[forum-prof] Sacerdotes Assalariados

Luciano Menezes jmenezes at acd.ufrj.br
Wed Jan 5 09:16:44 BRST 2005


Colegas

Essa discussão mostra como temos diferentes visões da docência.
Que alguns gostam de dar aulas, outros gostam de fazer pesquisas e outras de
atuar na extensão é natural, que alguns gostem de ganhar dinheiro e outros
trabalhem por prazer e precisem ganhar dinheiro também é do ser humano, mas
alguns olham para a Universidade com o olhar de empresário que utiliza o
máximo, e pretende sempre ter o maior lucro, sem arriscar o seu capital (às
vezes até porque não o possui e utiliza o da instituiçãoe) mas os lucro$ são
seus. Aqui a divergência.
A universidade é uma instituição pública e como tal sempre existiu, a grande
diferença é que se pensamos e somos  humanos, devemos buscar na universidade a
maior capacitação e desenvolvimento científico e utilizar essa formação para
distribuir entre todos e para que possamos viver numa sociedade com menos
diferenças sociais. Aqui não há movimento organizado que dê jeito naquele$ que
só enxergam $ na frente. Temos colegiados que deveriam resolver de forma
coletiva essas diferenças e creio que professor que não pesquisa não é
docente, da mesma forma que o pesquisador que não dá aulas também não é
docente, e em ambos os casos os que não participam de projetos de extensão
também não são docentes. Daí as distorções que para ser pesquisador temos que
pagar mais (bolsas), para dar aulas temos que pagar mais (GED) e para realizar
extensão faremos o que?
Talvez consigamos nos reunir num colegiado e discutir como distribuir tarefas
de forma a fazer com que cada um participe  sem se locupletar. Difícil é o
trabalho coletivo. Não dá pra fazer porque, na forma capitalista de produção
não teríamos como dizer;

a) eu ganho mais sou melhor que voce;

b) a verba que vem pelo meu trabalho é minha e não para ser utilizada com o
objetivo de desenvolver e capacitar as áreas menos favorecidas pelo dono do
capital, no nosso caso o governo;

c) façamos um grupo que avalia e decide para onde e quem vai a verba, pois
nesse momento no governo temos conhecidos.

se conseguissemos fazer uma discussão mais coletiva sôbre a Universidade
talvez todos tivessem condições de trabalho e a população, objetivo de um
serviço público, seria melhor atendida e não seria a Universidade apenas um
meio de manter o status quo.

Luciano Menezes
Prof. Luiz Eduardo wrote:

> At 14:32 4/1/2005, you wrote:
>
>> Luiz Eduardo,
>>
>> Não entendo seu argumento. Trabalho é algo remunerado, portanto,
>> se alguém trabalha por dinheiro, não me parece ruim. Parece ser
>> regra do sistema capitalista. A Universidade está dentro desse mundo,
>> por isso, inclusive, é importante, para atrair gente de qualidade, ter
>> salários razoáveis.
>>
>> Existe um problema de estrutura de incentivos. Durante muito tempo,
>> os incentivos para o exercício de atividades no âmbito da pesquisa e
>> pós eram muito superiores ao exercício de atividades no âmbito da
>> graduação. Neste caso, a modificação de regras e utilização de
>> sistema de preços para "obrigar" o exercício de certa atividade me
>> parece bastante interessante. É claro, a GED é (era) extremamente
>> imperfeita, como tudo feito nessa escala (para Universidades, regiões
>> e cursos heterogêneos).
>
>
>
> Olá, Carlos Frederico.
>
> Eu entendo seu argumento.
> E´ que também estou cansado de dar conferencias aqui, ali e lá longe,
recebendo uma passagem aérea e pagamento de hotel, mas pagando do meu bolso os
taxis nos aeroportos, as ligações telefônicas, as transparencias e, em muitos
dos casos, também as refeições.
>
> E também estou cansado de ser remunerado muito abaixo dos meus ex-colegas de
Faculdade, que trabalham para multinacionais. Ou mesmo abaixo de meus colegas
de universidade que, apesar da DE, prestam consultorias, ou mantem
escritórios, consultórios e laboratórios.
>
> Se o meu patrão oferece complemento salarial para os empregados que publicam
mais, eu entendo seu pensamento, e entendo que esses empregados, meus colegas,
optem por pesquisar mais, menosprezando dar aulas, já que o MEC, o patrão,
também menospreza quem dá aula.
>
> Agora, se o patrão institui um GED, para complementar salário de quem dá
aula, dá pra entender que os empregados então obedeçam as prioridades do
patrão, e voltem a dar aulas ou, pelo menos, se virem para colocar o nominho
no SIGA, como responsavel por disciplinas.
>
> Dez anos atras, houve semestre em que respondi por até 5 disciplinas. Hoje
não. Hoje neguinho briga para ficar com as disciplinas. Realmente o GED parece
que provoca mudanças.
>
> Mas eu entendo que professor deveria dar aula por prazer.
> Se ele ganha salário, se ele optou por ser professor, ele deveria, imagino,
entendo, ele deveria gostar muito de dar aula, e daria aula mesmo sem GED.
>
> Estamos falando aqui de empregados e salários, de incentivos e gratificações.
> Eu entendo.
>
> Mas o Luiz Paulo estava falando de vocações, iniciativas e compromissos.
> Eu também entendo.
>
> Você agora me entende ?
> Meu dever é me fazer entendido.
> Se alguém não me entende, a culpa é minha.
> E estarei sempre disposto a me explicar de novo.
>
> Com um abraço e os desejos de um Feliz 2005 ! ! !
>
> Luiz Eduardo
>
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