[forum-prof] messagem do Alberto Szpunberg =?iso-8859-1?Q?=2C_=C9_preciso_n=E3o_esquecer_nada_?== ?iso-8859-1?Q?(Cec=EDlia_Meireles?=)

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Sat Jan 10 22:19:02 BRST 2009


Oi Stefanella e colegas

Essa frase magnífica do Talmud, "salvare una vita è salvare un mondo", 
está dita de outra forma no filme Lista de Schindler: podem morrer muitos
milhares de inocentes mas se um é salvo os anjos no céu se rejubilam. A
salvação de Israel passa pela criação de um estado palestino forte e
próspero e pelo respeito aos direitos humanos dos palestinos, violados
desde 1947-48 quando foram expulsos de suas casas. Depois de 40 anos de
ocupação militar israelense em Gaza o que vemos lá é uma situação
inaceitável de subdesenvolvimento produzido pela potência ocupante,
inclusive com dois anos de bloqueio econômico, até de comida e remédios.

Primeiro os palestinos foram expulsos, depois transformados em mão de obra
barata e finalmente estão sendo transformados em mendigos internacionais
pela potência ocupante e vítimas dos famosos assassinatos seletivos e
bombardeios cirúrgicos. E quando reagem às décadas de violência
institucional e sistemática do estado israelense - de uma forma a meu ver
idiota, jogando mísseis ao acaso - são massacrados. A destruição do povo e
do estado palestino destrói Israel de forma definitiva: eticamente, por
isso deve ser evitada em benefício dos dois povos.

Isso não é só uma questão política, mas é o direito individual. Talvez
essa expulsão desde 1947-1948 seja irreversível, como a dos gregos pelos
turcos e as dos turcos pelos gregos nos anos 20, pois até as cidades foram
demolidas para apagar o passado, mas Israel precisa pedir perdão por esse
crime e indenizar as vítimas, não matá-las! No entanto cada vez mais vejo
a negação até de que houve o crime, não houve expulsão dos palestinos,
eles saíram de suas casas largando seus bens expontaneamente para irem
morar em Gaza ou em campos de refugiados espalhados pelos países vizinhos,
que parecem as nossas favelas. Isso é a negação não só da verdade como da
lógica.

A ONU também errou em 1947, brincando de criar a federação judaico-árabe
da Palestina, da mesma maneira que a Liga das Nações errou criando os
estados da Iugoeslávia e da Tchecoeslováquia ao fim da Primeira Guerra
Mundial. (Ou, como no século XIX, erraram os vencedores de Napoleão
criando os estados belga-holandês e sueco-norueguês, que desapareceram em
menos de trinta anos.) Estados não se criam por decretos de organizações
internacionais.

A Cecília Meireles tem um poema lindo em que diz que temos que ser severos
conosco, pois o resto não nos pertence. Acho que esse é o caminho. Os
israelenses, os palestinos, as potências (até o Brasil) que tomaram essa
decisão de criar países sem consultar os interessados nem exigir a defesa
de direitos individuais, o Reino Unido (que conseguiu o feito de trair os
árabes que lutaram de seu lado na Primeira Guerra Mundial e os judeus que
lutaram de seu lado na segunda), e os Estados Unidos em particular, por
décadas de vetos a resoluções da ONU que criticassem Israel ou outros
aliados como a Turquia que agiram igual, todos erraram, com ou sem boas
intenções.

Por exemplo, Sharon em Sabra e Chatila matou tantos palestinos refugiados
no Líbano como os sérvios mataram em Srebenica, porque não foi para
julgamento em Haia? Milosevic fez uma limpeza étnica de kosovares igual à
que o Ben Gurion fez, ou à que o Kemal Ataturk fez dos gregos na Turquia,
porque só o primeiro é um criminoso e os outros dois são heróis nacionais
apoiados pelo Ocidente? Será que é porque a Turquia e Israel estavam do
lado do bem na Guerra Fria e que a Sérvia era parte da Iugoeslávia, que
era neutra?

Todos precisam (precisamos) de arrependimento e perdão. Por falar nisso, e
os nossos índios?

Abraços
---
É preciso não esquecer nada (Cecília Meireles)

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.

(1962)
> Lo dico da ebreo
>
> NO ALLA GUERRA! NO ALLA STRAGE DI GAZA!
>
> Di: Alberto Szpunberg , AssociazioneArgentina di Solidarietà con la
> Palestina
>
> Come semplice essere umano che sempre hasentito come proprie le cause più
> elementarmente giuste; come semplicecittadino argentino sopravvissuto ad
> uno sterminio di 30.000 desaparecidos; come semplice compagno diqueste
> vittime che hanno pagato con la loro vita l'aver sognato un mondomigliore;
> come semplice ebreo che, con la memoria fresca per le lacerazionisofferte
> per secoli, ha creduto e ancora crede in antichi retaggi di
> umanesimouniversale; come semplice poeta che mai poté né può dissociare la
> bellezzadalla verità; come semplice individuo che non dimentica
> l'esistenza dell'altroper essere sé stesso, NON POSSO NE' VOGLIO RESTARE
> IN SILENZIO.
> Convinto del diritto all'autodeterminazione di tutti i popoli,
> senzal'intenzione di entrare in labirintiche disquisizioni politiche,
> evochereil'intensità dell'ebreo dei Profeti affinché queste parole si
> impongano sullabrutalità del massacro in Palestina, ma, semplice tra i più
> semplici, da questapiccola particella di intimità che è la mia coscienza,
> voglio ricordare alGoverno di Israele -se il tuonare dei suoi cannoni non
> l'ha ancora assordatodefinitivamente- che, come dice il Talmud, "salvare
> una vita è salvare unmondo". Di questo si tratta: di salvare un mondo,
> questo unico eangosciato mondo che abitiamo tutti, che a tutti appartiene
> e che oggi sichiama Gaza.
>
> Alberto Szpunberg
>
> Asociación Argentina de Solidaridad con Palestina
>
> Iltuo silenzio mi duole.. Tanto come la vita. Tanto come il tempo..
>
> Mahmoud Darwish- poeta della Resistenza palestinese.
>
> --
> IM/UFRJ



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