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<body bgcolor="#ffffff" text="#000000">
<b><small><font size="+1"><small><font face="Calibri">Leandro,<br>
<br>
Parabens pelo extraordinario leque de comentarios e pela precisa
identificacao de
alguns dos principais pontos sensiveis (criticos, ate'!) da fase a que
todos fomos impostos.<br>
<br>
Aqui na Escola Politecnica tentei --ha' quase 10 anos-- sugerir a
introducao de um sistema de avaliacao/acompanhamento de docentes e
disciplinas
(conteudo, material didatico, relacao teoria-pratica, relevancia e
modernidade da bibliografia, etc.) por parte dos alunos. Sugeri que o
modelo de avaliacao fosse desenvolvido por pedagogos e especialistas em
didatica de nivel superior e nao por nós proprios, o corpo docente
"comum" da Escola. Sugeri que houvesse uma introducao em fases para
tentar nao criar muitas resistencias. Tentei justificar a importancia
disso no fato de que, apesar de os cursos de Engenharia (assim como
todos os demais, acredito eu...) devessem continuar a ser avaliados
pela sociedade e pelo "mercado", os proprios alunos poderiam colaborar
diretamente com a melhoria de uma serie de itens; assim, tambem
prestariam um auxilio
direto nao apenas aos professores, mas muito mais aos alunos que
ingressassem nos cursos mais a frente.
Em 2 ou 3 reunioes que tivemos 'a epoca, ombrearam comigo uma
meia-duzia... os demais... bem, nao preciso nem falar qual foi a
posicao deles, certo?! Mas lembro-me que se manifestaram com muito
preocupacao sobre um "possivel aumento do poder dos alunos" e que estes
"na verdade vêm e vao" e assim nao teriam maiores "compromissos" com a
melhoria futura de um curso que eles nao iriam cursar... Lembro-me
como se fosse hoje um membro da Diretoria da Escola, 'a epoca,
concordando com estes comentarios... o pior e' que depois da ultima
reuniao (a que selou o "nao" definitivo para a minha sugestao), no
corredor, este Diretor chegou para mim e disse algo do tipo "é muito
dificil convencer esses professores mais antigos dessas modernidades...
alem do mais, voce nem conseguiu convencer os mais novos... isso pode
até funcionar la' fora, mas aqui..."<br>
<br>
Chegamos a um estagio tamanho poder e tirania de uma panelinha de
pseudo-intelectuais sentados no climax do orgulho e da vaidade
academicas, que esta' cada vez mais dificil fazer com que coisas mais
simples, mais aplicaveis e que sejam um pouco mais faceis e
equilibradas para todas
as partes envolvidas (e nao apenas as coisas que, complicadas e
extrapoladas, privilegiam apenas os tais </font></small></font></small></b><font
size="+1"><font face="Calibri"><b><small>pseudo-intelectuais fanaticos
e seus sangue-sugas abestados) sejam sequer consideradas para debate e
discussao.<br>
<br>
Abracos,<br>
Respicio<br>
-------------</small></b></font></font><font size="+1"><font
face="Calibri"><br>
</font></font><small><br>
<a class="moz-txt-link-abbreviated"
href="mailto:leandrofilho@uol.com.br">leandrofilho@uol.com.br</a>
wrote:</small>
<blockquote cite="mid:4b5104c578893_291bc3dee7c13@weasel7.tmail"
type="cite">
<p><small>Felipe,</small></p>
<p><small>Toda a vez que um sistema prioriza uma forma específica de
produtividade, exarcebando a competição e a acumulação, na mesma medida
em que são forçados consensos goela abaixo, a tendência é no sentido do
claro totalitarismo, seja de corte fascista, stalinista ou de mercado
capitalista.</small></p>
<p><small>Evidentemente essas tendências não seguem os mesmos
procedimentos do período entre guerras.</small></p>
<p><small>Devidamente atualizadas, elas até flertam firme com a
persuasão e a democracia, mas praticam mesmo no final das contas, o
discurso único ou o famoso <em>there is no alternative</em>.</small></p>
<p><small>Daí as expressões neofascismo, o extremismoa à direita, que
podem ser também extremas à esquerda, como o neostalinismo, sem deixar
de lado o simulacro da liberdade e da democracia, mais conhecido como
neoliberalismo.</small></p>
<p><small>Tradicionalmente os cientistas prestam grandes serviços a
esses sistemas, mais ou menos como os antigos sacerdotes dos faraós,
sendo que ao invés de prometer o domínio através de poderes
metafísicos, invocam a racionalidade insuperável da tecnociência, com a
qual municiam o poder político para que os seus detentores sintam-se
emponderados para atropelarem qualquer debate, diferença ou dissenso.</small></p>
<p><small>Foi assim nos regimes totalitários da Alemanha, do Japão,
da URSS e até nos Estados Unidos, com o Consenso de Washington e a Era
Bush.</small></p>
<p><small>O resultado é uma universidade que não debate o que deveria
debater, que quer produzir o conhecimento, mas não quer refletir sobre
o seu impacto, que se declara preocupada com a graduação, mas aposta na
massificação do REUNI - o rato parido da montanha de areia chamada
Plano Nacional de Educação, que de plano nada tinha -, que se
diz amante da interdisciplinaridade, mas privilegia a pesquisa aplicada
e deixa encravar em seu campus um monstrengo petrolífero como não se vê
em nenhuma outra parte do mundo, que não sabe mais se a COPPE é ou não
pertencente à sua realidade institucional, e que finalmente não formula
consensos substantivos de educação e civilização, reverberando-os
claramente por toda a sociedade.</small></p>
<p><small>É nesse contexto de acanhamento político e acadêmico, que
