[forum-prof] Kamel, ainda.

Luiz Felipe Coelho coelho at if.ufrj.br
Mon Jan 31 21:08:11 BRST 2005


Colegas

há diversos modos de pretender combater a desigualdade racial, social, 
regional, etc, assim como de estabelecer o controle social do Ensino 
Superior. Se alguém não concorda com uma solução não quer dizer que seja 
direitista, comunista ou nazista. Não pode haver a ditadura do pensamento 
único.

O nazismo ( o "socialismo nacional"ou nacional-socialismo) e o fascismo 
eram ideologias nacionalistas extremadas baseadas em partidos de massa 
apoiado pelos trabalhadores mais pobres e por uma parte da classe média e 
das elites. Quando se fala partido de massa era partido de massa mesmo, 
eram muitos milhões. Nunca tivemos nada no Brasil similar à histeria na 
Alemanha entre as duas guerras contra os "traidores da pátria", com 
discursos ideologicamente confusos que misturavam esquerda e direita.

Se teve alguém que andou um pouco nessa direção foram os opositores do FHC 
durante o segundo mandato. Havia a demagogia da ultra-direita (Brizola, 
Bolsonaro, clube militar) contra o FHC, que era um traidor da pátria. O 
Bolsonaro propôs fechar o congresso e o Brizola queria julgar por alta 
traição o Fernando Henrique...  e o PT foi muito condescendente fazendo 
alianças táticas... Era engraçado porque o discurso da revista do Clube 
Militar e do jornal da ADUFRJ na época era muito parecido (eu lia os 
dois!). Não havia clima de golpe mas o PT tentou insistentemente a renúncia 
na marra de um presidente eleito, que teria traído o programa com que fora 
eleito.  Felizmente essas alianças espúrias desapareceram. O PDT de Brizola 
e o Garotinho agora acham o Lula um traidor da pátria, mas os partidos 
maiores de oposição, o PSDB e o PFL, não embarcaram nisso... A ameaça do 
golpismo sumiu.

Agora, o medo da reforma do ensino superior ser usada para fortalecer 
corporações sindicais, como na Estado Novo semi-fascista,
não é uma paranóia. A LOES tem componentes similares à Constituição de 1934 
(parte do congresso nacional era de sindicalistas patronais e de 
trabalhadores) e à reforma autoritária que o Chico Campos fez nas 
universidades em 1930 (esvaziou o poder das congregações que viraram 
consultivas). Colocar na direção das IES representantes de grupos 
corporativos escolhidos casuisticamente é ruim, como foi colocar 
sindicalistas não eleitos no Congresso Nacional nos anos 30, esvaziar as 
congregações  ou colocar biônicos no Colégio Eleitoral dos militares.

Esse conselho social pode no entanto ser muito bom, se for bem 
regulamentado, ele pode ser a maneira de envolver os governos estaduais e 
municipais com a administração das universidades. Hoje nem as privadas nem 
as públicas obedecem ao controle social. Como o Luiz Davidovich fala, as 
universidades públicas e privadas americanas obedecem a "conselhos 
sociais". Isso obviamente nada tem a ver com comunismo.

Abraços, Felipe


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