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<div align="right">Tribuna da Imprensa<br>
13Set 2008<br><br>
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<img src="http://www.tribuna.inf.br/images/titu_chagas.gif" width=486 height=30 alt="[]">
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</font><div align="center"><h3><b>Ex-presidentes humilhados e ofendidos
</b></h3></div>
<font face="Verdana"><b>BRASÍLIA</b> - Falar, ele fala o que quer, desde
menino. Responde pelas conseqüências, quando agride o vernáculo, mas vai
em frente. O problema é que em certos dias, exagera. Falamos do
presidente Lula. Quarta-feira, no Amazonas, disse que de 1980 a 2002
"o Brasil esteve em estado de coma, atrofiado, deitado numa cama,
sem saber quem era e para onde ia". <br><br>
Fora o general João Figueiredo, que já morreu, estão os ex-presidentes
José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso
na obrigação de reagir. De público, foram não apenas ofendidos, mas
humilhados. E  receberam dose dupla, por haverem sido agraciados com
outra virulenta referência: "Quem governou este País já tinha feito
universidade, portanto, não estava ligando para os que não fizeram."
Um formado em Sociologia, outro em Engenharia, este em Administração e
aquele em Direito. Todos com diploma, agora acusados de inação completa
no quesito educação e ensino. <br><br>
O singular nesse rosário de diatribes do Lula aos antecessores é que
nenhum deles reage. Aqui e ali Fernando Henrique escreve um artigo
defendendo-se, mas sem atacar o sucessor. Itamar, conhecido pelo estopim
curto, parece enfurnado no bunker de Juiz de Fora, onde nada chega, nem
as ofensas. Collor e Sarney, no Senado, preferem preservar a condição de
aliados e imaginar que não foram presidentes nem dispõem de um passado a
defender. Cuidam do futuro. <br><br>
A gente fica pensando se vivêssemos num país sério, onde as palavras não
voassem com o vento. Com todo o respeito, o presidente Lula já teria sido
chamado às falas. Parece que a exceção é o futebol, mas o próprio goleiro
Júlio César, único a reagir, obrigou-se a um pedido de desculpas, 
coordenado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira. <br><br>
Mesmo mantendo acesa a chama da conciliação e do  entendimento,
peculiares a quem faz política, os ex-presidentes da República não
deveriam deixar-se enxovalhar desse jeito. Só o general Figueiredo
responderia à altura,  enquadrado nos vinte e dois anos relacionados
pelo Lula, mas, como escrevemos acima, já morreu... <br>
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