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<p>Um possível pesadelo geopolítico</p>
<p>by Carlos Lessa:
<br />...
<br />"Toda profissão tem cacoetes lingüísticos. O geólogo brasileiro
<br />denomina os campos submarinos de petróleo existentes abaixo de um
<br />enorme e espesso lençol de sal de pré-sal. O geólogo ordena o mundo de
<br />baixo para cima. O sal dificulta e encarece a extração, porém preserva
<br />um óleo leve e de ótima qualidade.
<br />
<br />Fortes evidências levam a crer que há 130 milhões de anos começou o
<br />Desquite entre África e América do Sul. No meio, surgiu um lago que,
<br />crescendo, dá origem ao Atlântico Sul. O material orgânico foi
<br />sepultado debaixo do sal; posteriormente, outros elementos se
<br />depositaram. A combinação de temperatura e pressão converteu a matéria
<br />orgânica em petróleo. Movimentos tectônicos deslocaram o sal; parte do
<br />petróleo migrou para cima das "janelas" de sal.
<br />
<br />A Petrobras localizou campos submarinos nestas janelas: Namorado,
<br />Marlin, Roncador e toda uma peixaria permitiram a auto-suficiência
<br />deste combustível. O óleo dessas jazidas não é o melhor - é pesado -
<br />porém é nosso; está em nossa fronteira marítima, pertence à Petrobras,
<br />e o Brasil é líder em tecnologia e ambições em águas profundas. A
<br />Petrobras foi em frente. Perfurou ao longo do mar, desde Espírito
<br />Santo até a Bacia de Santos, em busca do pré-sal. Tudo leva a crer que
<br />existam campos no mar em uma área de até 800 quilômetros de extensão
<br />por 200 quilômetros de largura. As estimativas oscilam entre 30 e 50
<br />bilhões de barris no pré-sal - não é um delírio nacional, esta é a
<br />avaliação do Credit Suisse. Hoje temos 14 bilhões de barris provados.
<br />Com Tupi, Carioca, Júpiter e seus "compadres", chegaríamos às reservas
<br />atuais da Rússia e da Venezuela.
<br />
<br />O óleo do pré-sal é leve. O Brasil pode confiar nos geólogos,
<br />cientistas, engenheiros e tecnólogos que desenvolveremos a tecnologia
<br />para estes campos muito profundos e com espessas camadas de sal. Ao
<br />Eldorado Verde da Amazônia, descobrimos um Azul, no pré-sal; um novo
<br />Eldorado pelo brasileiro e para o brasileiro. Este é o sonho. Pode-se
<br />converter em um pesadelo.
<br />
<br />Os EUA consomem 25% do petróleo do mundo. O grande poluidor bebe,
<br />todos os anos, sete bilhões de barris. Tem reservas pequenas, apenas
<br />para quatro anos. Por isto, tem tropas na Arábia Saudita (260 bilhões
<br />de barris de reservas), e frotas navais no Oceano Índico; estimulou o
<br />conflito latente entre sunitas e xiitas, promoveu Saddam Hussein e deu
<br />fôlego a Bin Laden. Com o primeiro, alimentou o ódio ao Irã (100
<br />bilhões de barris); com o segundo, sustentou a rebelião dos afegãos
<br />contra a URSS. Após o 11 de setembro, destruiu os talibãs e, desde
<br />então, acusou o Iraque (100 bilhões de barris) de dispor de armas
<br />nucleares. Destruído Saddam, não se descobriu nenhum armamento não
<br />convencional. Transferiu, imediatamente, para o Irã a acusação de
<br />estar se nuclearizando. Os EUA mergulharam de ponta-cabeça no Oriente
<br />Médio, pois têm sede de petróleo - aliás, a China e a Índia também.
<br />
<br />Até o pré-sal brasileiro, o Novo Mundo não poderia saciar os EUA; o
<br />México já foi depredado (tinha 52 bilhões de reservas e hoje está com
<br />17). O Canadá tem muita areia betuminosa (custos extremamente elevados
<br />de extração). A Venezuela tem reservas insuficientes para a sede
<br />norte-americana. Alguns países ficaram sem petróleo: a Indonésia
<br />exportou, participou da Opep e vendeu seu óleo a US$ 3 o barril, hoje
<br />importa a US$100 o barril. O Reino Unido não é mais exportador de
<br />petróleo no Mar do Norte; bebeu e vendeu demais. Este é o pano de
<br />fundo de um possível pesadelo geopolítico. Não interessa ao Brasil que
<br />o Atlântico Sul se converta num Oriente Médio. A primeira pergunta que
<br />ocorre é: o petróleo do pré-sal é nosso? Logo depois: até quando? O
<br />neoliberalismo já promoveu nove rodadas de leilões. Com clarividência,
<br />o presidente Lula suspendeu a rodada e solicitou à ministra Chefe da
<br />Casa Civil que estudasse uma nova legislação de regulamentação da
<br />economia do petróleo.
<br />
<br />Creio que Lula anteviu um possível "Iraque" em nosso território. O
<br />presidente sabe que a Petrobras pode, técnica e financeiramente,
<br />desenvolver Tupi e outros campos do pré-sal. Sabe que não se brinca
<br />com soberania na "Amazônia azul". Nossa Marinha de Guerra precisa do
<br />submarino nuclear; nossa Aeronáutica precisa de mísseis e da Base de
<br />Alcântara, porém quem garante que não seremos acusados de belicismo?
<br />Conheço a ministra Dilma desde os tempos da Unicamp. Sei que é
<br />nacionalista e bem preparada; ela sabe que o preço do barril irá subir
<br />tendencialmente. É uma boa "aplicação financeira" manter petróleo
<br />conhecido e cubado como uma reserva estratégica; rende mais que os
<br />Títulos de Dívida Pública norte-americanos. Um fundo soberano,
<br />alimentado com uma parcela das reservas cambiais de nosso Banco
<br />Central, poderia subscrever ações e financiar a Petrobras. É mais
<br />estratégica esta "aplicação" do que apoiar o Tesouro dos EUA. Dilma
<br />sabe que a China fura poços e os mantém lacrados, preferindo beber
<br />petróleo importado em troca de suas exportações. Certamente, a
<br />regulamentação não será elevar royalties e contribuições especiais
<br />sobre o petróleo extraído do pré-sal por companhias estrangeiras.
<br />
<br />A premissa maior é reassumir a Petrobras como empresa estratégica para
<br />o futuro desenvolvimento brasileiro e escudo protetor de uma
<br />geopolítica potencialmente ameaçadora. Para tal, é necessário retirar
<br />da companhia sua medíocre missão atual: "honrar seus acionistas".
<br />Aliás, o Dr. Meirelles, com o desejado fundo soberano, poderia
<br />converter o Banco Central em "acionista", recomprando as ações que os
<br />governos liberalizantes venderam para estrangeiros. A diretoria da
<br />Petrobras, em vez de saber a cotação da ação em Wall Street , deveria
<br />estar articulada com o presidente da República, expondo ao Brasil o
<br />modo de manter o Eldorado em nossas mãos.
<br />
<br />Carlos Lessa é professor-titular de economia brasileira da UFRJ. "
<br /></p>
</blockquote>
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<br /></div>
<br /><b>------- End of Forwarded Message -------</b>
<br />
<br />
<br />Prof. Luis Paulo
<br />C.P. 2386
<br />20001-970 Rio de Janeiro, RJ
<br />
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