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<div class=Section1>
<p class=MsoNormal><b><font size=2 color=navy face=Arial><span
style='font-size:10.0pt;font-family:Arial;color:navy;font-weight:bold'>O artigo
mostra que muita gente pensa ser a universidade melhor do que suas aparências
sugerem. <o:p></o:p></span></font></b></p>
<p class=MsoNormal><b><font size=2 color=navy face=Arial><span
style='font-size:10.0pt;font-family:Arial;color:navy;font-weight:bold'><o:p> </o:p></span></font></b></p>
<p class=MsoNormal><b><font size=2 color=navy face=Arial><span
style='font-size:10.0pt;font-family:Arial;color:navy;font-weight:bold'>Quando
um judeu menciona essas coisas, os medíocres e corruptos dizem que é
“mania de persiguição”. <o:p></o:p></span></font></b></p>
<p class=MsoNormal><b><font size=2 color=navy face=Arial><span
style='font-size:10.0pt;font-family:Arial;color:navy;font-weight:bold'><o:p> </o:p></span></font></b></p>
<p class=MsoNormal><b><font size=2 color=navy face=Arial><span
style='font-size:10.0pt;font-family:Arial;color:navy;font-weight:bold'>Quando
um não-judeu reclama, dizem que é maluco.<o:p></o:p></span></font></b></p>
<p class=MsoNormal><b><font size=2 color=navy face=Arial><span
style='font-size:10.0pt;font-family:Arial;color:navy;font-weight:bold'><o:p> </o:p></span></font></b></p>
<p class=MsoNormal><b><font size=2 color=navy face=Arial><span
style='font-size:10.0pt;font-family:Arial;color:navy;font-weight:bold'>Se for
negro, dizem coisas piores.<o:p></o:p></span></font></b></p>
<p class=MsoNormal><b><font size=2 color=navy face=Arial><span
style='font-size:10.0pt;font-family:Arial;color:navy;font-weight:bold'><o:p> </o:p></span></font></b></p>
<p class=MsoNormal><b><font size=2 color=navy face=Arial><span
style='font-size:10.0pt;font-family:Arial;color:navy;font-weight:bold'>Quando
alguém insiste em protestar, criam uma comissão de sindicância para puni-lo. <o:p></o:p></span></font></b></p>
<p class=MsoNormal><b><font size=2 color=navy face=Arial><span
style='font-size:10.0pt;font-family:Arial;color:navy;font-weight:bold'><o:p> </o:p></span></font></b></p>
<p class=MsoNormal><b><font size=2 color=navy face=Arial><span
style='font-size:10.0pt;font-family:Arial;color:navy;font-weight:bold'>AZ <o:p></o:p></span></font></b></p>
<p class=MsoNormal><font size=2 color=navy face=Arial><span style='font-size:
10.0pt;font-family:Arial;color:navy'><o:p> </o:p></span></font></p>
<p class=MsoNormal><font size=2 color=navy face=Arial><span style='font-size:
10.0pt;font-family:Arial;color:navy'><o:p> </o:p></span></font></p>
<div>
<div class=MsoNormal align=center style='text-align:center'><font size=3
face="Times New Roman"><span style='font-size:12.0pt'>
<hr size=2 width="100%" align=center tabindex=-1>
</span></font></div>
<p class=MsoNormal><b><font size=2 face=Tahoma><span style='font-size:10.0pt;
font-family:Tahoma;font-weight:bold'>De:</span></font></b><font size=2
face=Tahoma><span style='font-size:10.0pt;font-family:Tahoma'>
forum-prof-bounces@if.ufrj.br [mailto:forum-prof-bounces@if.ufrj.br] <b><span
style='font-weight:bold'>Em nome de </span></b>LuizEduardo2<br>
<b><span style='font-weight:bold'>Enviada em:</span></b> segunda-feira, 19 de
janeiro de 2009 17:35<br>
<b><span style='font-weight:bold'>Para:</span></b> FORUM-prof@listas.if.ufrj.br<br>
<b><span style='font-weight:bold'>Assunto:</span></b> [forum-prof] Proifes,
Gaza, Lattes e Mediocridade</span></font><o:p></o:p></p>
</div>
<p class=MsoNormal><font size=3 face="Times New Roman"><span style='font-size:
12.0pt'><o:p> </o:p></span></font></p>
<p class=MsoNormal style='margin-bottom:12.0pt'><font size=3
face="Times New Roman"><span style='font-size:12.0pt'><o:p> </o:p></span></font></p>
<p class=MsoNormal align=right style='margin-bottom:12.0pt;text-align:right'><font
size=1 face="Times New Roman"><span style='font-size:7.5pt'>19 de janeiro de
2009</span></font> <br>
<img width=220 height=29 id="_x0000_i1025"
src="http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/images/ilustrad.gif" alt="[]"><br>
<img width=500 height=1 id="_x0000_i1026"
src="http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/images/ilubar.gif" alt="[]"><br>
<br>
<o:p></o:p></p>
<p class=MsoNormal align=center style='margin-bottom:12.0pt;text-align:center'><b><font
size=2 color=navy face="Times New Roman"><span style='font-size:10.0pt;
color:navy;font-weight:bold'>LUIZ FELIPE PONDÉ<br>
<br>
</span></font></b><b><u><font size=6><span style='font-size:24.0pt;font-weight:
bold'>A luz</span></font></u></b><u><font size=6><span style='font-size:24.0pt'>
<br>
<br>
<br>
</span></font></u><b><i><span style='font-weight:bold;font-style:italic'>Um
ético de plantão faz pose de indignação sem colocar em prática boas condutas em
