<p style="text-align: left;">Luiz Eduardo,</p>
<p style="text-align: left;">Eu não tenho a menor dúvida quanto a concordar com o que você afirma.</p>
<p style="text-align: left;">Infelizmente entretanto, a bandeira em favor do PÚBLICO é antes de tudo uma bandeira revolucionária e anti-sistêmica.</p>
<p style="text-align: left;">É a bandeira contra O INDIVIDUALISMO, O LUCRO PELO LUCRO, OS INTERESSES PARTICULARES E INDEFENSÀVEIS e a MAXIMIZAÇÃO NA UTILIZAÇÃO DE TODOS OS RECURSOS entre outros valores.</p>
<p style="text-align: left;">Em suma, é uma bandeira ANTI-CAPITALISTA, porque é promotora dos valores democráticos.</p>
<p style="text-align: left;">Eu sei que isso fica parecendo discurso de marxista empedernido. Mas além de eu não ser marxista, vale lembrar que Marx também elogiava o capitalismo, basta ler o Manifesto Comunista, além de ter perpetuado a teleologia de que chegaríamos ao socialismo (e posteriormente ao comunismo), depois de esgotados o desenvolvimento e as contradições do capitalismo.</p>
<p style="text-align: left;">E tem também aquela coisa bisonha, dos marxistas acreditarem que a democracia é a mãe do capitalismo, ou o sistema mais adequado para o seu florescimento.</p>
<p style="text-align: left;">Além de não terem aprendido nada com o ocaso do socialismo real, os caras devem estar pensando que a China virou a maior democracia da Terra.</p>
<p style="text-align: left;">O que mais importa entretanto, é que de acordo com o pensamento liberal clássico, o indefectível suporte conceptual do capitalismo, o PÙBLICO não passa de um E<span style="color: #000000;">FEITO COLATERAL.</span></p>
<p style="text-align: left;"><span style="color: #000000;"><span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif;">É </span>só lembrar da "mão boba" do Adam Smith:</span></p>
<p style="text-align: left;">
<p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica;"><span style="font: 12.0px Helvetica;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: verdana, geneva;">“</span></span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: verdana, geneva;">Todo indivíduo necessariamente trabalha no sentido de fazer com que o rendimento anual da sociedade seja o maior possível. Na verdade, ele geralmente <strong>não tem intenção de promover o interesse público</strong>, nem sabe o quanto o promove. Ao preferir dar sustento mais à atividade doméstica que à exterior, <strong>ele tem em vista apenas sua própria segurança</strong>; e, ao dirigir essa atividade de maneira que sua produção seja de maior valor possível, <strong>ele tem em vista apenas seu próprio lucro</strong>, e neste caso, como em muitos outros, <strong>ele é guiado por uma mão invisível a promover um fim que não fazia parte de sua intenção</strong>. <strong>E
o fato de este fim não fazer parte de sua intenção nem sempre é o pior para a sociedade</strong>. <strong>Ao buscar seu próprio interesse</strong>, freqüentemente <strong>e</strong><strong>le promove o da sociedade </strong>de maneira mais eficiente <strong>do que quando realmente tem a intenção de promovê-lo</strong>.” (SMITH, 1998; pp 593-594. Tradução do original em inglês que fiz para a minha tese; os negritos também são meus)</span></span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica;"><span style="font-family: verdana, geneva;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica;"><span style="font-family: verdana, geneva;"><span style="font-size: small;">Diante da atualização dessa herança filosófica que os neoliberais tanto preservam, não admira o que você escreveu sobre a <em>res publica , </em>no <em>campi</em> das instituições públicas de ensino superior. </span></span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica;"><span style="font-family: verdana, geneva;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica;"><span style="font-family: verdana, geneva;"><span style="font-size: small;">Não admira também a estúpida desigualdade social desse país e tampouco a dantesca miséria do Haiti, que o enorme terremoto apenas escancarou, apesar do país caribenho há muito tempo ser a Meca mundial de uma porrada de ONGs com os seus respectivos e milionários projetinhos sociais, que de <strong>PÚBLICOS</strong>, estão cheios de mãozinhas invisíveis.