[forum-prof] PROUNI pede socorro ao FIES
Luis Paulo Vieira Braga
lpbraga at im.ufrj.br
Mon Jan 10 10:25:05 BRST 2005
PROUNI pede socorro ao FIES
Enquanto o crime se organiza cada vez mais para aumentar a
efetividade de suas ações, grupos organizados de docentes contribuem para
desorganizar a sua categoria de forma irremediável, entrementes, o governo
federal avança na implantação fatiada da reforma universitária, seja por meio
da aprovação de medidas provisórias PROUNI e GED, seja pelo encaminhamento
de projetos de lei Reforma Universitária (já está disponível no site da
ADUFRJ um caderno com análises elaboradas pelo GTPE do ANDES). Outra leitura
interessante sobre o tema é a entrevista do Prof. Carlos Henrique de Brito
Cruz (reitor da UNICAMP) concedida à Carta Capital de 29 de dezembro de 2004.
O Universidade para todos PROUNI não conseguiu preencher todas as
vagas, aquelas relativas a bolsas parciais ficaram sobrando. Em vista disto
recorreu ao Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES)
criado em 2001 pelo governo Fernando Henrique em substituição ao Crédito
Educativo. Trata-se de um programa com alta taxa de inadimplência, ou seja,
os recém formados não conseguem pagar suas dívidas e preferem ficar cinco
anos no SPC até elas caducarem, caso a União não os processe. O STJ ,
demonstrando mais uma vez que o Poder Judiciário comporta-se como apêndice do
Executivo, rejeitou ação formulado por mutuários do FIES que queriam pagar as
prestações com a limitação de juros de 12% ao ano, conforme prevê a
Constituição nos contratos para consumidores. Restou-lhes a alternativa menos
séria de se juntar aos inadimplentes. Tanto as dificuldades do PROUNI como do
FIES deveriam ser suficientes para os defensores do ensino pago reverem suas
posições, se é que são sinceros em suas declarações de universalização do
ensino...
O presidente sancionou a lei do PROUNI sem vetos, isto é, manteve a
emenda do PDT que exige o certificado de regularização para as universidades
que quiserem aderir. Entretanto, foram convalidados todos os convênios
celebrados durante a vigência da MP que não tinha esta exigência. Portanto, a
inadimplência cada vez mais se torna condição sine qua non para estudantes e
empresários alcançarem seus objetivos neste país.
A cobrança crescente de tributos, impostos e juros sobre juros
aproxima-se de um impasse, pois consome toda a força produtiva da nação que
não consegue gerar riquezas compatíveis com tanta ganancia (juros em
espanhol). O capital financeiro vive seus dias mais gloriosos, prenúncio,
portanto de sua decadência como alavanca de desenvolvimento econômico. Os
economistas clássicos há mais de um século já advertiam sobre a inviabilidade
de altas taxas de juros compostos a menos que se mantivessem elevadas taxas
de crescimento econômico. O círculo virtuoso, entretanto, cederia lugar a um
círculo vicioso no qual as taxas de juros acabariam por solapar as de
crescimento e vice-versa. Suceder-se-ão uma série de perdões, anistias e
respectivas falências de instituições financeiras, inclusive os famosos
fundos de pensão remédio milagroso para o rombo da previdência. Quem sobre
(viver) verá.
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