[forum-prof] Infeliz 2009 para quem ?
Abraham Zakon
azakon2 at globo.com
Sun Jan 18 19:47:10 BRST 2009
Pós-Trégua...
foram 22 bombas já lançadas pelo Hamas entre 22:00 e 17 horas contra israel
no primeiro dia de trégua unilateral.
O saudoso colunista e jornalista Ibrahim Sued concluía diariamente seus
textos com algum provérbio ou comentário.
Um deles dizia: "quem não tem o que fazer, fica falando mal da vida alheia".
Algumas listas de discussão e blogs confirmam suas palavras. A postagem do
artigo seguinte pelo Prof. Luis Paulo Vieira Braga confirma essa percepção.
-----Mensagem original-----
De: forum-prof-bounces at if.ufrj.br [mailto:forum-prof-bounces at if.ufrj.br] Em
nome de Luis Paulo Vieira Braga
Enviada em: segunda-feira, 12 de janeiro de 2009 18:41
Para: forum-prof at listas.if.ufrj.br
Assunto: [forum-prof] Infeliz 2009 !
WASHINGTON (AFP) - American Jews are divided over the Israeli military
offensive against Hamas in the Gaza Strip, which is being vigorously
denounced by an increasingly active progressive Jewish movement.
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"Lobbies" existem em todos os países.
Os EUA são um país de imigrantes como o Brasil, cujos nativos originais ou
seus descendentes também não governam o país, ao contrário da Venezuela,
Bolívia e Equador.
Cada grupo de imigrantes (italianos, portugueses, espanhóis, ingleses,
franceses, japoneses, alemães, russos, argentinos, mexicanos, árabes,
judeus, etc) ou de empresários defende seus interesses através de "lobbies".
A CNN promoveu debates ao vivo nas últimas 3 semanas de guerra, entre
representantes dos interesses árabes e judeus diante da população americana
e essa imparcialidade o Prof. Luís Paulo Vieira Braga não demonstrou.
Qual o motivo dele para focalizar somente os judeus? Seria mostrar que os
judeus americanos mandam em judeus de Israel e do resto do mundo? Ou seria
sua necessidade dele de mostrar-se um intelectual ativo?
O artigo abaixo explica porque se discute tanto Israel (ao invés do
sofrimento da espécie humana em vários países). Algo que já foi dito por um
embaixador brasileiro.
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JOÃO PEREIRA COUTINHO
Sem mudar as palavras
A luta em curso é uma luta nova, entre Israel e Irã, que só está nos seus
primeiros passos
INEVITÁVEL: ISRAEL é sempre um sucesso de bilheteria. Na passada semana, eu
poderia ter escolhido outro tema qualquer. Poderia ter escolhido, por
exemplo, o que sucedeu no Congo: uma guerra brutal que ceifou 1 milhão de
vidas. E que, já depois do cessar-fogo, continua a matar: uma média de 30
mil por mês. Essa guerra mundial africana já fez entre 3 a 6 milhões de
mortos.
Mas o mundo não quer saber do Congo para nada. Não há judeus no Congo.
Curioso: uma catástrofe sem precedentes está a suceder em África e o mundo
está com os olhos postos em Gaza.
É por isso que regresso ao meu artigo da semana passada, que praticamente
rebentou com o meu e-mail e com o Painel do Leitor desta Folha.
Não respondo aos insultos e aos elogios, que chegaram em partes iguais.
Ignoro os primeiros, agradeço os segundos. Mas gostaria de responder a
críticas racionais, articuladas por pessoas racionais. E a principal crítica
que me foi dirigida lida com a parte da história que eu, alegadamente, teria
ignorado: eu começava a minha narrativa em 1967 porque esse é o ano da
ocupação de Gaza e da Cisjordânia.
