > Hiroshima e Nagasaki.
> > 
> > A chamada “comunidade internacional”, existe?
> > 
> > É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É 
> > algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos adotam quando 
> > fazem teatro?
> > 
> > Diante da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial se ilumina uma vez 
> > mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as 
> > declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas,
> >  rendem tributo à sagrada impunidade.
> > 
> > Diante da tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como 
> > sempre. E como sempre, os países europeus esfregam as mãos.
> > 
> > A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama 
> > alguma que outra lágrima, enquanto secretamente celebra esta jogada 
> > de mestre. Porque a caçada de judeus foi sempre um costume europeu,
> >  mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada dos 
> > palestinos, que também são semitas e que nunca foram, nem são, 
> > antisemitas. Eles estão pagando, com sangue constante e sonoro, uma 
> > conta alheia.
> > 
> > (*) Texto publicado originalmente no jornal Brecha.
> > 
> > Tradução: Katarina Peixoto
> > 
> > _______________________________________________
> > forum-prof mailing list
> > forum-prof at listas.if.ufrj.br
> > http://webmail.if.ufrj.br/mailman/listinfo/forum-prof
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