[forum-prof] Qualidade independe de horário de curso
Tarso Mazzotti
tmazzotti at mac.com
Sat Jul 17 17:38:28 BRT 2004
Estudo da UFMG usou dados do Provão e de rendimento semestral; alunos
de escolas públicas se concentram à noite
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1707200413.htm
Qualidade independe de horário de curso
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Estudo realizado pela diretoria de Avaliação Institucional da UFMG
(Universidade Federal de Minas Gerais) concluiu que a qualidade dos
cursos noturnos oferecidos pela instituição é a mesma que a dos cursos
diurnos. Em alguns casos, o desempenho dos alunos noturnos, a maior
parte oriunda de escolas públicas, é até melhor do que os dos cursos
diurnos.
"A suposição de que os alunos dos cursos noturnos teriam desempenho
pior, porque são os que têm capital cultural mais baixo e a maioria fez
escola pública, não se verificou", disse Maria do Carmo de Lacerda
Peixoto, diretora de Avaliação Institucional.
O levantamento reforça a decisão de maio de 2003 do Conselho
Universitário da UFMG de investir mais nos cursos noturnos, como forma
de democratizar o acesso à universidade pública, embora isso não isente
a instituição de debater a questão das cotas, disse Lacerda Peixoto.
O estudo está amparado em duas análises: nas médias dos resultados
obtidos no Exame Nacional de Cursos (o Provão do MEC) de 1997 a 2002 e
no RSG (rendimento semestral global), calculado a partir do rendimento
dos estudantes em todas as disciplinas no mesmo período.
A pesquisa comparou as notas dos provões realizados pelos estudantes
de nove cursos diurnos e noturnos. Pelo RSG, foram oito cursos
analisados.
Pelo rendimento semestral, alunos noturnos de química, física e
pedagogia se saíram melhor que os colegas do turno diurno. No Provão,
os alunos da noite de letras, história e direito tiveram melhor
resultado. Nos cursos com rendimento menor, a diferença média não foi
tão significativa.
A UFMG oferece atualmente 13 cursos noturnos e mais 46 diurnos. São
2.850 alunos noturnos, o que representa 12,8% do total na graduação. É
à noite que os estudantes vindos das escolas públicas médias se
concentram mais.
Assustador
"Avaliando o curso noturno com o diurno, o acréscimo de alunos
provenientes de escola pública é uma coisa assustadora", disse Lacerda
Peixoto, que deu exemplos: em 2003, na engenharia mecânica noturna eram
63% de alunos oriundos de escola pública, contra 23% na diurna. Em
ciências biológicas, eram 70% no noturno e 25% no diurno.
"E eu estou pegando cursos mais concorridos. A própria clientela que
se inscreve para o vestibular representa percentual mais elevado de
ensino de escola pública, não tem cota que garanta 70% de escola
pública", afirmou a diretora.
A diretora disse que o estudo reforça a política de ampliação dos
cursos noturnos, sem deixar de discutir as cotas, até porque há cursos
como medicina, medicina veterinária e odontologia que, pelas suas
características, só funcionariam bem no turno diurno.
As cotas também seriam importantes para garantir o ingresso de alunos
oriundos de escolas públicas em cursos que têm baixa representação
desses estudantes. Trabalho realizado pela UFMG no ano passado mostra
que em 14 cursos oferecidos pela universidade o contingente de egressos
da escola pública era inferior a 30%. Em outros 15 cursos variava entre
30% e 50%. A maioria dos cursos (27) tinham mais de 50%.
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