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<b>Vos envio este artigo publicado ontem, na Folha de São Paulo, e
confesso que não é visando contribuir para uma melhor compreensão da
Guerra em Gaza.<br>
Mas para que, por analogia, talvez possamos melhor compreender o que
transcorre no Consuni, no Reuni, no Proifes...<br><br>
L.E.<br><br>
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</b><div align="right">
<img src="http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/images/opiniao.gif" width=190 height=37 alt="[]">
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</font><font size=1>07 de janeiro de 2009</font><font size=3> <br><br>
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<div align="center"><font size=2 color="#000080"><b>TENDÊNCIAS/DEBATES<br>
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</font><font size=5>Novidades da guerra em Gaza</b></font><font size=3>
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<b>JORGE ZAVERUCHA<br><br>
</b></div>
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<b><i>Israel tem usado força proporcional à ameaça militar existente,
visando, unicamente, acabar com a fonte da agressão</i></b> <br>
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O ATAQUE israelense na faixa de Gaza contra o Hamas é uma ação
"defensiva, e não ofensiva". Quem assim inovou foi o ministro
das Relações Exteriores da República Checa, Karel Schwarzenberg, também
presidente da União Europeia. Certamente sua memória sobre a ocupação
soviética o torna menos tolerante com ditaduras laicas ou religiosas do
que alguns de seus colegas europeus ocidentais.<br>
Diplomaticamente, faz tempo que Israel não recebe tanto apoio da
comunidade internacional. Há críticas verbais, mas estas são para efeito
externo. Na prática, foi dada permissão para Israel enfraquecer o Hamas,
desde que a operação militar não dure muito tempo nem que Gaza seja
ocupada indefinidamente. E é exatamente isso que Israel almeja.<br>
Não interessa nem à maioria dos países ocidentais nem aos países árabes
"moderados" (Egito, Jordânia e Arábia Saudita, por exemplo) o
fortalecimento de uma filial do Irã na faixa de Gaza. Uma coisa é o eixo
Irã-Hamas-Hizbollah; outra é a causa palestina sob os auspícios da
Autoridade Nacional Palestina.<br>
A Turquia surpreende pela sua virulência anti-Israel, logo ela que não
aceita a independência curda em seu território. Já o Egito inovou ao
criticar publicamente o Hamas por dar o pretexto para a operação militar
por meio de indiscriminados ataques de foguetes contra civis israelenses,
muito embora boa parte das armas contrabandeadas para Gaza sejam feitas a
partir de território egípcio.<br>
O revide israelense está dentro dos cânones da lei internacional. Israel
tem usado força proporcional à ameaça militar existente, visando,
unicamente, acabar com a fonte da agressão. Infelizmente, isso gera a
morte de inocentes que são usados como escudos humanos pelo Hamas.<br>
Como o bombardeio aéreo não foi suficiente para neutralizar o lançamento
de foguetes, fez-se necessário a operação terrestre sob o ponto de vista
israelense. E, lamentavelmente, mais civis morrerão.<br>
Quanto ao Egito, seu temor não é de pouca monta. Mubarak nega-se a abrir
a passagem de Rafah para o Hamas enquanto a Autoridade Nacional Palestina
não voltar a dominar Gaza.<br>
O atual presidente egípcio já tem, internamente, problemas demais com o
radicalismo islâmico. Foi um grupo fundamentalista que assassinou o
presidente Sadat. O hoje braço direito de Bin Laden, Ayman al Zawahiri,
participou do complô que matou o presidente egípcio que fez a paz com
Israel e ganhou a península do Sinai em troca.<br>
A irritação com Mubarak chegou ao ponto de o líder do Hizbollah, Hassan
Nasrallah, ter pedido que a população egípcia derrubasse o presidente
egípcio pela ajuda que estaria dando a Israel na luta contra o
Hamas.<br>
O Hizbollah e o Hamas são novos atores políticos não estatais no conflito
e disputam proeminência com tradicionais Estados árabes. Mais um fator de
instabilidade na região.<br>
Outra novidade é a fratura exposta da liderança palestina durante a
guerra contra Israel.<br>
O Hamas, embora democraticamente eleito pela população de Gaza, instaurou
uma ditadura que, inclusive, matou e expulsou palestinos do grupo Fatah.
Este é laico e, ao contrário do Hamas, reconhece o direito à existência
do Estado de Israel.<br>
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, quer
retomar o controle político sobre Gaza e sobre o processo de paz com
Israel. Mas isso só será possível, paradoxalmente, caso Israel enfraqueça
o fundamentalismo islâmico palestino.<br>
É Israel, inclusive, que tem contribuído para que o Hamas não tome a
Cisjordânia. Por cálculo político. O Fatah é esperança de retomada de
negociações de paz, algo impossível com o Hamas. Afinal, Israel
retirou-se unilateralmente de Gaza, em 2005, e o número de foguetes
lançados pelo Hamas a território israelense cresceu em número e em
abrangência.<br>
O fortalecimento do Fatah vis-à-vis o Hamas poderá ser a novidade
positiva do presente conflito. A depender do (in)sucesso militar de
Israel.<br>
O Hamas subestimou a reação israelense. Com um primeiro-ministro
enfraquecido e às vésperas de eleição parlamentar, o Hamas achou que
poderia conseguir uma vitória política como a que o Hizbollah conquistou,
recentemente, contra Israel na Guerra do Líbano.<br>
Só que Israel aprendeu com seus erros. Militarmente, a operação está
sendo bem conduzida. E os políticos, até o momento, estão unidos em torno
do interesse estratégico do país. A saber, reembaralhar as cartas de tal
modo que o Hamas não possa voltar a se armar como antes.<br>
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</font><font size=2><b>JORGE ZAVERUCHA</b>, 53, doutor em ciência
política pela Universidade de Chicago (EUA), é coordenador do Núcleo de
Estudos de Instituições Coercitivas da UFPE (Universidade Federal de
Pernambuco). É autor de "FHC, Forças Armadas e Polícia: entre o
Autoritarismo e a Democracia", entre outras obras.<br><br>
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