</span></span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica;"><span style="font-family: verdana, geneva;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica;"><span style="font-family: verdana, geneva;"><span style="font-size: small;">Tem até Viva Rio lá no Haiti...</span></span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica;"><span style="font-family: verdana, geneva;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica;"><span style="font-family: verdana, geneva;"><span style="font-size: small;">Não podemos perder de vista portanto, meu honorável e mui estimado colega, que a questão do PÚBLICO em nossos <em>campi </em>apenas reflete a doença em estágio avançado do nosso estado civilizatório.</span></span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica;"><span style="font-family: verdana, geneva;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica;"><span style="font-family: verdana, geneva;"><span style="font-size: small;">
<p style="margin: 0.0px 0.0px 12.0px 0.0px; text-align: justify; font: 12.0px Times;"><span style="letter-spacing: 0.0px;"><span style="font-family: verdana, geneva;">Ou aquilo que em 1930 Freud escreveu no seu livro "O mal-estar na cultura": “no lugar dos valores da vida se preferiu o poder, o sucesso e a riqueza, buscados por si mesmos”.<br /></span></span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 12.0px 0.0px; text-align: justify; font: 12.0px Times;"><span style="font-family: verdana, geneva;">Não deveria ser assim na universidade pública, o espaço social que a princípio seria a morada do livre pensar.</span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 12.0px 0.0px; text-align: justify; font: 12.0px Times;"><span style="font-family: verdana, geneva;">Mas mesmo nesse <em>locus</em> entretanto, os que se comprometem com o PÚBLICO devem estar preparados para se enxergarem como revolucionários ou subversivos.</span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 12.0px 0.0px; text-align: justify; font: 12.0px Times;"><span style="font-family: verdana, geneva;">Devem ter em mente sempre, que são anti-sistêmicos, que estão em franca desigualdade e que precisam ajustar muito bem, tanto individual como coletivamente, as suas formas de resistência, de luta e de sobrevivência.</span></p>
<p style="margin: 0.0px 0.0px 12.0px 0.0px; text-align: justify; font: 12.0px Times;"><span style="font-family: verdana, geneva;">Do contrário correm o risco de não compreenderem o tamanho da adversidade que optaram enfrentar, tornando-se presas fáceis do desemparo e da depressão.</span></p>
</span></span></p>
</p>
<p style="text-align: left;">Abração,</p>
<p style="text-align: left;">Leandro</p>
<p style="text-align: left;"> </p>
<p>Em 18/01/2010 15:32, <strong>Luiz Eduardo email < luizeduardo.email@yahoo.com.br ></strong> escreveu:</p>
<blockquote style="border-left: 2px solid #6868cc; margin: 0pt 0pt 0pt 0.8ex; padding-left: 1ex;"><br /> <br /><br /> <br /> <span style="color: #000080;"><strong>Um indivíduo...<br /> pra ser servidor PÚBLICO...<br /> ele tem que ter espírito PÚBLICO<br /><br /> <br /> Um indivíduo...<br /> pra ser professor em universidade PÚBLICA...<br /> ele tem que ter espírito PÚBLICO...<br /><br /> <br /> Até mesmo pra ser...<br /> publicador Qualis A... em universidade PÚBLICA...<br /> é imprescindível ter espírito PÚBLICO...<br /><br /> <br /> Até os RHs das empresas privadas...<br /> andam avaliando o lado social e o espírito PÚBLICO...<br /> dos candidatos a emprego.<br /><br /> <br /> OBVIO QUE NOS CONCURSOS PÚBLICOS...<br /> é possivel avaliar espírito PÚBLICO...<br /> seja através dos currículos e memoriais...<br /> seja... através da problematização conjunturante das temáticas e abordagens das provas escritas e didáticas.<br /><br /> Aliás...<br />
quem confia avaliação de prova didática à uma banca...<br /> deveria também poder confiar que essa banca fizesse e avaliasse mediante ENTREVISTA PÚBLICA.<br /><br /> <br /><br /> Agora...<br /> me conta...<br /> cadê esses professores com espírito público...<br /> pra fazer parte dessas Bancas ?<br /><br /> <br /><br /> L.E.<br /><br /> <br /> </strong></span>============================== <br /></blockquote>