seu quintal <br>
<br>
<br>
</span></i></b><o:p></o:p></p>
<p class=MsoNormal><font size=3 face="Times New Roman"><span style='font-size:
12.0pt'>UMA LEITORA pergunta: "O que é um ético de plantão?". O
repúdio de algumas universidades brasileiras ao bombardeio da universidade de
Gaza é um exemplo. Afora o fato de que não sabemos se o reitor ou o Exército
mentiu (a rápida opinião de que prédios civis não sejam bases militares em Gaza
já evidencia o amadorismo da discussão), o que chama a atenção é a rapidez com
que os acadêmicos (minha tribo) se dispõem ao repúdio.<br>
<br>
Intelectuais e artistas deveriam ser mais cuidadosos quando se fazem bastiões
da ética, pois o mundo da arte e da cultura é marcado por toda forma de abuso
de poder e vícios corporativos. Um ético de plantão faz poses de indignação sem
nenhuma prática ética em seu quintal. A pose de indignação virou ferramenta do
marketing. Claro que a vida real se dá em meio a um equilíbrio sutil de vício e
virtude. Só que nosso ético de plantão negará isso, vendendo uma pose de quem
vive fora desse mar cinzento.<br>
<br>
Neste verão, confesso, estou assombrado pelos fantasmas machadianos:
"Suporta-se bem a cólica alheia", diria Brás Cubas sobre esses
plantonistas. A causa dessas assombrações é a longa exposição ao silêncio do
campo desabitado e a escuridão. Aqui, tempestades nos deixam na escuridão
pré-luz elétrica, e temos uma por dia. Fatos como esses nos devolvem às nossas
origens: a luz elétrica é um dos bastiões da civilização contra as trevas.
Acredito mais na luz da CPFL do que na do Iluminismo.<br>
<br>
Voltemos à minha tribo. Muita gente boa (Carpeaux, Paulo Francis, Ortega y
Gasset, Nisbet, Oakeshott) já falou sobre essa nova classe média produzida pela
indústria universitária: engenheiros, médicos, cientistas, sociólogos,
filósofos profissionais que entendem muito de uma coisa apenas, mas que têm
opiniões fáceis sobre todo o resto. Nada mais bárbaro do que "o"
especialista.<br>
<br>
Esse bárbaro, a partir de seu pequeno diploma, emite juízos sobre, digamos, se
devemos ou não colonizar a Lua, partindo de suas minúsculas manias que não se
sabem manias. Confesso: também tenho as minhas. Exemplos? Creio que somos
motivados mais por paixões ordinárias do que por grandes ideias, penso que
mentimos a maior parte do tempo, principalmente quando falamos em nome do "bem
coletivo", confio mais em quem se crê mal do que em quem se crê a favor do
bem, tenho medo de que o medo seja mais essencial do que o amor e de que, na
ausência de luz elétrica, nossas almas penadas nos visitem.<br>
<br>
Por volta do século 13, os monastérios perderam o lugar de bastiões do
conhecimento para as então recém-fundadas universidades. Temo que, assim como
os monastérios medievais viraram poços de vícios e bandidagem, nossas
universidades também sucumbam ao peso da mediocridade e do mau-caratismo. Lá em
nome do imaginário do inferno, sei lá, cá em nome da miséria burocrática e da
"produtividade".<br>
<br>
Cara leitora, veja como agem muitos dos éticos de plantão da minha tribo, os
mesmos que choram pela universidade em Gaza. Eles não se deteriam diante do
aniquilamento de colegas unicamente porque discordam deles. Usariam o poder
institucional para negar verbas de pesquisa a seus "inimigos",
motivados por conflitos de interesses bem mais mesquinhos do que o conflito de
Gaza. O discurso "do coletivo" na universidade quase sempre serve
mais à ditadura da igualdade miserável do que à liberdade da diferença que faz
diferença: a competência. Lobbies políticos destroem carreiras promissoras
sorrindo pelos corredores.<br>
<br>
Mas existem dramas gerados pela própria estrutura industrial do "produto
científico", diria Adorno. O discurso da produtividade, sua quantificação
e burocracia matam o cotidiano acadêmico. Reuniões intermináveis são gastas
garantindo que não teremos tempo para nada de relevante. A solução é "produzir
mais produtividade". Assim, os burocratas da produtividade prestam serviço
à mais vil preguiça intelectual.<br>
Milhares de artigos que não serão lidos são publicados em centenas de revistas
que não serão tampouco lidas. Um mar de "objetividade irrelevante".
Mas isso tudo ocupa tempo, gera pontuações e dá emprego ao banal. O que
ganhamos com isso? A garantia de que a maior parte de nós estará ocupada com a
burocracia da produtividade.<br>
<br>
Mas por que aceitamos esse desfile de mediocridade organizada? Simples, cara
leitora: porque a mediocridade, como uma boa mãe, cuida do futuro dos seus
filhos.<br>
<br>
<br>
<b><span style='font-weight:bold'><a href="mailto:luiz.ponde@grupofolha.com.br">luiz.ponde@grupofolha.com.br<br>
</a></span></b><o:p></o:p></span></font></p>
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