Alguns leitores disseram que eu esquecia o que sucedera antes, ou seja, o
"roubo", pelos judeus, de terra árabe em 1948. Alguns leitores tiveram mesmo
a gentileza de me enviar um artigo de Robert Fisk, publicado na Folha
(edição de 31/ 12/ 2008), em que o jornalista britânico afirmara com ironia:
as populações de Gaza nem sempre viveram em Gaza. Verdade que uma crônica de
jornal não é uma tese de doutorado. Eu sei, porque já escrevi ambas.
Mas mesmo no espaço limitado de uma crônica, eu pensava que os meus críticos
jamais comprariam a propaganda antissemita que faz dos judeus de 1948 puros
extraterrestres que desceram da nave espacial para ocupar a Palestina e
expulsar os árabes lá presentes.
Uma mentira infame. Para começar, a presença judaica na região foi
permanente ao longo dos séculos, mesmo depois da destruição do Templo em 70
d.C. E, para ficarmos na história moderna, a maciça imigração de judeus para
a Palestina a partir de 1880, altura em que muitos abandonaram a Europa e a
Rússia e compraram legalmente terras na região, bastaria para desfazer a
primeira mentira: a mentira dos extraterrestres. A criação do Estado de
Israel expressa essa presença multissecular. Mas seria o fim da Primeira
Guerra, e a consequente desagregação do Império Otomano, que tornaria Israel
possível: se árabes e judeus coexistiam na Palestina, um plano de partição,
supervisionado pelas Nações Unidas, propunha-se garantir a ambos os povos
dois Estados independentes. E se a Transjordânia ocupava já 80% do Mandato
Palestino, árabes e israelenses partilhariam a terra estante.
Fatalmente, os árabes mostraram-se incapazes de aceitar a existência do
Estado judaico e, logo em 1948, iniciariam uma guerra de extermínio que está
na origem do problema dos refugiados palestinos. Robert Fisk tem razão
quando afirma que os habitantes de Gaza nem sempre viveram em Gaza. O que
Fisk esquece, ou propositadamente ignora, é a responsabilidade árabe na
criação do problema dos refugiados. Como esquece, ou ignora, que em 1948
Israel receberia 600 mil judeus expulsos ou perseguidos pelos países árabes.
A grande diferença é que Israel recebeu os seus refugiados e os países
árabes ignoraram-nos. Até hoje.
A tragédia corrente no Oriente Médio não é explicável sem esse primordial
antissemitismo árabe, no qual teve papel de destaque o mufti de Jerusalém,
Al Husseini (um amigo pessoal do regime nazista). Foi esse antissemitismo
crescente que condenou a região a uma guerra sem fim. Mas a tragédia também
não é explicável sem um pormenor final.
Nos relatos habituais, o conflito em Gaza tem sido retratado com as lentes
do passado: uma luta entre Israel e os palestinos, em que Israel se recusa a
aceitar a solução dos dois Estados. Não vale a pena perder um minuto de
tempo a relembrar a oferta de Ehud Barak em Camp David (que Arafat recusou)
ou o pormenor, insignificante, de que o Hamas se recusa a aceitar a
existência de judeus na Palestina, tal como está na sua Constituição.
Fico-me pelo básico: a luta em curso é uma luta nova, não velha; tal como
sucedeu em 2006, no sul do Líbano, é uma luta entre Israel e o Irã que ainda
só está nos primeiros passos. Minha tentação era terminar, dizendo: quem
viver, verá. Mas, se o Irã chegar à bomba nuclear, o mais certo é no futuro
já não restar nada para ver.
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Conclusão:
Quando um professor universitário - que não é jornalista, mas decide
envolver-se com a opinião pública - insere-se numa discussão importante para
jogar lenha na fogueira, sem conhecimentos diretos ou próprios para analisar
e propor soluções construtivas que beneficiem todas as pessoas, então,
revela desconhecer o outro provérbio citado por Ibrahim Sued: "cavalo manco
não desce escada".
Abraham Zakon
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