[forum-prof] TROTE
Alexandre Lyra de Oliveira
alexandr at ov.ufrj.br
Wed Feb 11 09:28:49 BRST 2009
Ola colegas,
tem bastante tempo que nao escrevo p/ este forum. Acompanho as msgs, algumas
sao verdadeiras aulas de historia, outras tratam de temas bastante importantes
como o caso do estudante assassinado na Lapa. Qto. ao conflito
palestinos/israelenses, creio que muitas vezes as discussoes ficam dificeis de
serem encaminhadas.
O "ponto" deste email e´ o trote.
Já discuti, argumentei etc. no meu depto. e nao cheguei a nenhum consenso, ao
contrario, no calor da discussao nos aborrecemos, etc.
Hoje havera´ uma reuniao do Depto para discutir outras coisas onde será tb.
levantada a questao do trote.
Quando. calouro da engenharia, os veteranos simplesmente trancaram as portas,
com sua "tropa de choque", logo apos a aula e fomos submetidos a um festival
de brincadeiras ridiculas , tais como "tirar a temperatura", onde os veteranos
colocavam um pincel com zarcão no sovaco e eramos obrigados a ficavr com
aquele zarcao embaixo do braço colando ate´ conseguirmos querosene p/ tira-lo.
Pinturas no corpo com zarcao e tintas, alem do banho de mar na praia suja em
frente ao CT.
Hoje em dia vemos (hoje mesmo estao saindo noticias ) que o "trote" evoluiu",
sao "comas alcolicas" , espancamentos, etc., e de vez em quando assassinatos.
Meus argumentos estao se esgotando. Assim, partirei para outro ponto: porque
permitir o trote ? Nao vejo razao para tal. O aluno ingressa na UFRJ atraves
de um vestibular. O mundo da universidade e´ bastante diferente do das escolas
do ensino fundamental. Por si só o calouro já se vê em uma outra realidade. O
argumento de que " faz parte da integraçao", e´ um argumento vazio. O outro
de que é uma tradiçao, isto nao quer dizer que seja correto, ou mesmo
legitimo. Sinto em muitos colegas uma "sintomatologia pos-ditadura", quer
dizer: pelo fato de havermos vivido em um regime ditatorial com todas suas
nefastas marcas, nao quer dizer que tudo que se proibe seja ruim. Proibir,
evitar, impedir, tambem faz parte da educaçao. Afinal, para que existem leis,
que sao tambem proibiçoes. Nao se pode permitir simplesmente para nao ser
ditatorial. Os alunos veteranos no Depto. sao, em sua maioria, a favor do
trote, é obvio, mas e daí ? Eu ja´ estou me saturando de ter que argumentar
contra algo que pra mim é tão obvio: não há razão plauzivel p/ o trote, por
mais "light" que seja. Quem vai controlar este "light" ? Até onde vai o
"light" ?
Penso que como educadores temos tam,bem a obrigaçao de colocar limites, um
dels e´ impedir o trote. Nao podemos caminhar na tinha tenue entre o "trote
light" e o "trote violento". Até onde vai um e começa o outro ??? Quem irá
controlar esta "fronteira" ?
Um dos argumentos utilizados pelos nossos alunos (veteranos) e´ que só fazem o
trote com a permissao dos calouros. Mas p/ mim, a existencia da relacao
veterano/calouro ja´ e´ uma situação onde o calouro esta´ de certa forma
"submetido", ou constrangido. Os calouros sao muito jovens, aceitam a
submissao (no nosso caso, onde os alunos dizem que nao ha´ trote obrigatorio,
participa quem quer), mas depois podem se arrepender, e aí como fica. Se um
destes jovens (ou seus pais) resolve processar a UFRJ (como nos noticiarios
de hoje esta se falando nestes processos contra a universidade onde houve o
trote violento), de quem e´ a responsabilidade ? Da reitoria ? Do
departamento que aprovou o trote ? Da Coordenaçao de graduação ? Em nosso
caso, eu como Coordenador sou contra, mas se o depto for a favor, nao tenho
poder para impedir.
Enfim, por ai seguiriam meus argumentos. Se nao dermos um chega a este tipo de
atividade que se coloca como "faz parte da integraçao dos calouros com a
universidade". iremos manter o ciclo eterno: "tenho que dar trote porque levei
o trote".
Espero que se manifestem e que os colegas de orgaos superiores levem esta
discussao para este orgaos.
Abcs,
ALO
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