são determinados quais são os professores "produtivos" e os
"não-produtivos". Que podemos também denominar como sendo "competentes"
ou "incompetentes" ou melhor ainda, <em>winners and losers</em>.</small></p>
<p><small>Concordo plenamente quando você propõe a necessidade de
desenvolvermos melhor diversos indicadores, para que a avaliação de
desempenho acadêmico seja mais completa e menos injusta.</small></p>
<p><small>E concordo igualmente que a dificuldade nesse sentido não é
pequena. A esse respeito os problemas que você levantou são também mais
do que pertinentes.</small></p>
<p><small>Mas à guisa de refletirmos e pensarmos (somos pagos para
isso também), sobre os princípios norteadores desses indicadores,
gostaria de acrescentar que devemos valorizar mais as estimativas do
que as comparações, e que o parecer qualificado dos alunos tem de ser
parte integrante desse conjunto de indicadores.</small></p>
<p><small>Afinal, a sociedade que nos paga encontra-se representada
com todas as suas desigualdades e eventuais virtudes, pelos alunos com
os quais precisamos trabalhar.</small></p>
<p><small>Frequentemente isso parece sobremaneira distante dos nossos
mais acalorados debates.</small></p>
<p><small>Talvez por isso, a nossa UFRJ não seja também uma
universidade orientada para os seus alunos.</small></p>
<p><small>Abraço,</small></p>
<p><small>Leandro</small></p>
<p><small><br>
Em 15/01/2010 15:54, <strong>Luiz Felipe Coelho < <a
class="moz-txt-link-abbreviated" href="mailto:coelho@if.ufrj.br">coelho@if.ufrj.br</a>
></strong> escreveu:</small></p>
<blockquote
style="border-left: 2px solid rgb(104, 104, 204); margin: 0pt 0pt 0pt 0.8ex; padding-left: 1ex;"><small><br>
Pessoal<br>
<br>
Qualquer indicador se presta a distorções: números de horas de aula
semanais (CDSM), número de artigos cientícos, número de orientados,
número de citações, número de patentes, número de cargos
administrativos, etc, etc, etc. Isso acontece na pós, na produção
científica, na graduação, na administração e na extensão. Mas
indicadores são males necessários!<br>
<br>
Para mim a resposta a tudo isso é que temos a necessidade de
indicadores, para que as atividades acadêmicas funcionem e em respeito
ao apoio que a sociedade nos dá, e temos a necessidade de nos
relacionarmos de forma civilizada e prazeirosa, não estamos numa linha
de montagem do Henry Ford. As duas necessidades tem um equilíbrio
instável. A meu ver adjetivos como "neofacista" são equivocados
inteiramente, cobrar produtividade dentro da universidade nunca pode
ser chamado de neofascista. O fascismo é um movimento autoritário
baseado num partido político de massas e que visa a governar um país em
benefício de suas elites. O Qualis, a CAPES, o CNPq, o Lattes e outros
nomes e siglas, por piores que sejam seus defeitos eventuais, não visam
a isso, os cientistas (nem mesmo o ministro e físico Sérgio Rezende)
não querem tomar o poder em Brasília!<br>
<br>
Abraços, Felipe<br>
<br>
PS: Exemplos da necessidade e da dificuldade de indicadores:<br>
No caso da pós a qualificação dada pela CAPES depende de uma batelada
desses indicadores dividida pelo número de docentes do programa. Aí é
natural que os programas tentem separar os docentes inativos. Como não
há regra para isso alguns programas são extremamente restritivos, com
docentes supostos, certa ou erradamente, serem "pouco produtivos" sendo
afastados para "melhorar os indicadores", o que leva a um ganho
coletivo de ter mais bolsas. A meu ver é natural a CAPES ter
indicadores mas ela tem que impedir que os programas "trambiquem" esses
indicadores com um corte artificial de seu quadro docente.<br>
<br>
No caso da produção científica, esta desde sempre envolveu divulgação
dos resultados para submissão aos colegas ou oralmente (em congressos
ou em reuniões científicas) ou por escrito (em artigos e livros). A
medição disto é complicadíssima mesmo nas ciências da natureza e suas
aplicações pois há diferenças dramáticas de área para área (em física
de partículas experimental por exemplo é frequente artigos com mais de
100 autores, pois as experiências são extremamente complexas e
demoradas, já nas outras áreas da física o normal é ter 2 ou 3 autores)
e há intercessão de áreas. A medição é muito mais difícil para ciências
humanas e sociais e para artes. <br>
<br>
No caso da atividade didática de graduação, medí-la pelo número de
horas de aula, pelo número de alunos matriculados, pela diversid ade de
disciplinas ministradas, pelo número de orientados acadêmicos, ou pela
preparação de livros? Mas quem garante que os livros escritos e as
aulas ministradas foram bons, que as provas foram corrigidas
cuidadosamente, que os alunos foram bem orientados ou que alunos com
dúvidas extra-classe foram bem atendidos? Além disso o que é uma aula,
um profissional de saúde que fica 20 horas num hospital, algumas das
quais na presença de alunos, será que deu 20 horas de aula? E uma
turma, se uma turma de 20 alunos for subdividida em 2 turmas de 10 o
trabalho docente dobra?<br>
<br>
O mesmo vale para a administração, alguns professores tiveram muitos
cargos administrativos mas quem garante o seu desempenho?<br>
<br>
O caso da extensão é para mim o mais difícil de medir, como comparar
uma apresentação de orquestra com um curso de qualificação de
professores? <br>
</small><br>
</blockquote>
</blockquote>
</body>
</html>